OS HOMENS, ESSES DEUSES, ESSES LOUCOS

No princípio, os homens habitavam o paraíso;

Viviam livres,

Viviam fartos,

Viviam felizes, desfrutando da companhia de anjos e profetas... Porém, orgulhosos da sua condição, tornaram-se prepotentes e resolveram desprezar os seus divinos protetores e a perseguir aos seus profetas.

Aí, mais tarde, arrependendo-se do que fizeram e tentando recuperarem o paraíso que se desfez, edificaram templos, construíram santuários, esculpiram imagens, promovendo diversos cultos e devoções e passaram-se a denominar de religiosos, fiéis adoradores dos anjos e dos desaparecidos profetas.

Sim, no princípio, os homens habitavam o paraíso;

eram livres,

eram fartos,

eram felizes, convivendo com a Mãe Natureza... Porém, orgulhosos do seu poder, tornaram-se prepotentes e resolveram afugentar os pássaros, a devastar as florestas, a poluir as águas e o ar, a exterminar o meio-ambiente, sua fauna e sua flora.

Aí, mais tarde, arrependendo-se do que fizeram e tentando recuperarem o paraíso que se desfez, criaram as Reservas, os Parques, os Museus Ecológicos, e passaram-se a denominar de ecologistas, preservacionistas, amantes da natureza.

Mas no princípio, os homens habitavam o paraíso;

estavam livres,

estavam fartos,

estavam felizes, vivendo todos como se fosse uma só família... Porém, orgulhosos da sua situação, tornaram-se prepotentes, ambiciosos e decidiram repartir os espaços, repartir os campos, repartir os rios, os lagos, os mares, repartir a terra, o mundo, e a se dividirem em grupos, tribos, seitas, partidos, nacionalidades, o que fez surgirem as diferenças, os confrontos, os conflitos, as guerras; o que fez inventarem uma bomba capaz de destruir o planeta.

Aí, depois, arrependendo-se do que fizeram, formaram uma grande organização com objetivo de se buscar um meio para restabelecer a perdida harmonia. Em seguida, soltando uma pomba branca simbolizando aquele ato, passaram a se denominar de pacifistas, amantes da paz.

Contudo, agora, infelizmente, era tarde demais: tudo já se acabara, nem a pobre da pomba sobreviveu. Recuperar o paraíso jamais.