Santa Clara e Sarney

Santa Clara e Sarney

Após trinta dias ausentes (férias forçadas), voltamos ao nosso contato semanal com nosso público leitor, com a aquiescência da direção deste jornal. Como sempre acontece no Brasil, fatos que nos inspirem a escrever, não faltam , mesmo que sejamos obrigados a usar da acidez verbal para desmistificar o que alguns insistem em achar que o Brasil está uma maravilha e que tudo de bom que nos está acontecendo, deve-se ao Lula e a sua trope. Ao escrever, procuramos ser fiel às nossas convicções e sem a preocupação de querer agradar a todos, pois também sabemos ser impossível, mas, se a verdade interessa a todos, é bom que não esqueçamos que, apesar do alarido do PT, a escola pública vai de mal a pior e com exíguas chances de recuperação, pelo andar da carruagem; que a segurança pública parece mais um espantalho – existe na estrutura de poder, porém muito mais para amedrontar do que para oferecer segurança aos que a sustentam; que o caos instalado na saúde pública é fato comprovado, diariamente, nos corredores dos hospitais; que a Previdência Social continua sob suspeita quanto a sua falência – Ministro declara que ela está falida, senador Paim (PT) diz o contrário, mas os poderosos e honoráveis congressistas brasileiros nada dizem e nada fazem para que o sofrido povo brasileiro seja esclarecido sobre a endiabrada, a satânica e indomada força que há décadas suga, subtrai e míngua a cada ano, a combalida Previdência Social brasileira. Mas... D. Dilma está aí, Dr. Sarney também. Pelo passado de ambos, a história apenas irá se repetir e “nada de novo que possa provocar nossa alegria”, irá nos acontecer. Restam-nos duas alternativas, com pouquíssimas probabilidades de acontecerem: a primeira delas é rezarmos para Santa Clara para que ela nos ajude a desencantar um novo líder nacional que nos guie pelos caminhos da honradez sem pactuar com a corja dominante; que ilumine nossos caminhos democráticos e que neles prevaleçam a dignidade, a sabedoria, a concórdia, a ternura, o respeito à cidadania e aos ditames republicanos; a segunda, é torcermos para que o cacique timbira enlouqueça de vez, dê uma de machão e determine aos seus vassalos congressistas que derrubem o veto do Lula ao fator previdenciário (se ainda houver tempo), acontecido no final de seu governo. A derrubada teria um significativo histórico para a democracia brasileira: o fim da era Lula e a aposentadoria do Cacique. Assim como Collor, ambos passariam para a história como rios que cruzaram nosso espaço, que provocaram desastres, que deixaram seqüelas, mas, felizmente, removíveis. Como é provável que nenhuma das hipóteses aconteça, resta-nos esperar que tudo se processe como desde antes tem acontecido na história deste país – protesta-se, indigna-se, revolta-se e nada muda, nada acontece que possa nos convencer de que nossa cidadania se desenvolve sem medo e sem traumas.

Rui Azevedo-Professor

05.02.2011

Para publicação na coluna OPNIÃO do jornal Diário do Povo - Teresina-PI

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 04/02/2011
Código do texto: T2772673