Dando a volta por cima desempregado
Por Sonia Jordão
Sempre acreditei que pessoas competentes e com vontade de trabalhar não ficam sem trabalho. Também tenho a certeza que as coisas só podem ser boas para todos os lados envolvidos.
Espero que minha experiência profissional possa ajudar a todos que, por qualquer motivo, venham a passar pela situação de estar fora do mercado de trabalho.
Fui por quatro anos gerente administrativa e comercial de uma indústria de montagem de painéis elétricos em Contagem, Minas Gerais. Um dia, fizemos uma excelente venda, porém o cliente só pagou 50% do que devia. Isso nos causou enormes problemas financeiros. Reunimo-nos para decidir quais medidas tomar. Precisávamos cortar despesas e o setor em que elas eram mais altas era no setor de pessoal. Naquele momento, precisávamos reduzir o pessoal. Após diversas considerações, principalmente, sobre o fato de termos nossa capacidade de industrialização em seu melhor momento e com muitos pedidos, cheguei à conclusão que a pessoa que deveria ser dispensada era eu mesma. Não tive medo disso, pois era o melhor para a empresa.
Estava estruturando a empresa para sair e montar uma filial em Salvador. Implantei a ISO 9001, um departamento de vendas e diversos processos que indicavam que a empresa poderia andar sem minha presença. É claro que, mesmo ganhando bem, tinha certeza que dava lucro para a empresa, porém o maior salário era o meu e ao cortá-lo daria certa folga para a organização naquele momento crítico.
O que fazer agora que estava desempregada? Nem nos meus sonho imaginava que isso iria acontecer... Muitas coisas passaram pela minha cabeça:
• Primeiro, precisava assimilar a idéia e isso teria que ser rápido.
• Depois, saber o que tinha que pagar. Eram diversos compromissos financeiros: duas filhas na faculdade; eu fazia MBA, por conta própria, no IBMEC; pagava as prestações do carro e do apartamento; e ajudava os meus pais. Enfim as despesas eram grandes e teria que cuidar de tudo sozinha.
• Estudei minha situação financeira para ver como cumprir com os compromissos. Não tinha carteira assinada, portanto nada de FGTS. Meu acerto com a empresa foi realizado com pagamentos parcelados. Sem falar que boa parte de meu pagamento era comissão.
• Teria que planejar o que fazer naquele momento.
• Era preciso me estruturar emocionalmente para ficar um tempo em casa. Tinha mais de 40 anos e sabia que a idade dificultaria minha contratação por outras empresas.
Então, fiz o seguinte:
Tinha consciência que ficar em casa sem fazer nada iria, com certeza, abaixar meu moral e aumentar minhas preocupações. Precisava urgentemente ter alguma atividade para o período sem emprego.
Diversas vezes pensei em, ao me aposentar, ser palestrante. Esse era o momento! Teria que planejara tal atividade. Rapidamente, enxerguei que para obter sucesso nessa atividade precisava escrever um livro, pois me daria muito mais credibilidade.
Assim, durante dois meses procurei algumas pessoas que poderiam me ajudar a me recolocar no mercado e escrevi um livro. Foi uma experiência fantástica: li livros novos, reli outros que achava importante e realizei pesquisas na internet e em bibliotecas. Enfim, quando percebi estava com um novo emprego e há dois meses trabalhava uma média de 16 horas por dia, de domingo a domingo, escrevendo o livro.
Deixo as seguintes dicas:
• Primeiro, não se deixe abater pelo desespero. As empresas não querem saber que você precisa delas, mas sim o que você pode fazer por elas.
• Saiba que empresas que só empregam pessoas que precisam de trabalho, aqueles coitadinhos, não pagam o que valem. Empresas, que querem profissionais competentes e que pagam o que eles merecem, buscam, no mercado, profissionais que podem ajudá-las a crescer.
• Jack Welch, ex CEO da GE e considerado o maior executivo do século passado, diz que 10 % dos profissionais nas organizações estão prontos para serem mandados embora. Então, se você foi dispensado porque a empresa precisava diminuir o número de colaboradores, em algum momento de crise, provavelmente, fazia parte dos 10%. As estrelas, aquelas que ajudam a empresa a ir para frente, mesmo em momentos de crise, ficam. Analise onde errou. Veja como agia nos últimos tempos em seu trabalho. Aprenda com seu erro!
• Organizações precisam dar lucro e, portanto não podem ficar olhando o que você fez no passado, ver quais são seus resultados no momento.
• Monte uma estratégia para passar pelo processo de seleção. O que mais tira pessoas de vagas em que, com certeza, poderiam ter sucesso não é o conhecimento, mas sim o lado psicológico. Evite ser um derrotado. Mostre que você aprendeu e cresceu profissionalmente com seus erros. Seja um otimista e não um pessimista. Mostre o que pode fazer de bom pela empresa.
• Converse com ex-colegas e ex-chefes, descubra onde errou e mude para melhor. Dizem que “pau que nasce torto morre torto”. Já que você não é pau, mude. Só não erra aquele que nada faz!
• Coloque o poder de seu subconsciente para trabalhar a seu favor. Imagine como deve ser seu emprego ideal. Peça tudo que achar importante. Acredite, você merece! Só não peça pensando somente em você, porque negócios bons para um lado só, acabam.
• Não fique lamentando o que já passou, senão não vai enxergar as novas oportunidades que aparecerão.
• Peça ajuda. Procure as pessoas que você acha que pode te ajudar e ofereça trabalho. Mas tome cuidado porque ninguém irá te indicar se não confia em você.
E tenha sucesso!
Sonia Jordão é especialista em liderança, palestrante, consultora empresarial e escritora. Autora do livro “A Arte de liderar – Vivenciando mudanças num mundo globalizado”, e dos livros de bolso “E agora, Venceslau? – Como deixar de ser um líder explosivo” e “E agora, Lívia? – Desafios da liderança”.
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