26 Anos de Gastronomia em Santarém

26 Anos de Gastronomia em Santarém

Vai ter início dentro de dias, mais uma jornada gastronómica em Santarém, cidade cuja herança de sabores variados tem a sua origem nos produtos da sua agricultura de terras férteis e banhadas pelo Tejo, o azeite de seus olivais a que já D. Afonso Henriques fazia referência nos seus documentos, o vinho das suas lezírias adubadas pelas cheias periódicas do rio, e as receitas trazidas pelas gentes que ao longo dos séculos, por cá foram passando e vivendo, em suas vidas e trabalhos.

Desde o seu início em 1980, que o Festival de Gastronomia de Santarém, se tornou uma referência para todos os amantes da boa cozinha, e de ano para ano, a sua importância foi crescendo ao ponto de ir servindo de modelo e exemplo a dezenas de outros eventos do género que foram surgindo um pouco por todo o país.

Durante cerca de duas semanas, cada dia dedicado a uma região de turismo específica, tem lugar na Casa do Campino, um almoço servido ao melhor estilo dos tempos descritos por Eça de Queiroz ou Júlio Dinis, nos seus romances, e cujos lugares ficam esgotados muito antes do início de Festival pelos mais altos dignitários e apreciadores do que de melhor se faz em Portugal nesta matéria.

É no entanto nas tasquinhas que o povo comum se delicia, pois que por cada região representada, os restaurantes dessas cidades e vilas, se fazem representar e servir a preços mais convidativos e doses mais acessíveis aos estômagos, as iguarias típicas, seja da zona marítima, seja das altas serranias e planícies, com os melhores peixes, mariscos, carnes e outras especialidades, sem faltarem os doces e bons vinhos.

Resta deixar-vos o convite para virem a Santarém, de 19 de Outubro a 4 de Novembro, e para aguçar o apetite, uma receita das mais famosas da região, a célebre:

SOPA DE PEDRA

Ingredientes:

• 1/2 l de feijão-encarnado

• 1 kg de orelha e cabeça de porco

• 200 grs de entrecosto

• 250 grs de carne de vaca para cozer

• 100 grs de toucinho entremeado

• 1 chouriço

• 1 morcela

• 1 couve-lombarda

• 400 grs de batatas

• 2 cenouras

• 2 cebolas

• 2 dentes de alho

• sal q.b.

• 1 farinheira

• hortelã e coentros q.b. (facultativo)

Confecção:

De véspera raspam-se e limpam-se bem a orelha e cabeça de porco, salgam-se juntamente com o entrecosto e põe-se o feijão de molho. No dia seguinte lavam-se as carnes e os enchidos e põem-se a cozer em água e sal. Separadamente, põe-se também o feijão a cozer em água. À medida que forem cozendo, vai-se retirando as carnes sucessivamente, para não se espapaçarem, visto que a carne de porco coze muito mais depressa que a de vaca, o mesmo acontecendo com a morcela em relação ao chouriço. Logo que se retirarem todas as carnes, juntam-se cortadas em pedaços, a couve, as cenouras, a cebola, os alhos picados, e algum tempo depois as batatas também em pedaços. Entretanto, escorre-se o feijão, do qual se retiram duas conchas que se passam no passe-vite. Quando os legumes estiverem cozidos juntam-se-lhe os feijões inteiros e os passados. Deixa-se ferver tudo para apurar e rectifica-se de sal. Cortam-se as carnes de porco e de vaca em bocados, os enchidos em rodelas e o toucinho em fatias. Deitam-se as carnes na panela e, logo que levantar fervura, adicionam-se os enchidos e o toucinho, servindo-se imediatamente. Empregando a farinheira deve pôr-se a cozer juntamente com as carnes, tendo em conta que o seu tempo de cozedura é muito rápido. Temperando com coentros, devem deitar-se ao mesmo tempo que os legumes. Se for o caso de se empregar hortelã, basta juntar um ramo ao mesmo tempo que os enchidos. Por gracinha põe-se em cada prato uma pedra redonda, tipo seixo rolado do rio, mas previamente bem lavada.

Bom Apetite!

Arlete Piedade