Debates sem molho
O cenário do circo
Os “debates” dos candidatos aos cargos majoritários, apenas evidenciam a certeza que já identificamos nos últimos 10 pleitos: estamos diante de uma encenação (um big bobo político) para confundir os desinformados que não tiveram oportunidades de obter cultura para perceberem o que acontece à nossa volta.
Os tais “debates” perdem a essência a partir do instante que deixam de ser autênticos, em função de acordos firmados nos bastidores entre os organizadores das campanhas eleitorais de cada candidato. Entre as medidas demagógicas combinadas, podemos evidenciar as seguintes:
a) a forma “educadinha” de dirigir-se ao oponente torna o diálogo engessado, frio. Não desejamos assistir ofensas de baixo calão nem acusações de roubos entre eles. Mas esperamos observar perguntas espontâneas, fora do roteiro combinado para que nenhum seja apanhado numa “saia justa”.
b) Proibição de uso de material escrito para consulta. Ora, a forma de se pegar o oponente em contradições, é justamente confrontar o que ele promete contra o que ele fez e ficou registrado na imprensa ou num D.O. da esfera em que ele atuou no passado.
c) Tempos mínimos para perguntas, respostas, réplicas e tréplicas. Com o tempo exíguo, não dá para o inquiridor montar a base de raciocínio que o leva a formular a pergunta em pauta. Quando o orador está chegando ao auge de sua indignação (será ensaiada?) o mediador anuncia que o tempo acabou.
Quando a tv bobo anunciou que pessoas do povo iriam participar do último debate para realizar perguntas aos candidatos, até tivemos esperanças de que algo novo iria acontecer para acabar com marasmo que tais “debates” criaram nas últimas campanhas. Ledo engano. Colocaram 80 “figurantes” sentados num picadeiro e “selecionaram” 12 perguntas para serem sorteadas entre os adversários (?) políticos. Certamente as perguntas contundentes sobre medidas que prejudicaram o povo em passado recente foram descartadas.
Talvez pela certeza de que jamais eles respondem objetivamente ao que se pergunta. As respostas começam sempre com frases padronizadas, do tipo:
“- Em 19xx, meu oponente investiu X bilhões na área (qq). Mas nós vamos investir XX bilhões e cuidar para que a sociedade possa desfrutar ... blá blá”.
Apenas terminamos na certeza de que os desvios, a corrupção e os aumentos de impostos continuarão maiores do que o desemprego, a falta de saneamento, filas nas escolas e hospitais, segurança pública.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – out/2006
Autor do livro: BRINQUE E CRESÇA FELIZ!
Referendo de sucesso será o que permitir expurgo no Congresso!