A LENDA DO HOMEM QUE PLANTAVA FLORES
Há muitos e muitos anos, a terra estava dominada por espinhos, cardos, abrolhos e todo tipo de plantas venenosas. Nesse tempo, em uma região pobre da Palestina apareceu um homem que decidiu viver para plantar flores. Flores lindas, de todas as cores, tipos e tamanhos. Por onde passava não importando a quem pertencesse a terra, ele enchia generosamente as mãos de sementes e lançava ao solo. As sementes germinavam e produziam lindas flores e ele cuidadosamente regava cada uma delas. Mesmo quando a terra parecia seca e infértil, e as pessoas diziam: não plante ai! Não vale a pena, essa terra não produz nada! Mesmo assim ele insistia em plantar. Cultivava o solo, adubava a terra, escolhia a semente certa e fazia brotar no meio do deserto um belo jardim. Enquanto muitos cultivavam espinhos, ele insistia apenas em semear flores pelo puro prazer de vê-las florir. Más o jardineiro da Palestina não queria plantar flores sozinho. Certo dia ele escolheu doze homens e com muita calma ensinou a plantar flores.
Um dia porém, algo inesperado aconteceu. Cansados do cheiro das flores, do perfume que exalava pelos campos, pelas cidades, pelas casas; que invadia os templos e tornava a vida das pessoas mais perfumadas; algumas autoridades decidiram que era hora de fazê-lo parar. Primeiro tentaram convencê-lo a parar de plantar. Não conseguiram, depois tentaram destruir as flores, matar as sementes, nada! Tentaram tudo sem sucesso, e então decidiram que o único jeito era matar o jardineiro. Assim foi. Prenderam-no, julgaram e o condenaram a morrer numa cruz.
Acontece que após a morte, o jardineiro apareceu aos seus auxiliares, entregou-lhes as sementes e deixou uma ordem. Disse ele: plante flores, especialmente a “a flor do amor”. Sigam pelo mundo afora e transformem o mundo em um belo e imenso jardim.
Depois dessa ordem, os auxiliares do jardineiro se espalharam pelo mundo, levando consigo as sementes das flores deixada pelo mestre jardineiro, carinhosamente chamada por ele de “flores do Evangelho”.
Mas algo começou a mudar. Com tempo as sementes das “flores do Evangelho” foram misturadas com outras sementes que os ajudantes do jardineiro traziam consigo, e foram ficando cada vez mais escassas. Então eles começaram a substituí-las por sementes diferentes: primeiro vieram as “sementes do moralismo religioso” em substituição à “semente da ética”. E assim, a cada dia se via por toda parte canteiros cheios de moralismo enquanto ficava mais difícil encontrar “flores de ética”. Depois trocaram as “sementes liberdade” por mudas de “dogmas”, assim, em lugar de liberdade passaram a cultivar os dogmas, e a tolerância deu lugar à intransigência. Trocaram flores por espinheiros, e a raríssima “Flor do Amor” foi substituída por outra chamada “Flor do Ódio Religioso”. Sementes de preconceito, de intolerância de julgamentos, de legalismos, de fanatismos, foram ocupando espaço nos canteiros do evangelho. As flores da fé cederam lugar para grandes sementeiras de superstição, de culpa e de neurose. “sementes de esperança” foram substituídas pelas “flores do medo”, de disputas doutrinárias e de facções. Com o tempo, as “Sementes do Evangelho ficaram esquecidas, escondidas em meio aos espinhos, sufocadas no meio dos abrolhos, de forma que plantar e colher as flores do verdadeiro Evangelho se tornou uma tarefa difícil e “espinhosa”. Além disso, as pessoas passaram a comercializar todo tipo de flor como se fossem “flores do Evangelho” e ainda um tipo de “Flor do Evangelho” Pirateada, e muita gente foi enganada e comprou.
O tempo passou. Um dia, os auxiliares do jardineiro resolveram voltar aos lugares por onde passaram, e viram as sementes que haviam plantado, as flores que brotaram e como o jardim estava diferente. Resolveram então ler o “Manual do plantador de Flores” deixado pelo jardineiro, e tomaram uma decisão. Disseram eles: Não foi isso que o mestre nos mandou plantar! Vamos arrancar os espinhos, destruir os cardos e abrolhos e destruir as flores que plantamos. Vamos voltar a plantar a verdadeira “semente do evangelho”, vamos voltar a plantar a “Flor do Amor”. Quando olharam para suas bolsas, perceberam que elas ainda continuavam cheias de “Sementes do Evangelho” e assim retomaram a caminhada semeado e florindo a terra, exatamente como fazia no passado o Jardineiro da Palestina.