“farinha pouca meu pirão primeiro”!

Cambalacho foi o tema de uma novela na telinha da Globo. Ficção a parte, encontramos um problema que afeta a humanidade: A desconfiança.

Diariamente observamos que todas as pessoas têm esse hábito de desconfiar de tudo e de todos. Ninguém acredita em ninguém. Ninguém quer ser ludibriado. Qualquer tipo de atitude ou circunstâncias que se admita que “alguém vai passara perna” em outra pessoa já é motivo de desavenças e muita confusão.

Seja na fila do banco, das lojas ou de algum supermercado ceder à vez para alguém pode ser motivo de discussões ou de muita encrenca. Se alguém pensa que uma pessoa “furou” a fila então, começa o burburinho desmedido.

O medo de ser ludibriado então provoca reações instantâneas nos vendedores quando alguém pede um desconto ou diz que não tem 10 centavos para completar o valor. E nem arrisque entrar numa condução depois do aumento das passagens sem o valor correto! Vai ter que descer no próximo ponto!

Mas as histórias tristes não terminam por aí. Aconteceu num terminal de ônibus e, sinceramente relutei para eternizar isto, mas acho que vale a pena deixar registrada a minha indignação.

Um senhor com seus cabelos brancos estava em pé próximo a um ônibus. Uma fila contando uns vinte e cinco passageiros para entrar. Um homem a minha frente com seus trinta anos estava impaciente pela demora em se liberar a condução.

Assim que a porta se abriu o senhor, que podia ser o pai ou o avô de qualquer pessoa naquela fila, fez menção de entrar no ônibus. Pra que!!

O tal homem começa uma discussão achando um absurdo que o “velho” (palavras dele) quisesse ser o primeiro da fila. Um absurdo mesmo foi o modo como aquele senhor foi tratado diante de todos! Parecia que o famigerado agressor tinha vindo ao mundo num “ovo” e que nunca tivesse tido um pai. E mesmo que tivesse tido o pior dos pais, não tinha o direito de tratar uma pessoa da terceira idade daquele jeito!

O pior de tudo é que ninguém se incomodou com aquilo e o tal homem empurrou o senhor e entrou no ônibus completamente vazio (não havia ninguém sentado, pois estávamos no ponto final) e como se nada tivesse acontecido escolheu sua poltrona preferida e sentou tranqüilo para seguir viagem.

Cedi a vez para que o senhor entrasse na condução e como era de se esperar ouvi ainda algumas “palavras amáveis” dentro do ônibus.

Infelizmente e diariamente somos obrigados a conviver com a falta de respeito e de educação de uma população stressada por viver num mundo onde um velho ditado popular ainda rege nossas vidas: “farinha pouca meu pirão primeiro”!

Marion Vaz
Enviado por Marion Vaz em 05/01/2011
Código do texto: T2711455
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