FANTASIA SEXUAL
De quando em vez se ouvem falar em “fantasias sexuais”; logo se associa ao proibido ou ao inusitado, pois como o próprio termo traduz, refere-se às fábulas ligadas ao ato sexual. Alguns se imaginam durante o enlaço do sexo com policiais, enfermeiras, médicos, mecânicos, enfim; se cria um estereotipo de que estamos sempre afastados, definitivamente, de pessoas ou coisas que até enxergamos no cotidiano, mas que não nos é permitido empregar. Isso se chama Fetiche!
Muitos dos contos que temos acesso os homens falam de suas experiências com babás e empregadas domésticas, como se elas não fossem tão mulher quanto outras. Mulheres por sua vez escrevem; muitas vezes anônimas, sobre suas ilusões com o operário da obra próxima de sua casa, com o policial fardado e em muitos casos com sacerdotes, mas somente aqueles que utilizam paramentos. Da mesma forma que as mulheres, os homens que povoam as ilusões femininas são simplesmente homens, da mesma forma que eu ou da mesma forma que os maridos, namorados, noivos e amigos destas donzelas no cio!
Textos antigos relatam que as mulheres de Roma, na época da antiguidade, sonhavam por fazerem amor com os Césares, mas não se tratava de fantasias eróticas. Na Roma antiga as classes eram diferentes como as de hoje; ou se era muito rico e se tinha acesso aos palácios (muito raro e escasso), ou se era paupérrimo, com poucas, ou nenhuma chance de crescer na vida; por isso é que as mulheres sonham com a atração sensual com os imperadores. Muitas acreditavam que tais devaneios poderiam ajudá-las a chegarem mais próximo do poder.
No meu ponto de vista a fantasia sexual é uma estrada com uma bifurcação; há os que fantasiam e fazem seus parceiros participarem ativamente, como por exemplo, a esposa que se veste com cinta liga e ornamentos incomuns, como chicotes falsos e algemas, apenas para organizar festas para seu parceiro; ou ainda os homens criativos que se permitem inovar, apenas para satisfazerem suas idolatradas amantes. Este conjunto de pessoas está em menor número, pelo menos é o que podemos perceber pelos relatos mais sinceros que se colhe na internet, mas eles estão na mesma trilha da fantasia, apenas divididos por um estreito canteiro que os separam dos outros.
Mas então quem são os outros? Há os que fingem durante o sexo; estes são os que fantasiam em silêncio e muitas vezes é o único subterfúgio para uma permanência mais longínqua de seus consórcios matrimoniais.
Há muito tempo, quando a civilização não contava com os tantos avanços de hoje, os relacionamentos eram “arranjados”; podemos dizer que isso ainda exista, mas não mais como até pouco tempo. O casamento é uma união de interesses e o amor, na mais alta acepção do termo, pouco ou nada; era permitido até meados do Século XX. As famílias encomendavam os casamentos, para que os méritos materiais ficassem intactos e pudessem proliferar dentro de uma preeminência familiar. As moças de 12 anos em diante (média de idade que eu consegui pesquisar), na maior parte do planeta, até a década de 50, já sabiam com quem iriam casar. Era comum que jovens de menos de 18 anos tivessem que se casar com senhores de 60. Imaginem uma mulher começando a descobrir os prazeres da carne e ter que casar com alguém que já começava a não mais regular a libido?
Particularmente falando, eu conheço um caso de uma jovem de 18 que criou interesse em casar-se, e conseguiu, com um senhor de 80. Segundo ela, que hoje já está com mais de 60, era preciso imaginar muito, sonhar, fantasiar, para conseguir suportar a convivência. Eu não tenho medo de errar em afirmar que tal fato tratou-se de “golpe do baú”, mas ainda que não fosse; a diferença em todos os sentidos é algo desconexo. Para ele, o senhor de 80, a fantasia era real, mas pare ela, duvido muito que a maioria de seus momentos íntimos tenha sido pelo menos razoável!
