"ESPECIALIZADA EM BARATEAR A VIDA DAS PESSOAS"

LÚCIA PACÍFICO HOMEM

"ESPECIALIZADA EM BARATEAR A VIDA DAS PESSOAS"

"A luta é constante. É gratificante." LPH

Professora, vida confortável de classe média, filhos praticamente criados. Ela tinha tudo para se acomodar na vida boa que levava. Consumidora consciente, procurava sempre repassar tudo que aprendera na formação escolar e familiar seu pai era prefeito num tempo que o cargo não era remunerado e a mãe, também professora.) Os direitos e deveres de cidadania estavam sempre muito presentes na vida da mãe e da professora.

A oitava entre 13 irmãos aprendeu desde cedo que nada devia ser desperdiçado em casa e o mesmo ensinava na escola para seus alunos. O aprendizado da vida prática se inseria nos conteúdos de ciências, matemática. Tudo muito bom, mas não estava perfeito. Faltava algo.

Década de 80. Pelo rádio, Lúcia Pacífico Homem recebeu o chamamento que faltava na sua vida: foi quando o Procon estadual de Belo Horizonte convocou as ouvintes a participarem mais ativamente da defesa do consumidor, pedindo que as donas de casa se organizassem. "Vocês são mais do que ministras. São superministras", dizia o chamamento do rádio.

E a partir daquele momento, Lúcia e suas amigas Maria do Céo Paixão Kupidolwski, Darcy Mattos de Azevedo e uma centena de mulheres formaram grupos, organizaram-se e passaram a defender a causa. 1983, a Chapa "Donas de Casa vão à Luta", liderada por Lúcia, é eleita para dirigir o Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais. Uma vitória, porém, que representou apenas o início de uma árdua luta.

"Vai esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque", diziam os machões de Belo Horizonte, ao ver a movimentação das donas-de-casa. "Vocês não têm o que fazer", criticavam eles. "Nós não temos o que fazer mesmo. Temos que defender o bolso de vocês", devolviam elas, inabaláveis. E foram incontáveis as passeatas, panelaços e protestos contras supermercados que enganavam consumidores com falsas promoções etc etc.

Detalhe: a discriminação não era apenas dos homens, mas também das mulheres de classes mais abastadas que achavam que elas apenas tumultuavam a ordem estabelecida. E cada vez mais elas foram se firmando. A primeira ação civil pública rendeua suspensão de uma super taxa abusiva do Fundo Nacional de Telecomunicações, uma área que, diga-se de passagem, até hoje rende muita reclamação.

A mobilização chegou a tal ponto, que foi criada a Confederação Nacional das Donas-de-Casa, responsável, por exemplo, pela emenda popular que incluiu na Constituição Federal a defesa dos direitos do consumidor. Pilhas e pilhas de papéis com 390 mil assinaturas foram para Brasília com as mulheres, de ônibus, 20 horas de viagem para fazer chegar o documento ao Congresso Nacional.

"Foi uma época de ousadia e coragem para acreditar que conseguiríamos", diz Lúcia que hoje, 20 anos depois, fala de tudo como se tivesse acontecido ontem, tal a clareza de suas lembranças, reforçadas pelo mesmo espírito de

guerreira:"A luta é constante. É gratificante. A cada final de ano sentimos que avançamos mais na defesa do consumidor", completa.

E foi assim que elas ganharam respeito. A legitimidade hoje é grande. O Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais continua forte e tem na ex-presidente a vertente política - Lúcia virou vereadora e, por dois mandatos, aprovou 30 leis pertinentes à defesa do consumidor.

SUBSTRATO DO SITE FNECDC (Forum Nacional das Entidade civis de Defesa do Consumidor)

MDCMG (Movimento das donas de casa de Minas Gerais, Belo Horizonte

Exemplo a ser seguido.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 03/01/2011
Reeditado em 08/07/2011
Código do texto: T2706534
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