COMO SE MUDA O PENSAMENTO
O grande cineasta português António Lopes Ribeiro ao pronunciar, anos atrás, conferência na “Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto “, a que tive a felicidade de assistir, afirmou: o cinema não é bom nem mau (no aspecto moral,) porque é o espelho da sociedade.
Não seria melhor asseverar que a sociedade pode ser o espelho: do cinema, da literatura e da mass-media?; não é assim que nos ensina o velho anexim: “ Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura”.
O vulgo não pensa, embora pense o contrário; limita-se a repetir o que a minoria diz. Se a elite, pelos meios de comunicação, afirma que é bom, o povo repete que é óptimo, e não é fácil convencê-lo que pode ser vítima de máquina bem montada pela minoria pensante.
Sem a minoria as “massas” seriam acéfalas. É a elite, a que tem o poder, que lança a ideia.
São “emissores” que transmitem ondas invisíveis, que o publico, leitor e ouvinte, capta como bom “receptor”, mesmo sem o desejar.
É costume dizer-se: “ Anda qualquer coisa no ar”.Não se sabe o que é, mas pressente-se a força do pensamento, que vagueia como vento, que vai e vem e não se sabe onde está. Paulatinamente infiltra-se na mente, anestesia, ao ponto de esta tolerar e aceitar, como natural, o que rejeitava.
A minoria conhece essa “força” esse “poder” incontestável, e usa-a para plasmar o povo, consoante interesses e desejos de ocasião.
Se o cristianismo perde influência é porque desapareceram, ou poucos são, os postos “emissores”.
O vulgo não consegue “sintonizar” a Palavra, porque não há quem escreva, quem pregue, quem ensine e difunda a Mensagem; infelizmente, para os crentes, forças modernistas, pais da Nova Moral, assentaram baterias, que ribombam na TV, rádio e imprensa, e ecoam nas mentes indefesas.
Bom é recordar aqui Gabriel Marcel: “ Não se pode negar a possibilidade de manipular a opinião pública. Pelo contrário, sabemos que é a coisa mais maleável do mundo”.
Como se disse, o povo não pensa, e como os intelectuais cristãos receiam - nem todos, - mostrar-se ao mundo como tal, porque temem serem apelidados de retrógrados e perderem privilégios, preferem serem duplos: cristãos no templo e agnósticos, na escola, na imprensa e na política.
Vemos então cristãos escreverem livros obscenos; políticos aprovando leis que bradam aos Céus e à natureza; e cançonetistas que interpretam letras brejeiras, porque esquecem que não se pode servir dois senhores: a Deus e ao dinheiro.