AS ESCOLAS DE SAMBA E AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS.
“Gostar do Carnaval trata-se de uma necessidade humana, que busca, entre outros aspectos, a liberdade. Portanto é necessário uma reflexão profunda a respeito do que queremos para o nosso Carnaval e o que podemos fazer para isso tornar realidade”
Prof. Roberto Telles
Sociólogo
O carnaval se aproxima, as quadras das Escolas cada dia mais cheias e o coração do povo batendo na frequência do ritmo das baterias com sua energia tribal. Na verdade, o samba em conjunto com as baterias tem o poder de nos inebriar causando o que podemos chamar de transe coletivo.
O ritmo do samba executado pelas baterias das agremiações, desde o início esteve profundamente relacionado à religião em sua origem, visto que o ritmo é originário do batuque africano, utilizado em cultos e rituais dos escravos. Ao ser trazido para o Brasil, o batuque foi se adaptando sem no entanto perder sua estrutura e função do compasso e a reverência aos deuses africanos.
Essa associação entre música e culto religioso foi um dos fatores que contribuiu de maneira significativa para a formação de grupos que levaram o ritmo africano às ruas, tais como os cordões, ranchos, blocos e no somatório de tudo isto, as famosas Escolas de Samba.
Os Ranchos surgiram ao final do século XIX, saiam em cortejo pelas ruas tocando instrumentos e cantando. Alguns de seus elementos foram transferidos para as Escolas de Samba, tais como o enredo, as alegorias, o casal de mestre-sala e porta-bandeira e a orquestra que foi substituída pela bateria moderna, um dos pontos altos de uma Escola, pois parece que faz com que o sangue ferva ao ritmo desta maravilha.
Inicialmente cada Escola de Samba tinha apenas a primeira parte do samba cantada em coro e as seguintes improvisadas na hora do desfile. Por isso, cada Escola de Samba podia ser reconhecida pela percussão de sua bateria, que em geral tocava para saudar um orixá especifico que regia cada agremiação carnavalesca.
O que hoje se chama quadra da Escola, antigamente era denominado de Terreiro como hoje ainda é denominado o lugar onde acontecem os cultos de Umbanda e Candomblé. As cores das Escolas de Samba foram escolhidas seguindo homenagens a santos da Igreja Católica ou às entidades da Umbanda e do Candomblé.
Assim Oxalá equivale a Nosso Senhor do Bonfim, Ogum que corresponde a S Jorge é padroeiro de diversas Escolas tais como Beija-Flor, Império Serrano, Imperatriz Leopoldinense, União da Ilha Porto da Pedra e a Grande Rio. Xangô que corresponde a São Jerônimo e São Pedro é Orixá padroeiro do Salgueiro.
Segundo consta no Carnaval de 1976, o Império Serrano com o enredo "A lenda das sereias", teve problemas na sua apresentação porque vários componentes teriam incorporado em plena Avenida. Em 1994 o mesmo teria ocorrido com a Grande Rio com o enredo "Os Santos que a África não viu".
Este ano a Mocidade Independente traz como enredo "A Parabola dos Divinos Semeadores", que mostra as origens agrícolas e agrárias do carnaval .O carro abre alas terá 14 metros , e será uma geleira onde serão utilizadas toneladas de sal grosso .Segundo o artista encarregado do enredo o sal grosso ajudará a espantar qualquer energia negativa que possa comprometer o desfile da Escola. Cabe as baianas coordenadas por Tia Nilda jogar o sal no carro e efetuar a limpeza .Segundo o carnavalesco são mulheres fortes e espiritualizadas.
Termino este texto com uma célebre frase de Graciliano Ramos:
“Se a única coisa que de o homem terá certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano”.
Graciliano Ramos
Nota:Os estandartes e bandeira pertencem as Escolas cujo Barracão pegou fogo : Portela; União da Ilha e Grande Rio
“Gostar do Carnaval trata-se de uma necessidade humana, que busca, entre outros aspectos, a liberdade. Portanto é necessário uma reflexão profunda a respeito do que queremos para o nosso Carnaval e o que podemos fazer para isso tornar realidade”
Prof. Roberto Telles
Sociólogo
O carnaval se aproxima, as quadras das Escolas cada dia mais cheias e o coração do povo batendo na frequência do ritmo das baterias com sua energia tribal. Na verdade, o samba em conjunto com as baterias tem o poder de nos inebriar causando o que podemos chamar de transe coletivo.
O ritmo do samba executado pelas baterias das agremiações, desde o início esteve profundamente relacionado à religião em sua origem, visto que o ritmo é originário do batuque africano, utilizado em cultos e rituais dos escravos. Ao ser trazido para o Brasil, o batuque foi se adaptando sem no entanto perder sua estrutura e função do compasso e a reverência aos deuses africanos.
Essa associação entre música e culto religioso foi um dos fatores que contribuiu de maneira significativa para a formação de grupos que levaram o ritmo africano às ruas, tais como os cordões, ranchos, blocos e no somatório de tudo isto, as famosas Escolas de Samba.
Os Ranchos surgiram ao final do século XIX, saiam em cortejo pelas ruas tocando instrumentos e cantando. Alguns de seus elementos foram transferidos para as Escolas de Samba, tais como o enredo, as alegorias, o casal de mestre-sala e porta-bandeira e a orquestra que foi substituída pela bateria moderna, um dos pontos altos de uma Escola, pois parece que faz com que o sangue ferva ao ritmo desta maravilha.
Inicialmente cada Escola de Samba tinha apenas a primeira parte do samba cantada em coro e as seguintes improvisadas na hora do desfile. Por isso, cada Escola de Samba podia ser reconhecida pela percussão de sua bateria, que em geral tocava para saudar um orixá especifico que regia cada agremiação carnavalesca.
O que hoje se chama quadra da Escola, antigamente era denominado de Terreiro como hoje ainda é denominado o lugar onde acontecem os cultos de Umbanda e Candomblé. As cores das Escolas de Samba foram escolhidas seguindo homenagens a santos da Igreja Católica ou às entidades da Umbanda e do Candomblé.
Assim Oxalá equivale a Nosso Senhor do Bonfim, Ogum que corresponde a S Jorge é padroeiro de diversas Escolas tais como Beija-Flor, Império Serrano, Imperatriz Leopoldinense, União da Ilha Porto da Pedra e a Grande Rio. Xangô que corresponde a São Jerônimo e São Pedro é Orixá padroeiro do Salgueiro.
Segundo consta no Carnaval de 1976, o Império Serrano com o enredo "A lenda das sereias", teve problemas na sua apresentação porque vários componentes teriam incorporado em plena Avenida. Em 1994 o mesmo teria ocorrido com a Grande Rio com o enredo "Os Santos que a África não viu".
Este ano a Mocidade Independente traz como enredo "A Parabola dos Divinos Semeadores", que mostra as origens agrícolas e agrárias do carnaval .O carro abre alas terá 14 metros , e será uma geleira onde serão utilizadas toneladas de sal grosso .Segundo o artista encarregado do enredo o sal grosso ajudará a espantar qualquer energia negativa que possa comprometer o desfile da Escola. Cabe as baianas coordenadas por Tia Nilda jogar o sal no carro e efetuar a limpeza .Segundo o carnavalesco são mulheres fortes e espiritualizadas.
Termino este texto com uma célebre frase de Graciliano Ramos:
“Se a única coisa que de o homem terá certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano”.
Graciliano Ramos
Nota:Os estandartes e bandeira pertencem as Escolas cujo Barracão pegou fogo : Portela; União da Ilha e Grande Rio