XV – QUE AMOR?

“A sociedade humana jamais teve a preocupação sócio-econômica e política com vista à abertura de espaços para todos. Os sistemas sócio políticos que se propunham a salvar o mundo, findaram nos anseios e interesses de um grupo, à revelia da grande maioria – aí a história que o comprova”.

Existirá, em nossos dias, real interesse na solução do aflitivo e angustiante quadro por que passa nosso País? Não será a frita que se levanta apenas o matraquear de apelos individuais, indiferentes à situação mais substancial e profunda da Nação? Não se estará apenas interessado em minimizar os próprios problemas e dificuldades, ainda que a custo do agravamento da situação nessa grande Nau que se movimenta sob pesadas tempestades?

Qual o esforço individual, qual a cota de sacrifícios que estamos dispostos a empreender, para que o País tenha seus problemas solucionados pacificamente sem o degradante estender a bandeja aos irmãos vizinhos? – Que tipo de amor desenvolvemos em nós pelo próximo? – Se não amamos o País que nos é berço e nos será túmulo – a esta tão bela e jovem Pátria, cheia de esperanças, riquezas e aspirações para o futuro, que é do nosso amor – não seria apenas retalhos mal cosidos do interesse individual!?

Irmãos, sem querermos ser demasiados realistas – as hienas e os chacais, os lobos e os abutres vivem do repasto de formas que já regurgitaram de vida – e nós, os homens, que nos afirmamos filhos mais próximos de Deus – que tratamento damos aos seus interesses, consubstanciado no amparo e proteção – “Aquela” que é nosso berço natal e que, do nosso povo, é abrigo e guarida coletiva?

O País inclina-se perigosamente sobre o abismo do descrédito – do tornar-se sem responsabilidade perante às irmãs mais idosas da comunidade mundial. Não estaremos, cada um, a pensar exclusivamente nos problemas que nos afetam de modo particular? Onde as cotas de sacrifícios vistos até agora, partindo do seio da comunidade para benefício geral da Nação? – A verdade mais triste e dolorosa é que, nas entranhas do seu próprio Ser, seus filhos, que dizemos muito amá-la talvez nos preocupemos como os problemas dela, porque nos fornece o pão da vida, bem estar e segurança.

Que triste paródia: Roma erguida sobre os ombros dos que se alimentaram com leite de loba; nós, de modo inverso, talvez após havermos sorvido sua seiva sagrada e estejamos afundando irremediavelmente.

Que braço se levanta, que peito clama e chora pelos albores de uma nova Pátria? – Liberdade! Liberdade! trazes de volta nossos heróis. Tiradentes, que foi feito do teu sangue que engrandeceu e fez resplandecer as terras de Minas? – Cabral, a quem pensaste transferir tão precioso legado? – Andrada! Andrada!, desde a luta por nova alforria!

– Porque nós, os mais infelizes dos brasileiros, não temos amor à nossa Pátria. Amamos sim: seus tesouros, suas riquezas e belezas que nos foram legadas por vossas lutas, perseveranças, determinações e sofrimentos. Nós, os mais miseráveis dos seres, não somos capazes de sofrer por quem tanto nos dá e falsamente afirmamos amar; tristes seres somos nós – constituímos uma Pátria acabrunhada e enferma – o berço esplêndido do gozo passageiro – somos dentre todos que honraram seu nome os mias vis dos desgraçados – que da impudície e do erro renegamos o alvor de uma Pátria alegre, feliz e farta para todos.

Oh! Pendão maravilhoso e belo da esperança nos dias de Paz e redenção, dos auríferos rincões de nossa terra querida – da comunhão celestial com o Cristo, que a brisa do Brasil beija e balança solta-se ao vento e vai querido amigo, transportando tua cinta branca da paz, a outras romagens de esperança, plantar as mesmas sementes em corações que te amem mais que nós – Foge rápido à nossa vista, esconde-te nas profundezas dos nossos mares, para não seres testemunha atraiçoada de teus interesses profanados.

Oh! terríveis pergaminhos brancos – que te ferreteiam e empobrecem teus filhos; rolos de fumo negro do interesse inferior te sufoca e com sangue tisna as brumas azuis de nossos mares.

Pátria Amada! Pátria Amada! quando serás idolatrada e respeitada por teus filhos! Pobre mãe que chora seus modernos filhos escravos de pobreza miserável – tuas lágrimas transbordam o Amazonas – teu soluço ecoa no outro lado do mundo.

Dias novos, porém, surgirão; teu peito parará de estremecer e porvir de glórias brilhará de novo em teu pendão – pois Sublime Luz bem do alto já te ilumina – se por Ti pouco fazemos os homens, há contudo, maravilhosa coroa de espinhos que te ampara e protege o luminescente porvir.

Em teu seio, ó Liberdade,

Desafia nosso peito a própria morte!

Pimentel, Luís

Pátria do Amor. São Luís, SIOGE, 1984

... p. 76

1. Evangelhos – Mensagens sociais.

2. Mensagens espirituais. I. Título.

CDD: 225

CDU: 226:248.1

Este livro foi impresso no Sistema de Obras Gráficas do Estado – SIOGE

Composição - Emanoel Curcino

Diagramação - Alzegira e Dilane

Revisão - Maria José Vale

Fotolitagem - José Ribamar Passos

Impressão - Wilson Martins

Acabamento - Francisca Souza

Capa: Messias Oliveira.

A venda deste livro beneficia a Escola Espírita Maria de Nazareth para crianças pobres – Loc. Na Ponta do Bonfim.

- Órgão do Instituto Piscobiológico Bezerra e Fundação Espírita Bezerra de Menezes - Cx. Postal 471 – CEP.: 65.000 São Luís – MA.

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 21/02/2011
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