Muitos homens percorrem a vereda da fantasia misteriosa; alguns freqüentam boates onde as mulheres se despem entre danças e envolvimentos sensuais e mesmo que a maioria não consiga desfrutar da intimidade mais ampla com estas mulheres, é fato que eles levam consigo uma imagem para seus outros momentos, sejam com suas parceiras, seja em plena solidão.
Como a nossa cultura de modo geral protege o homem quando o tema é sexo, muito mais por uma questão machista e preconceituosa, as mulheres vivem mais as fantasias, em silêncio absoluto. Elas se preparam para o momento com seus amados, que muitas vezes nem são tão amados assim, mas estão com o pensamento em outras cenas; tudo isso para conseguirem desfrutar um pouco mais da intimidade. Não é raro ler relatos de mulheres que afirmam estarem casadas há anos e que nunca tiveram êxito pleno do ato sexual em seus maridos; se elas não fantasiarem naquele momento para atingirem o êxtase, com certeza o farão sozinhas noutra ocasião; é a regra!
Falar deste tema abertamente; como o faço agora, é algo inusitado, porque se observa mais julgamentos do que comentários. Jargões e termos ainda precisam ser medidos antes de serem publicados; isso se dá, infelizmente, porque há o preconceito generalizado de quem escreve sobre o sexo desbrava o interdito, o proibido, o tabu; mas se faz necessário comentar, seja pela ótica científica, seja pelo lado médico; pessoas presas a dogmas falidos que não condizem com a realidade de nosso tempo tende a sofrer em silêncio e a gerar confusões familiares. É preciso que homens e mulheres se permitam comentar sobre seus desejos, mesmo os mais secretos, para que se tome uma atitude clara de haver compreensão mútua.
Os desejos sexuais que se traduzem em fantasias, quando não são amplamente discutidos podem gerar até crimes e os crimes sexuais, na maior parte dos tipificados, são hediondos e causam distúrbios seriíssimos para o convívio social. Em meus tempos de mero postulante aos estudos legais, conversei com um prisioneiro condenado a 30 anos de prisão por estupros cometidos ao longo de anos. Ele me disse, dentre outras coisas, que sempre nutriu a vontade de se relacionar intimamente com pessoas de uma determinada raça, mas que sempre ouviu negativas das pretensas conquistadas. Mesmo casado e com filhos, ele saía à noite e forçava mulheres a fazer sexo consigo. Eu perguntei-lhe porque ele não buscou as profissionais com as características desejadas e ele me disse que havia buscado, mas que era mais prazeroso quando ele escolhia suas vítimas, isso porque, na cabeça dele, mulheres escolhidas eram como se fossem conquistas naturais.
Com relação ao criminoso, ele revelou que quando se casou foi por mera pressão familiar; isso porque a sua esposa não pertencia ao grupo da raça que ele sempre desejou, mas precisou manter uma aparência normalista perante as pessoas de sua cidade pequena. Nota-se claramente que o termo “aparência”, que está relacionado à exterioridade e aspecto, também está conexo com as fantasias.
Possuir fantasias sexuais isoladas é em primeiro grau uma ocorrência simples, mas quando passamos a observá-las de modo mais conclusivo é hora de se acender a luz amarela da advertência. Permanecer meses, talvez anos, fazendo uso contínuo de desejos sexuais que se manifestam em fantasias pode gerar um distúrbio psicológico podendo chegar a uma compulsão que o levará obviamente ao estudo psiquiátrico.
As pessoas de modo geral precisam externar seus desejos mais íntimos, seja para adequação do par que pode estar sendo usado para um bem incomum, seja para absolvição pessoal da responsabilidade, que num primeiro ato pode ser visto como defeito. Ninguém consegue esconder por muito tempo aquilo que sente, portanto, se você se enxerga compulsivo, necessita expor seus problemas para ao menos um profissional que acompanhará a desenvoltura desta propagação descomunal de volição.
