Os católicos e os livros
OS CATÓLICOS E OS LIVROS
Uma leitora me mandou um e-mail reclamando a falta de livros católicos, numa determinada “Feira do Livro” que ocorreu por aí. No ano passado, Carmen e eu lançamos em Pelotas, o revival de “A casa sobre a rocha”. E eu lancei em Canoas “Introdução ao Estudo da Bíblia”. Este ano, em face de compromissos anteriores, não sei se será possível chegar por lá, mas há planos de, em início fazer um trabalho especial, um lançamento de algumas obras novas e recicladas. Pois a leitora se queixou de uma verdadeira enchente de livros espíritas, esotéricos e ocultistas, na feira, em oposição a quase nada de livros católicos. Fiz ver à atenta leitora, que este não é um problema localizado apenas em sua cidade. Em outras feiras as editoras católicas preferiram lançar trabalhos de política, sociologia, medicina alternativa e contos infantis, mais do que matérias religiosas. Mais do evangelizar, elas visam a venda com lucro. Junte-se a isso o desconto que os autores têm de dar às livrarias, entre 30 a 40%, repassados em descontos aos adquirentes, o que, somado à baixa margem de lucro, praticamente inviabiliza a venda nessas feiras. Mas, dizia, a baixa performance de livros religiosos entre os católicos é um fato inconteste. A grande verdade é que nossos irmãos católicos não lêem livros de formação doutrinária. Assim como não acreditam nos candidatos católicos, eles também não lêem livros de formação, preferindo romances, auto-ajuda e até a ficção de Paulo Coelho e as abobrinhas de outros “psicografados”. É lamentável se chegar à essa conclusão, mas os católicos são os cristãos que detêm a pior formação religiosa, justamente por causa dessa inapetência ao conteúdo dos livros. Isso tanto é fato que as principais editoras católicas, nacionais e multinacionais aqui instaladas, estão fazendo água, algumas trabalhando no vermelho, enfrentando sérias crises para fugir do “rebaixamento”, isto é, da falência. De 2000 a 2007 dei, baseado em um dos meus best-seller uns quarenta cursos de “Evangelização e marketing”, especificamente para padres, além de outros, para leigos, em que sacerdotes participaram. Desse convívio mais estreito adquiri a certeza: uma boa parcela de nossos padres, salvo exceções, talvez pela falta de tempo, lêem muito pouco ou quase nada. Ora, não lendo não se atualizam e tornam-se incapazes de indicar boas leituras para os fiéis. Para o cristão não basta ler a Bíblia. Além disto, entre os católicos há muito poucas “escolas bíblicas”. E não vamos cair no fundamentalismo dos pastores evangélicos, que afirmam que só a leitura da Bíblia basta. Não! É preciso estudar mais, ler comentários, interpretações, aplicações práticas, etc. Quem não lê não pode recomendar, e sem leitura a formação fica prejudicada. Daí ocorre o que predisse o profeta: “Meu povo se perde por falta de conhecimento” (Os 4, 6).
Teólogo leigo, biblista e Doutor em Teologia Moral