OS MAÇONS E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

" Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam".
                                  Platão
                                                       
Quando o General Junoti, com suas tropas chegou às fronteiras de Portugal, D. Maria, D.João e toda a Corte   Portuguesa vieram para o Brasil e aqui se estabeleceram, dando prosseguimento à Monarquia Portuguesa. Esta era uma realidade nova para os habitantes da Colônia, sendo que estes já buscavam mudanças de bases se possível como Império ou com a REPÚBLICA.

São por demais conhecidas as divergências entre os Maçons Gonçalves Ledo (republicano) e José Bonifácio (monarquista), possivelmente por sua posição monarquista e grande articulador político a favor do Império, sendo um político arguto e poderoso que mesmo depois de sua morte manteve um sentimento de segurança sob a força da monarquia contrária a uma aventura Republicana. Mesmo que tenha acontecido sob um Golpe Militar a República tardou, mas aconteceu, sendo impulsionada a partir do final da Guerra do Paraguai.

Terminada a Guerra, ressurgem mais fortes do que nunca os ideais liberais do Maçom Gonçalves Ledo. Inicia-se no Brasil a conscientização de Ética, Justiça e Direitos do Cidadão, de modo que todos os brasileiros inclusive os escravos se tornassem irmãos. O primeiro clube e o primeiro Jornal republicano foram fundados pelos Maçons Saldanha Marinho e Quintino Bocaiúva, ao lado do jornalista e diplomata Salvador Mendonça, republicano e defensor implacável da República.

Aristides Lobo redige em 3 de dezembro de 1870, um manifesto que dá origem à organização e fundação do Partido Republicano de S. Paulo. O Maçom Benjamin Constant, fortemente influenciado pelas idéias Positivistas de Augusto Conte, divulga em uma conferência a negação do direito divino do rei, defende um governo forte sem contudo se manifestar contra o sistema parlamentar. A confabulação só foi possível quando em 1888, os chefes republicanos se aproximaram dos militares. Na opinião dos conservadores os militares constituíam uma força secundária, o que foi modificado depois da guerra do Paraguai.

Esta união veio a fortalecer a conspiração. Os jovens civis seguiam as idéias do Maçom Silva Jardim e os militares do Maçom Benjamin Constant. O Maçom Marechal Deodoro como alguns pensam, jamais foi um conspirador, ele nunca pretendeu terminar com a Monarquia. Fez todas as démarches possíveis e sucessivas contra as crises dos gabinetes. Pode-se afirmar que era favorável à República, sem ser contrário à Monarquia.

O Movimento Republicano avança de S. Paulo para o Rio Grande do Sul. Júlio de Castilho funda " A FEDERAÇÃO”, jornal republicano. Une-se à Sena Madureira, na Questão Militar, cedendo espaço neste órgão de propaganda republicana, estabelecendo definitivamente a aliança entre republicanos e militares.

O povo brasileiro, alheio às conspirações, respeitava o Imperador, que tinha enorme prestígio nas mais diversas camadas da população. A denominada Questão Religiosa; a Abolição e a Questão Militar, aliadas a vaidade do povo despertada pelos republicanos, fizeram com que o Império virasse moribundo e sem lideranças definidas.

O Maçom Benjamin Constant queria mudar as Instituições por meio da ação e o Maçom Rui Barbosa buscava no diálogo, a reforma da sociedade brasileira. O movimento revela novos líderes e novos pensadores dentro de uma monarquia que agonizava, totalmente esfacelada pela ausência do entusiasmo nacional. A monarquia ouvia, em silêncio, as acusações do Maçom Rui Barbosa, com o enfraquecimento do Império o Maçom Deodoro da Fonseca juntou-se ao grupo Republicano.

A Abolição abriu caminho encorajando os ânimos, mas foi a Questão Militar que acendeu o rastilho para a Insurreição. Os militares foram proibidos de publicar pela imprensa qualquer artigo sem licença do Ministro da Guerra, começando aí uma revolta latente. Uma conspiração se forma, tendo a frente Benjamin Constant, Deodoro e alguns civis entre os quais destacava-se Quintino Bocaiúva. No dia 15 de novembro de 1889 tropas foram movimentadas para o centro da cidade do Rio de Janeiro. Deodoro vai ao encontro da tropa assume seu comando e marcha para o campo de Sant’Ana, onde põe a segunda brigada em frente ao quartel-general e a artilharia, ameaçando as forças do governo.

Entra a cavalo no pátio do quartel e é aclamado pelas tropas que aí se encontram. Intimado por Deodoro, o ministério demite-se. Chegam em seguida o apoio da marinha e as aclamações do povo, ERA A VITÓRIA DA REPÚBLICA. O Imperador recebeu a mensagem que o declarava deposto e determinava que deixasse o Brasil em vinte e quatro horas.

O primeiro governo da República, sob a chefia de Deodoro da Fonseca, foi inteiramente constituído por Maçons. Entretanto acostumado à disciplina militar, o Presidente governou com mão de ferro, determinando que qualquer pessoa que fizesse oposição poderia ser presa. Devido a tudo isto a Marinha se rebelou ameaçando bombardear o Rio. As tropas já não obedeciam a Deodoro. Com o país à beira da guerra civil, ele acabou renunciando em 23 de novembro de 1891.

A frase de Tancredo Neves sintetiza bem o que se espera da REPUBLICA:

O povo é a substância da República, como prova a raiz latina da palavra. A República deve, pois, ser o compromisso fundamental do Estado para a solução dos problemas do povo, o atendimento de suas necessidades básicas até de sobrevivência.
Tancredo Neves
 


                

















Ruy Silva Barbosa
Enviado por Ruy Silva Barbosa em 09/11/2010
Reeditado em 09/11/2010
Código do texto: T2605137
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