A TANAJURA.
Chagaspires.
No meu tempo de criança aqui pelas bandas do Nordeste, nas primeiras chuvas de outubro quando o chão ainda estava quente, a tanajura(Formiga de asa da espécie do gênero ATTA da família dos formicídeos chamada saúva; a fêmea da formiga) sai de seu formigueiro.
A nova rainha procura um novo local para fazer sua própria colônia.
Abundantes nas regiões neotropicais são caracterizadas pelo grande acúmulo de gordura na região glútea. (bumbum).
Era uma festa para as crianças de meu lugarejo, que se apressavam em conseguir um vidro ou lata grande com tampa e pegavam as formigas até conseguirem uma boa quantidade.
Gritavam com todos os pulmões: “ Cai, “cai tanajura tua mãe ta na gordura”.
Com essa cantilena a meninada saia correndo atrás das formigas que logo caiam de seu vôo, passando para os vidros ou latas com tampa.
Depois de conseguirmos uma quantidade razoável, levávamos para casa.
Retirávamos todos os bumbuns e lavávamos com água, logo em seguida assávamos as bundas na manteiga com cebola ralada, adicionando farinha de mandioca, e a farofa estava pronta.
Eu comia de lamber os beiços.
Diziam os mais velhos que a tanajura também servia para combater os males da garganta como amidalite e faringite.
Aqui no Nordeste o nome tanajura é empregado também para caracterizar a mulher de cintura fina e bunda grande.
Hoje depois do tempo passado não me arrisco a comer a saborosa rainha, pois muitos agricultores colocam veneno na colônia.
As bichinhas são uma verdadeira praga para as lavouras.