TEMPLO

Do latim templu, Lugar misterioso e respeitável. Recordação eterna das ações memoráveis. (Dicionário Aurélio, Sec XXI)

Está em nós! Dentro de nós...

É por isso, aliás, o título Templo - não exatamente Igreja. Por sua conotação venerável. É mais adequado o termo, para a nobreza daquilo que existe dentro de nós, antes de em qualquer outro lugar - mas que ainda passa despercebido de muitos.

Não pretendo aqui desmerecer qualquer local estabelecido para o culto do sagrado, senão apenas que enfatizar a existência do sagrado, preliminarmente, no nosso íntimo - não, e nunca, importando o local externo onde estejamos.

Uma das maiores verdades pronunciadas é a assertiva de que onde o nosso coração se encontra, é exatamente lá onde nos achamos. Pois tal realidade é a confirmação prática - o retrato fiel do estado do nosso verdadeiro Templo interno. Porque muitas vezes se afirma - e é certo - que, se em seiscentas vezes que estejamos nalgum templo religioso, os nossos pensamentos e coração ali não estiverem - desviados para preocupações e pensamentos outros, atinentes ao cotidiano, ou a quaisquer outros atrativos - seiscentas vezes perderemos o nosso tempo, e nos iludiremos a respeito de nós mesmos julgando, erroneamente, que o fato puro e simples de nos situarmos apenas de corpo em mera instituição onde se realizam ritos externos de qualquer espécie nos aproximará, de fato, de Deus.

Associo mais a prece à Natureza, ao campo, e à espontaneidade. Nossas meditações dirigidas ao Supremo ecoarão muito mais próximas dEle, se pronunciadas com a sinceridade intensa do coração e da alma, em cada expressão e sentimento, quando num momento solitário diante da majestade inspiradora das montanhas ou dos mares - do que em qualquer outra ocasião em que, muitas vezes enfadados, e irresistivelmente preocupados com outros fatores da vida, nos obrigarmos, por mera convenção, a nos situarmos, em momento impróprio e não condizente com nossas condições psicológicas, físicas ou emocionais, dentro de locais onde as palavras alheias nada mais nos inspiram do que tédio e o impulso incontrolável de bocejar, ou de prestar atenção na cor do cabelo da mulher sentada à nossa frente.

Lugar misterioso e respeitável. Recordação eterna das ações memoráveis.

Serão os nossos templos de pedra lugares genuinamente misteriosos e respeitáveis? E dali, dos que os administram e dos que os freqüentam, se guardarão de fato, e eternamente, ações memoráveis?! Porque irrefutavelmente o que valida tudo isso é a atitude humana - fora dos templos, antes que dentro deles - e de nada adiantará tentar iludirmo-nos a respeito de nós mesmos!

É chegada um época em que, dada a transparência de tudo, em todos e em todas as situações, devemos refletir seriamente sobre a veracidade do nosso Templo interno - o único que de fato importa e que, de si, valida todos os demais templos exteriores. Porque é a partir do nosso estado íntimo, refletido em cada passo e em cada iniciativa nossa no dia-a-dia - nas menores quanto nas maiores coisas - que criaremos e freqüentaremos, eventualmente, e com a devida autenticidade ou falsidade, os templos exteriores de quaisquer procedências ou de quaisquer expressões religiosas.

O que honra o templo de pedra, construção humana, é, e será sempre, o Templo íntimo de cada um. No dia em que esta verdade for plenamente compreendida e realizada em nós mesmos, saberemos que tanto faz estarmos no campo ou nas cidades, ou em nossas casas - tanto fará elevarmos nossas preces nos templos batistas ou budistas - porque então Deus estará, de fato, o mais próximo possível - Vivo, dentro de nós! E tudo mais será mera circunstância.

Chegados estes tempos, o homem saberá, de fato, que está na Presença de Deus; mas de uma forma consciente e desperta! E enfim teremos os nossos dias transmudados no autêntico Paraíso! - Aqui, ou onde que que estejamos...porque carregaremos o nosso Paraíso dentro de nós.



Com amor, 






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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 29/10/2006
Reeditado em 29/10/2006
Código do texto: T276736
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