INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA
Sem dúvida nenhuma é o tema mais solicitado em vestibulares para a prova de redação. A Amazônia, internacional por seu tamanho porque abrange 9 países, é alvo de especulações do mundo dito civilizado. Alguns que querem protegê-la, outros de olho nas riquezas ainda pouco conhecidas. Seja qual for o motivo que alguém fale da Amazônia, há pontos em comum: Ela é mágica, linda, selvagem e imensamente grande. Por isso os adjetivos variam entre Pulmão do Mundo, Santuário Ecológico ou simplesmente Inferno Verde.
O mundo quer os benefícios da mata em pé. Estima-se que mais de cinco milhões de pessoas habitavam a Amazônia pré-colombiana. Nos últimos 500 anos a população não aumentou na mesma proporção que outras regiões das Américas. Quando se fala em preservação da região, muitas vezes estas milhões de pessoas não estão entre os itens a serem preservados.
O europeu quer que nós preservemos para que ele possa viver melhor. Além de não pagar por isso, ainda se arvora de defensor, advogando a causa da Internacionalização da Amazônia para garantir a sua preservação. ONGs de todo o mundo se sentem no direito de dar palpite na nossa terra em nome do futuro da humanidade. Querem estudar a Amazônia sem considerar o saber acumulado do índio e do caboclo amazônida. O governo brasileiro tem embarcado nessa onda e criado leis que atrofiam as atividades dos ribeirinhos obrigando-os a vir e inchar as cidades.
O serviço público presente em todos os 62 municípios do estado do Amazonas são os Correios. O sonho do telefone celular e da internet alcança menos da metade deles. Embora alguns municípios sejam maiores que muitos estados da federação, ainda não dispõem de uma pista de pouso confiável nem para pequenas aeronaves. Em pleno século XXI as intermináveis viagens em barcos mistos de carga e passageiros são os únicos meios de se chegar a algumas sedes de município. Para o interior deles as dificuldades se multiplicam.
A ausência do poder público mostra o estado de abandono em que se encontram aqueles seres humanos que vivem nas cabeceiras dos contribuintes da bacia amazônica. Rios que em outras plagas seriam referência, na Amazônia nem existem nos mapas porque seu significado é mínimo perto da grandeza do Rio Negro ou do Solimões, para citar apenas estes exemplos.
Em vez de falar em internacionalização, por que não falamos em nacionalização? Por que não levar o Brasil para as comunidades distantes? O Brasil não conhece o Amazonas. O Amazonas não conhece o Amazonas. Está na hora de conhecer e assumir o que é nosso.
Luiz Lauschner
lauschneram@hotmail.com