Transgressão: a inimiga do misoneísmo.

A transgressão, de um modo geral, não é um comportamento peculiar da maioria das pessoas. Até porque o questionamento de algo – na maioria das vezes – sofre uma rotulação pejorativa pela sociedade. Pois esta, acostumada com suas regras, inicialmente vai de encontro com tudo aquilo que viola suas normas.

A transgressão, bem ao jeito nietzscheano, é inerente àqueles que não possuem um espírito de manada, isto é, aqueles que por si só pensam e agem com autonomia. Ilustrando a assertiva anterior, citam–se: Sócrates que desafiou o pensamento mítico, Galileu que contrariou o geocentrismo, Charles Darwin que trouxe uma nova proposição da origem das espécies, Leonardo Da Vinci que revolucionou o mundo das artes, Alberto Santos Dummont que deu asas ao homem e tantos outros que contribuíram para o progresso da humanidade. Evidentemente as notáveis personalidades acima citadas sofreram severa perseguição de seus contemporâneos, pois na defesa de suas idéias romperam com uma série de valores filosóficos, políticos, religiosos e científicos que alicerçavam o pensamento vigente daquela época.

Neste sentido, é inegável que a transgressão pode ser compreendida como violação de uma norma, pois ela tende a romper com o misoneísmo (aversão ao novo), criando assim, novos arquétipos. Convém ressaltar ainda que, se não fosse pelo pensamento transgressor, a história seria estática. Uma vez que a sociedade – presa a valores que lhe são costumazes – não se moldaria às necessidades de novos pensamentos e novas formas de relações humanas. Não haveria, por exemplo, a necessidade de se criar e revogar leis, tolerar novos comportamentos, etc.

Em síntese, violar uma norma é concernente a quem transgride. É, portanto, algo presente no comportamento humano, mesmo que de uma minoria. Conseguintemente resta saber o que a violação de uma norma representa para o todo, isto é, um novo paradigma repudiado ou ovacionado pela coletividade.