O PODER DA PALAVRA

Um dos pilares para a manutenção da democracia, nos dias atuais, é a liberdade de expressão, que garante ao cidadão o direito de se pronunciar sobre tudo o que acontece ao seu redor, e neste contexto é de suma importância a atuação da imprensa e dos meios de comunicação, livres e de forma honesta, para não haver a dominação de muitos por poucos.

Em todos os momentos da história da humanidade o poder da palavra escrita e falada sempre foi levado em consideração. Um exemplo grandioso é a Bíblia que a mais de quatro mil anos orienta a humanidade com seus códigos morais e de conduta nas relações humanas, nas questões de fé e adoração à divindade, e até hoje as palavras nela escrita são levadas em consideração.

A palavra é tão poderosa que a própria Bíblia relata que boa parte da criação divina veio a existência pela força da palavra de Deus ( ...e disse Deus... ), pois na sua majestosa onipotência Deus poderia simplesmente mentalizar a criação, no entanto Ele verbalizou a sua vontade.

A palavra falada é tão poderosa que na antiguidade quando um rei dominava um território a primeira atitude para manter a conquista era destruir todo o acervo literário da nação e impor o idioma do dominador, e ao mesmo tempo proibir que os sábios e anciãos, detentores do conhecimento, se reunissem para se reportar ao povo, forçando o povo perder sua identidade cultural.

A colonização do território brasileiro é outro bom exemplo do poder que a palavra escrita tem, pois a coroa real portuguesa, desde o descobrimento do Brasil em 1500, não permitia que fosse impresso e distribuído jornais, ou editado livros, no território para dificultar a criação de uma identidade nacional e esconder os desmandos da coroa portuguesa. Somente em 1808 ( 308 anos após o ocupação do Brasil pelos portugueses ) foi permitido imprimir e publicar jornais no Brasil. Está foi uma das formas de Portugal manter a dominação cultural, política e econômica por mais de 350 anos.

Mais recentemente temos um exemplo da importância da liberdade de expressão, quando em 1968 o regime militar, que vigorava no Brasil desde 1964, impôs uma censura quase total a todos os meios de comunicação com a publicação do famigerado Ato Institucional Número 5 ( AI-5 ). Esse ato restringiu todas as manifestações públicas contra o regime militar durante 21 anos, tanto nos meios de comunicação quanto nas artes em geral ( cinema, teatro, musica, pintura e etc. ), e a censura foi imposta justamente para que fosse feita a manutenção de um poder artibitrario e, novamente, esconder os desmandos de uma ditadura cruel.

Nos dois exemplos acima (colonização do Brasil e regime militar) se deixassem a imprensa livre não haveria dominação, e nos dois momentos quando se permitiu a liberdade de opinião iniciou-se a reconquista da liberdade coletiva e a retirada de um jugo que estava sendo imposto.