Obrigado CEA, por ter-nos proporcionado um 2010 à luz de velas!
Promessa é dívida! Eu prometi que iria usar este espaço em todas as edições para agradecer a CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá) por ter-nos proporcionado jantares à luz de velas! Nada mais justo e coerente do que realizar um grande agradecimento em forma de retrospectiva de fim de ano! Em 2010 a estatal se superou, pois ela conseguiu nos prestigiar com um ano inteiro de trevas. Mesmo nas noites em que não fomos privilegiados com os racionamentos programados, mantivemos a sensação de que a qualquer momento as luzes iriam se apagar e que teríamos que correr para as calçadas para contemplar a beleza dos céus. Ainda bem que o nosso céu não é gerenciado pela CEA!
Adoraria manter esse texto numa linha que mistura o romantismo com a ironia numa justa homenagem ao que os governantes, especialmente o governador Pedro Paulo, prometeu durante este ano aos consumidores da CEA do Vale do Jari, mas o assunto necessita de uma abordagem mais realista.
A CEA é uma vergonha para a população do Estado amapaense, especialmente para os consumidores dos municípios do interior, incluindo, evidentemente aqueles que integram o Vale do Jari. Segundo seus representantes, a empresa arrecada em Laranjal do Jari entre 500 e 600 mil mês e gasta cerca de 3 milhões. O déficit não é ainda maior porque o governo federal subsidia parte do combustível utilizado. Como se não bastasse, o ex-governador Waldez Góes criou um programa, do qual se enche de orgulho, denominado “Luz para Viver Melhor”, que paga a conta de cerca de 4 mil famílias no Vale do Jari, segundo dados do próprio governo.
A CEA é uma empresa que mantém os caprichos paternalistas dos governantes. Há fortes indícios de que ela atenda ao aparelhamento dos seus gestores e no período de eleições flexibilize as suas ações para favorecê-los diretamente. Há também especulações de que grandes empresários da nossa região sejam beneficiados pelas “benesses” da estatal. Os que estão à frente da empresa se negam a discutir assuntos tão polêmicos, aumentando ainda mais para as nossas dúvidas.
Apesar das dificuldades financeiras, a CEA tem agido desleixadamente nas suas arrecadações. Em Laranjal, há várias residências que não tem medidores. Há também inúmeros consumidores que furtam a energia da companhia através de gatos. Alguém que furta a energia da rede de abastecimento construindo “gatos” em sua residência, não tem direito moral, ético e legal para reclamar da CEA. O pior que são os que mais reclamam!
O pior ainda é saber que algumas dessas ligações clandestinas são feitas a pedido de servidores públicos do próprio Estado e que algumas delas contaram com a participação ou conivência de funcionários da própria empresa. Cabe à estatal fazer uma fiscalização severa em todas as residências para averiguar a situação. O novo governador, Camilo Capiberibe, terá total autonomia e uma excelente oportunidade para exigir essa medida, pois será uma forma de aumentar a arrecadação da empresa e, sobretudo, de fazer justiça aos consumidores honestos que são penalizados com os constantes blecautes. Os honestos não precisam ser tão românticos ao ponto de perpetuarem os jantares à luz de velas! Missão cumprida: a CEA nos garantiu um ano de escuridão e eu retribuo em agradecimentos!