"Não Beleza" Quando o não é sim

Como os tempos, mais aceleradamente estão mudando, com eles mudam também até a forma de comunicação. Só que nem sempre para melhor.

O que acontece com provérbios, gírias e ditos populares, hoje em dia por exemplo, beira o absurdo.

Deveriam continuar bonitos, alegres, inofensivos e elaborados para pessoas de rápido raciocínio. Mas não é o que acontece.

Sem medo de errar, podemos dizer que “com o andar da carroça não mais se acomodam as melancias”.

Já se tornou corriqueiro, conversarmos com uma pessoa, ou mesmo escutarmos sua fala telefônica e ouvi-la repetir, com o cacoete de gíria, a expressão “não beleza”, quando o assunto em discussão conta com sua aprovação.

Já não basta o atropelo em nossa língua, digitada hoje de forma abreviada e codificada nos sites de relacionamento, mais por preguiça e falta do hábito de leitura, do que ganho de tempo?

Sem falar no "tipo assim" artifício antes usado para ganhar tempo na formulação de uma idéia, que hoje serve até como início de frase, que diz tudo sem nada dizer!

Será que há algum poder de charme, que faz com que utilizemos sistematicamente o advérbio de negação, a tudo aquilo em que venhamos atestar o nosso de acordo?

Quer dizer, que de agora em diante, quando ouvirmos “sim” é para entendermos "não"?

Ou será que são tão sábios, que não damos conta de que, uma vez promovida a igualdade de nosso idioma com o de Portugal, o "não beleza" veio pra fazer frente ao "pois não"?

Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 27/01/2011
Reeditado em 13/02/2011
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