A CONTAGEM DOS CORPOS
Deve ser porque eu seu emotivo; pode ser que não! Eu sempre morei em lugares inofensivos e jamais passei por qualquer risco por causa do clima, fosse ele árido ou de monções, mas toda vez que assisto as cenas dramáticas do Rio de Janeiro não me contenho e choro.
Eu choro pelos mortos, pelos vivos que não têm mais nada e nem para onde ir; choro pelos vizinhos que ajudam, pelos amigos comovidos; choro porque apesar de jamais ter vivido isso, creio que posso sentir no coração o que cada pessoa sentiu antes de falecer e o que cada sobrevivente sente quando olha no horizonte.
Eu tenho três filhos, todos menores de idade; meus pais estão vivos e meus irmãos estão em casa cuidando de suas vidas e dos seus; mas e quem não tem mais uma casa, quem não tem mais emprego, quem não tem mais móveis, quem não tem mais dignidade e muitos que perderam casa, móveis, dignidade e parentes; quem irá ajudá-los a reconstruir e vida?
Vi a notícia no tweeter, dentre tantas, do apresentador Luciano Huck pedindo ajuda das pessoas afetadas pelas chuvas assassinas, mas como ajudar de fato se há uma dificuldade tremenda de se chegar às áreas afetadas? Como ajudar doando coisas que tanto temos em casa e que podemos dar, se não se divulga claramente os locais onde recebem donativos? Ou ainda, como doar dinheiro se não temos a certeza que este será destinado efetivamente para pessoas necessitadas?
O site G1 da Rede Globo divulga que “Postos rodoviários, supermercados e abrigos estão recebendo donativos para ajudar as vítimas da chuva na Região Serrana do Rio. Os desabrigados e desalojados precisam de doações de água potável, alimentos, roupas, cobertores, colchonetes e itens de higiene pessoal, como sabonete, pasta de dente e fralda descartável.”
Mas quais são estes postos rodoviários, supermercados e abrigos? Eles são do Rio de Janeiro, do restante do Brasil ou estão em Pequim? As pessoas querem saber para poderem ajudar o quanto antes, porque esperar só do governo, ao invés dos quase 500 corpos já contados, vamos contar pelo menos mais outros 1.000 em poucos dias!
As prefeituras de Teresópolis e Nova Friburgo abriram contas correntes especiais para receber donativos em dinheiro, além da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, Cáritas Brasileira e da Defesa Civil do Rio de Janeiro, mas aí tem outro problema: - Será que estas entidades poderão sacar e investir o arrecadado em regime emergencial para ajudar os desamparados?
Falta ação das pessoas em se mobilizar para num raio de 500 km das áreas afetadas e num mutirão fazerem o que deve ser feito efetivamente. Nós que moramos próximos do rio de Janeiro e que queremos ajudar, já deveríamos ter conseguido caminhões com água, fraldas, roupas e comida para o socorro dos milhares de transeuntes destes locais.
Normalmente quem se mobiliza mais nestes casos é a Cruz Vermelha Internacional, que salvo maior juízo tem sede em todas as capitais do Brasil. Vamos procurar esta gente e doar tudo que podemos. Eu tenho certeza que se não pusermos emoções inerte sobre coisas inúteis, vamos chegar a um montante enorme de donativos que iriam pro lixo em breve na sua casa, mas que será o luxo de muita gente!
Quem estiver na Região Metropolitana de Belo Horizonte e tive algum projeto concreto de ajuda e precisar de um voluntário, conte comigo agora!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
WWW.irregular.com.br