Uma coisa é habituar-se a beber diariamente uma xícara de chá de camomila; outra coisa completamente diferente é beber várias xícaras de chá de boldo imaginando ser camomila. Talvez o desejo sexual alimentado pela fantasia não seja a mais completa tradução do pornográfico, isso se ocorrer de forma branda e isolada, mas se o sistema mental somente aponta para este caminho, cuidado; podemos estar diante de sinais de convulsão!
Pessoas renomadas no campo psiquiátrico, como o inglês Dennis Friedman; o mesmo que afirma que bebês criados por babás se tornam em geral mulherengos; acreditam piamente que as fantasias sexuais são meramente compreensíveis e normais, até certo ponto do uso. Pela teoria de Friedman a fixação masculina em ter, por exemplo, duas mulheres ao mesmo tempo; se traduz pelo tipo de criação que ele teve na infância, tais como a exposição de partes íntimas de algumas mulheres de seu convívio. Pode parecer louco? Sim! Mas para quem estuda o comportamento humano, principalmente pelas faculdades intelectuais, uma coisa se relaciona com outra quase sempre!
A vida inteira a maioria de nós ficamos acostumados à proteção; o ser humano é o animal que mais necessita da proteção de outro. Em geral levamos em média 23 anos para nos considerar capazes completamente de gerir nossas vida e isso tem um peso enorme naquilo que nos tornaremos mais tarde; e um dos fatores que contribui para a fixação sexual é a família. Membros de um grupo familiar, sem querer podem gerar ocasiões em que as crianças fixam uma idéia errônea do que é sexo e porque que ele é útil numa sociedade.
Friedman diz ainda, que a fixação do afeto por duas mulheres na infância estimula a manifestação dos desejos dos bebês, quando adultos, pela vida dupla, fazendo com que eles tenham mais dificuldade em se relacionar com uma única pessoa. É na primeira parte da infância que costumamos guardar as memórias dos comportamentos; nas etapas seguintes apenas desenvolvemos outros sensores que poderão nos fazer colocar ou não em prática algumas atitudes.
Na criminologia antiga Cesare Lombroso assustou o mundo com suas teorias; Lombroso apontava as seguntes características corporais do homem delinqüente: protuberância occipital, óbitas grandes, testa fugida, arcos superciliares excessivos, zigomas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente longos, mãos grandes, anomalias dos órgãos sexuais, orelhas grandes e separadas, polidactia. As características anímicas, segundo o autor, são: insensibilidade à dor, tendência a tatuagem, cinismo, vaidade, crueldade, falta de senso moral, preguiça excessiva e o caráter impulsivo.
No que podemos enxergar de criminologia moderna, parte das afirmações de Lombroso se encaixam nos perfis de quem por compulsão fantasia na hora do sexo, ressalvando é claro, os casos de apenas mera coincidência.
Mas então até que ponto é gostoso fantasiar na hora do sexo? – De preferência sempre que o seu parceiro também participar e gostar e jamais por uma necessidade de esconder o seu verdadeiro “eu”, ou o seu caráter. Mesmo durante um ato sexual as pessoas devem ser verdadeiras, pois somente assim é que conseguimentos entender que a fantasia sexual é um mero instrumento complementar de seu carinho. Qualquer outro subterfúgio pode ser perigoso, podendo gerar desde um simples constrangimento a até um grau forte de crime, como por exemplo, um estupro!
Agora, na hora de ir para cama e imaginar que a sua parceira é uma policial, permita-se discutir e finja ser um fugitivo; ou para as mulheres, quando imaginarem estar intimamente com um bombeiro hidráulico, que tal sugerir que seu parceiro fique consertando ao encanamento?
Exceto as aberrações naturais, como imaginar-se fazendo amor com animais ou forçando alguém a fazer sexo consigo, vale tudo, mas com ponderações! Isso é a vida normal! E não adianta dizer que você não tem as suas fantasias, porque até os monges têm!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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