QUANDO AGENTE AMA, É CLARO QUE AGENTE CUIDA
QUEM AMA CUIDA
Como a cultura trata esse tema de maneira fabulosa, com verdade extremada, límpida e clara. Um outro dia atrás estava ouvindo uma canção do compositor Peninha, cantada pelo Caetano Veloso. A música por demais conhecida diz: “Quando agente ama é claro que a gente cuida...”. O inverso também era uma prova de falsidade, de fingimento; de palavras ao vento. Diz o compositor: “fala que me ama, mas é da boca para fora”. Deixando de lado a idéia de amor na música, o homem é chamado a refletir sobre a dimensão poderosa e verdadeira do amor.
Uma grande dimensão do amor é a doação. O dar é intrínseco ao amor. Um outro dia um marido chegou na sua casa, depois do expediente, a esposa também tinha chegado a pouco do trabalho. Ambos estavam cansados, e necessitavam de um descanso; mas as atividades domésticas gritavam para serem feitas. Cada cônjuge poderia tomar uma decisão egoísta e partir para o conforto. O homem poderia lançar mão da cultura e ir descansar, no entanto foi fazer as tarefas domésticas junto com aquela que era objeto do seu amor. A esposa mesmo cansada, no final do serviço foi fazer um mimo para o “maridão”. Mimo esse revelado em um delicioso petisco. Tarefas juntos, petiscos, mimos... Tudo isso é doação em forma de serviço, pois o amor não é de boca para fora, não é um verso emotivo de um poeta apenas, são obras em favor do objeto de amor.
A Bíblia é uma mensagem de amor do Criador para as suas criaturas. O evangelista João escreveu: “porque Deus amor o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
A história do homem é composta pela revelação do amor de Deus. Existe nas Escrituras Sagradas, uma revelação de Deus ao homem, chamada de “revelação natural”. Mas o que é revelação natural? Revelação natural é a graça de Deus manifesta através das coisas criadas. São as muitas águas dos oceanos, que revela a mão criadora e sustentadora do Deus Criador. As grandes florestas com suas imensas bio diversividade, são os biomas naturais. As águas das grandes fozes, como a brasileira chamada de Iguaçu. São os mundos dos insetos, tão pequenos é pouco visível ao olho humano, que causa admiração e aprendizagem, ao homem. Enfim toda a criação revela a majestade e a graça salvadora de Deus.
O apóstolo Paulo escrevendo a uma comunidade cristã em Roma, abordou o pecado do homem por ter desprezado a voz do Criador. Contudo ele diz que os homens são indesculpáveis. Tanto os judeus, que receberam a revelação chamada de especial, a das Escrituras; quanto os não judeus, chamados de gentios, que recebeu a revelação natural, a teodiceia. Paulo diz: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis...” (Rm 1.20). Toda essa revelação é doação.
Outra faceta do amor é promover o bem estar do amado (a).
Em um outro lugar o mesmo apóstolo diz que o amor não busca seus próprios interesses. Isso parece que a realização do amor, vive no bem estar do amado. Sendo assim toda força do amor, locomove-se, em função do conforto de quem se ama.
Um pai trabalha visando o conforto do seu filho. Acorda cedo, sai para o trabalho, pega coletivo, vive no “apertucho” financeiro visando colocar o filho em um colégio melhor, uma roupa melhor, uma faculdade melhor (curso de classe média)... justamente porque o amor exalta e eleva o amado.
Só o amor se arisca a morrer por quem não presta, simplesmente, porque ama. “poderia ser que por um justo alguém se animaria a morrer. Mas morrer por injusto, somente quem ama. Uma mãe, vai soltar o filho da cadeia porque roubou. Só o amor quer soltar gente dessa espécie. Por isso o amor precisa ser dosado com a justiça.
A maior revelação do amor é o sacrifício em favor do outro.
Quando o amor entende que o amado é injusto, então Ele se entrega, para absolver aquele injusto, errado, devedor; mas amado. Vai o Ágape (amor) para o sacrifício, para a doação de si mesmo.
No calvário O Pai viu que a única maneira de satisfazer o seu caráter justo era permitir a morte do seu justo filho, para a justiça ser estabelecida. O perdão dado por Deus ao homem, não foi o esquecimento do pecado; contrariando a tudo isso, o amor doou-se, para que a justiça não fosse ultrajada, vilipendiada, roubada.
Quando Cristo estava prestes a morrer, virou a cabeça, e disse: “está consumado”. No grego bíblico a palavra é “tetelestai”, que na sua origem significa: está pago. O amor sacrifica-se, para que o amado seja livre. Por isso que o cristão crê que é livre. Pois o sacrifício amoroso de Jesus em consórcio com o pai, cumpriu a justiça, no aspecto substitutivo, Cristo substituiu o ser humano, na cruz. Por isso nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus. Livre da culpa, livre da condenação, livre porque recebeu a justificação por imputação.
Entende-se que o amor é doador de si mesmo, sempre procurando o bem estar do amado e acima de tudo sacrificando-se, recebendo a pena e a sentença, que originalmente era para castigar o objeto de amor. Isso é sacrifício, é amor de Deus. Amor segundo Deus, não é da boca para fora, é revelado em obras práticas.
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