ATÉ QUANDO?

O Sol queimando a pele e aquecendo mais o chão arenoso; Sol matando plantações; a água acabando, os rios secando, os açudes, os córregos e lagoas; Sol secando até a lágrima interrogativa que escorre na face do agricultor. Sol, castigador, que seca a folha e toda umidade do ar.

A lágrima interrogativa secou e sua antiga expressão volta-se para o olhar. Solução tomada: migração. Trouxas na cabeça, filho no colo, outro na barriga e também a fome. Secam-se as lágrimas. O vento sopra de vez em quando, como consolo, mas seu hábito escoa quente nos corpos. Folhas secas rodopiam no chão como se cantassem para os que por ali passam. Urubus sobrevoam o céu – Sol fascinante. Mensagem de morte? À frente, quando funde-se a estrada ao céu... Não se sabe o que virá.

Finalmente muda-se a visão superficial das coisas: agora o que se vê são plantações de prédios sobre a Terra do asfalto e do cimento. Um mundo melhor à frente à espera? Ou será algum “segundo reinado” do Sol?

Não há safra, apesar de “inchamento”. Mais um sonho que se escapara. Não há mais espaço pra ninguém. Casa de taipa e papelão. Educação? Comida? Violência? Assalto? Desigualdade aguçada. De dentro do peito uma voz rouca, já angustiada e cansada: - Meu Deus! O que fazer?!

Gilson Pontes
Enviado por Gilson Pontes em 08/01/2011
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