Ponderações sobre o TESÃO

Uma palavra que embora seja tomada ainda como pejorativa por um grande número de pessoas. O Tesão, no sentido mais amplo pode representar uma das maiores forças que regem a humanidade e um dos ingredientes necessários para um relacionamento amoroso perfeito. Sem ele fica incompleto. Tesão sem amor pode até existir, mas amor sem ele , jamais.

Claro que se pode entender a palavra ou o que ela representa de diversas formas. Acredito que a visão que se tem de tesão depende do grau de evolução e esclarecimento de cada um. Existem pessoas que só conseguem ver o lado físico do que ela representa, acentuando apenas o prazer e o gozo. Não quero de forma alguma dizer que ambos não sejam importantes. Sou mulher, resolvida, que busco no sexo a satisfação recíproca e não a submissão da fêmea perante o macho. E entendo que o prazer é muito importante para ambas as partes, digo mesmo imprescindível. Mas vejo o tesão como uma coisa mais ampla.

Sentir atração por uma pessoa, ir para a cama e gozar, é na maioria das vezes muito fácil. Quando fui casada, numa relação que durou muito tempo e mesmo quando a relação já não ia tão bem, conseguia sentir orgasmo com o meu marido. Mas as dificuldades de um relacionamento duradouro fazem com que o tesão se desgaste e o sexo torne-se coisa comum, sem magia e nem mistério.

Há pouco tempo tive um novo relacionamento. Uma pessoa adorável, doce e cativante. Um homem meigo, educado, bem diferente do marido que tive. Não deu outra: me apaixonei. Conversávamos muito, pois tínhamos muitas afinidades , dávamos muitas risadas juntos, muitas vezes amanhecíamos o dia rindo e nos acariciando e só íamos dormir quando o sol já tinha nascido. Até que percebi uma inversão de valores. O que me fazia gostar dele e sentir cada vez mais tesão, foi justamente o que fez ele se afastar de mim. Só percebi isso quando numa conversa ele me disse que amizade e espiritualidade demais tirava tesão. Então percebi o que ele queria me dizer. Seu tesão tinha acabado se é que algum dia existiu. Não brigamos, não discutimos e nem nos tornamos inimigos, apenas acabamos . Sei que ele tem o direito de ter um ponto de vista diferente do meu e não podia odiá-lo por isso.

Mas tinha o direito de discordar e foi exatamente o que fiz. E continuo discordando até hoje. Acho justamente o contrário. Tesão por tesão qualquer um pode sentir, o difícil é justamente fazer com que ele perdure algum tempo com a mesma companhia. Aí é que está a magia e o mistério que mencionei acima. Penso mesmo que a amizade é um dos ingredientes importantes para mantê-lo, ter assunto pra dividir, ser cúmplice em certos momentos, rir e chorar juntos, falar bobagem em certos momentos e coisa séria em outros. Para mim esses são ingredientes indispensáveis para manter uma relação sadia e despertar cada vez mais o tesão de um pelo outro. Sem deixar cair na mesmice e na rotina de uma relação mecânica e puramente física. Ou é dessa maneira ou trocamos de companhia como quem troca de roupa.

Não quero de forma alguma obrigar as pessoas a pensar como eu. Apenas espero ser respeitada pelas que pensam diferente. Não ser tratada como fui essa semana por um babaca com quem estava conversando na internet. Ao expor essa minha forma de pensar sobre sexo e tesão fui chamada de boba e careta. Ele tinha até direito de pensar, mas jamais dizer isso. Acho que esqueceram de lhe ensinar que as pessoas tem sentimentos e opiniões diferentes e se não aprendeu isso até hoje (pois segundo ele tem 50 anos) não vai mais aprender.Simplesmente o deletei. Mas antes disse que ele era grosso e insensível , não por discordar de mim, mas por se dirigir de uma forma tão indelicada a uma mulher e já que não respeitava o ponto de vista dos outros, não servia nem para amigo.Desejei boa sorte e que encontrasse uma mulher como merecia. E tomara que encontre.

