O Sertão Virou Mar
Já falei aqui sobre “O Lago de Itaparica”, quando descrevi a beleza do pôr-do-sol, visto de quem desce a serra de Tacarutu no sentido de Petrolândia. Falei também de sua grandiosidade, comparando o volume de água que é maior do que o da baía de Guanabara, com cerca de 12 bilhões de metros cúbicos, abrangendo uma área de 834 quilômetros quadrados. Um verdadeiro mar em pleno sertão do São Francisco.
Já dizia Antônio Conselheiro, o principal personagem de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que “o sertão vai virar mar”. E virou mesmo. Já em 1955, quando foi inaugurada a primeira usina hidrelétrica de Paulo Afonso, Luiz Gonzaga dizia, numa de suas músicas: “vejo o Nordeste erguendo a bandeira de Ordem e Progresso à nação brasileira; vejo a indústria gerando riqueza, findando a seca, salvando a pobreza; ouço a usina, feliz mensageira, dizendo na força da cachoeira: o Brasil vai, o Brasil vai, vai vai...”
E de lá para cá muitas outras barragens foram construídas com o objetivo de aumentar o potencial energético do Nordeste. E, a de Petrolândia, que homenageou o Rei do Baião, dando-lhe seu nome, gerou esse mar que desperta a curiosidade de qualquer visitante.
Para sentir um pouco de sua beleza, é preciso fazer um passeio de barco, apreciando as suas inúmeras ilhas que se formaram ao longo do curso, onde garças fazem seu belo pouso e pássaros mergulhões se atiram nas águas em busca de seu peixe.
Se, por algum motivo, em nome do progresso, a barragem alterou o ecossistema, a natureza se encarregou de fazer as suas correções, e o mar de lá já produz muita riqueza para os nossos irmãos nordestinos. A piscicultura, aliada à agricultura irrigada, não só produz para o consumo local, mas em grande escala para a exportação. Que venham outros mares para o nosso sertão.