TREINAMENTO

Todos temos algum amigo que gosta muito de futebol. Eu tenho um, que como outros, arrisca-se a ser técnico. Curiosamente, ele faz uma nítida distinção entre ser técnico de futebol e treinador de jogador. Segundo ele, o técnico é estrategista, arma o time, organiza as posições enquanto o treinador faz os jogadores repetirem jogadas, cobranças de faltas, escanteios e pênaltis até chegarem ao nível exigido para vencer um adversário.

A comparação do futebol com outras atividades é flagrante. A aproximação da copa do mundo despertou mais ainda a necessidade de treinar pessoas em todas as áreas de atendimento. O que antes era feito apenas em grandes empresas, hoje se capilarisa por todas as pequenas atividades. Até o governo parece despertar de seu torpor e querer corrigir as falhas do ensino fundamental que não traze em seu currículo doutrinas tão básicas para a boa convivência.

O Ministério do Turismo firmou um convênio com a ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) para treinamento de pessoal do setor de alimentação fora do lar. O governo está descobrindo no terceiro setor um meio de chegar onde normalmente não chega. Não existe uma única cidade no interior do Brasil, nem bairro em periferia de grandes cidades que não tenham bar e restaurante. Mais capilaridade que neste setor, não há.

Ao formar gestores, manipuladores, e atendentes, a ABRASEL não está fazendo favor nenhum à sociedade. Está sim, se mostrando inteligente ao conseguir fazer com que o governo desperte para a realidade e, mesmo tardiamente, transforme os restaurantes em postos de venda de saúde. O treinamento dado a manipuladores de alimentos em restaurantes acaba se refletindo também no preparo de comidas em casa. Assim, diminuirá o número de pessoas atingidas por intoxicação e infecção por alimentos que é tão grande que o próprio governo tem vergonha de divulgar.

Ao tratar estratégias deste tipo de treinamento, o governo está investindo em saúde para poupar em atendimento a doentes. O advento da Copa do Mundo está servindo de motivo para arrumar a casa para que todos nós possamos comer e viver melhor. Ao querer fazer bonito para a maior ONG mundial – a FIFA – o Brasil estará deixando um legado positivo para seu próprio povo e para os turistas que, com certeza, virão em maior número após a copa.

Voltando a nossa comparação com o futebol, se o governo for o técnico, organizações como a ABRASEL serão ótimos treinadores. O Brasil agradece.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

lauschneram@hotmail.com