De repente as pessoa se tornaram tão insensíveis que só conseguem ver a parte concreta das coisas. Dão muito mais ênfase ao ter, ao possuir do que ao ser. O pior é que estão estendendo isso aos seus relacionamentos sejam com os amigos, ou com irmãos e até mesmo com seus parceiros. Contam apenas o que podem oferecer de material. Que pobreza. Aliás,é mais fácil para mim aceitar a pobreza material do que a de espírito. Não que seja perfeita nem santa, não que não goste das coisas que o dinheiro pode nos oferecer , só não o coloco mais como a coisa principal da vida, ainda que seja importante. O chato é que quem pensa assim muitas vezes se sente só. Mas, como diz o ditado “antes só do que mal acompanhada”.

Hoje porém tive a certeza de que não estou tão só. Ao ler um texto de Arnaldo Jabor fiquei aliviada em saber que existem pessoas e principalmente homens que pensam da mesma forma que eu . Na hora que o cara me chamou de boba e careta, senti-me bastante desconfortável e comecei a refletir se eu não estava sendo mesmo desse jeito e se não valia a pena reavaliar minha postura .Mas hoje ao ler o texto de Arnaldo Jabor , de quem já li várias coisas e admiro muito, intitulado “ As deusas do sexo” fiquei aliviada ao perceber que alguns homens também sentem falta de algo mais aconchegante e natural num relacionamento, chegando a sonhar com uma mulher do jeito que eu descrevi. No texto ele fala das mulheres turbinadas e siliconadas, preocupadas só com a aparência física e o que é pior artificial, em busca de uma perfeição sexual, mas infelizmente só sexual e da impotência dos homens perante essas mulheres, ficando mesmo inseguros e sem saber como agir para satisfazê-las e atender às expectativas .

O texto de Arnaldo é tão bom que vale pesquisarem na internet e dar uma conferida (homens e mulheres).Entre tantas outras coisas, que diz, destaquei a que se parece mais comigo.Depois de falar das turbinadas, das bundas e peitos artificiais e inacessíveis e da saudade que tem dos tempos em que os peitinhos e bundinhas eram naturais, Jabor cita : “Mas ainda existem mulheres de verdade(...) com quem se possa discutir um gosto pela música, pela cultura, pela família, sem parecer “um chato” ou um cara “metido a intelectual”(...) mulheres que sabem valorizar uma simples atitude rara nos homens ,como abrir a porta do carro para elas. Que adoram receber cartas, bilhetinhos(ou e-mails) românticos... namorar escutando musiquinhas tranqüilas....”. Acho que Jabor estava me descrevendo... só faltaram as flores, com certeza ele esqueceu.

Penso como Jabor , e graças a Deus ele é um homem, o que mostra que não é apenas sentimentalismo feminino da minha parte e tenho alguns amigos que também pensam da mesma maneira, o que mostra que nem tudo está perdido. Penso que a mulher pode se cuidar sem deixar de ser natural, pode ser bonita e sensual , cheirosa, gostosa, atraente, sem deixar de ser simples, interessante e inteligente sem precisar ser chata, pois sem modéstia é assim que me enxergo , e perante mim mesma o que é melhor ainda.

No momento estou só. Mas só por opção. Melhor do que desperdiçar meu tempo com pessoas que nada têm a me acrescentar. Claro que não perdi meu tesão, nem estou me guardando para um príncipe encantado, pelo contrário, me sinto cada vez mais mulher. Mas sei que quando encontrar o que procuro será definitivo porque vamos saber respeitar um ao outro: nossas expectativas, nossos sonhos e desejos, experiências e dissabores, a individualidade de cada um aceitando quando as opiniões forem inversas. Não existe receita ideal para o tesão, mas com todos esses ingredientes não vai ter quem segure a gente e nem a ninguém que se proponha a conviver desse jeito, que por si só já é um TESÃO.