A última ceia
Senhor nos liberta do cativeiro...
Pois o mal tem muitos patrocinadores, que nos escravizam
Nas masmorras cotidianas do descaso... Senhor Deus único
Se fores único porque será que tantos são os idiomas
Dos quais blasfemam na boca dos escarnecedores
Existe tanta desilusão nos olhos sedentos de teus filhos
Mas o que vemos são seres famintos, seres por quase nada
Abatidos, assassinos nesta aldeia globalizada
Da ambição exagerada onde o valor das coisas
Não está em compartilhar o pão e sim deixá-lo bolorento
Pelo egoísmo dos fariseus, a mentira criou uma rede de tantas
Aranhas, que se nós os insetos desta artimanha
Não entrarmos neste disfarce aracnídeo
Somos presas abatidas como o vampiro a sugar
Os inocentes incautos desta seara de loucos
E ambições desregradas...
Aqui Senhor muitos cumprem suas penas por outros
Vulgarmente chamados de “laranjas”
Será, pergunto-me, será assim diante do teu fardo pesado
Entre o céu e o inferno, estes também poderão mandar
“Laranjas” para o inferno porque aqui neste vale
De lágrimas ácidas só pode ser o verme da orelha
Quem articula quem financia esta guerra de Goécia
Senhor sem querer abusar do verbo...
Mas é que diante de tuas obras os bons estão
De ossos brancos e teus mandamentos na grande mãe
Precisa de urgente atualização, pois ninguém mais
Os respeitam são flutuantes como isopor na consciência
Dos ímpios, onde aqui nesta seara de atalhos.
Os templos se erguem, como cogumelos ao frio
Mas perece que certas pessoas que não os freqüentam
Para ouvir a tua palavra como uma reforma íntima
São mais pela obrigação, mais para deixarem suas cargas
E seus fardos pesados, como uma lavagem espiritual
Mas saem de lá sem trazer consigo a semente morta
Do “amai-vos uns aos outros com eu vos amei”
Parece Senhor que aqui está imperando o velho
O velho bezerro de ouro em que a marcha do capitalismo
Esmaga quem se meter na frente de sua manada desgovernada
Senhor meu pai... Precisas urgentemente fazer renascer
Novos anjos prós filhos que ainda restam aqui
Os “sangue bons” da velha arca de Noé
Porque do jeito que as coisas estão andando por cá
Parece até que alguns que se acham homens estão
Construindo a filial do purgatório
Ou pior a fênix -capital de sodoma e gomorra
O Senhor precisa mostrar ò! meu pai
Que o teu cetro ainda é a base que sustenta o mundo
E que o teu sopro tem mais poder de que todos os homens
Multiplicados pelo número de estrelas contidas no infinito
E que este número elevado à terceira potencia
É só o teu cartão de visita...
E que para ti o que há de maior em todas as vias-lácteas
É só um antepasto diante de tua ira... E todos precisam saber
Que o teu amor ainda é maior do que a soma
De todas as escamas dos peixes multiplicados por
Cada poro dos homens e a soma deste resultado
Equivale ao resultado da multiplicação com as areias da terra
E do espaço infinito inenarrávelmente pequeno
Todos somados à tua engrenagem maior evolutiva
E cada parte da terra mãe que tiram do Senhor
Será cobrado porque Deus não deixa herdeiros ladrões
Como filhos... estes esboroaram-se em fracassos
Jasper Carvalho