Quando o coração floresce

De repente, sem saber como, eles se viram frente-a-frente. Cada um tinha sua história, sua vida, seus temores e dissabores. Mesmo assim, a vida - mestra em dar nós - os envolveu em um torvelinho de emoção e sensações. Ela vinha amarga de uma relação frustrante; ele vazio de uma rotina que o sufocava. Esses e diversos fatores os impeliram, primeiro à aventura, depois à paixão e, por último, ao amor, sentimento esse que eles relutaram em aceitar ou, no mínimo, a verbalizar o nome.

Nos primeiros encontros, furtivos e cheios daquela expectativa que cerca esse tipo de relação, eles se mostraram mais ou menos tímidos, cada um temendo revelar-se totalmente a fim de não assustar o outro e não quebrar o encanto daquilo que começava parecendo um sonho.

A ela faltava o carinho, a atenção e o prazer; a ele, a emoção e a aventura. Atirados a uma busca fantástica, os dois se dispunham à renovação de suas vidas, a partir do coração, mas atentos a todas as sensações, afetivas e sensíveis, que aquele encontro poderia lhes proporcionar. Os prazeres do amor foram vivos, renovados, crescentes e restauradores. O carinho, novo, diferente, pleno de interesse um pelo outro. Logo em seguida os dois chegaram à conclusão que aquele não podia ser um ocasião única, uma mera aventura, ou um encontro meramente fortuito.

Em função dessa constatação, os contatos se tornaram diários. O que a distância impedia a cibernética consertava. Quando não dava mais para segurar, eles achavam um jeito de se encontrar, de matar a saudade e dar vazão ao desejo que os incendiava. Os encontros se tornaram mais freqüentes, ousados e ricos de uma criativa aventura, capaz de exacerbar fantasias e emoções, a ponto de não caber mais nas convenções vigentes.

Ela conheceu ao lado dele um tipo de vivência até então desconhecida, numa overdose de paixão, prazer e presença, coisas que ela nunca julgou existir. Ele, igualmente, apesar de relativamente experiente nas coisas da vida, deixou-se levar pela mesma onda de paixão e prazer, capazes de fazê-lo rever tanta coisas que ele julgava imutável.

Hoje, eles se amam, se curtem e vivem o hoje como se não houvesse amanhã. Esqueceram os vazios do passado, confiantes e seguros naquela expectativa que os anela. Hoje eles são mais jovens e bem mais conscientes que ontem, pois a paixão os amadureceu, ao mesmo tempo que fez florescer seus corações.

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 19/10/2006
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