Estilo político de governança



Independente do estilo político de governança, o que deve ser a marca inalienável de qualquer governo, é o respeito e a maximização da dignidade humana de sua população, de toda a população, e não apenas de parte dela.


Acho a democracia o menos prejudicial dos tipos de governança política. Apesar da democracia, em toda a sua franqueza, permitir o seu desvio ideológico de um estado democrata real para uma disfarçada ditadura da maioria, ou mesmo permitir ser um verdadeiro oásis para aqueles poucos que detêm o poder econômico, em detrimento da maioria sofrida que realmente movimentam o país, ela ainda me parece ser a mais maleável e ajustável forma de governo. 
Acho o socialismo o melhor modelo econômico, encontrar o equilíbrio sem chegarmos a ditaduras ineficazes é um desafio e tanto.
 
Agora vamos lá, acho que já é chagada a hora de tornar pública minha aversão ao liberalismo econômico.
 
A ordem política deve premiar sua população com um governo onde a dignidade humana seja parte ativa do governo.
 
A democracia ultraliberal é uma falsa democracia, onde a corrupção, a pobreza, a miséria, o abandono social, a irresponsável ausência do estado, não permitem igualdade de oportunidades e nem de direitos. 


Um governo deve ser firme o suficiente para garantir que os deveres de todos sejam iguais e socialmente aceitáveis e que todos os cumpram, que os direitos sejam igualitariamente repartidos, mesmo que limitados como forma de sociabilizar os recursos, Deve garantir uma liberdade ética o suficiente para garantir uma vida digna. O estado deve ser poderoso para distribuir a riqueza de forma justa, onde seja permitida a propriedade privada, mas dentro do respeito inalienável a dignidade humana. A produção pode ser privada, mas firmemente dentro de limites exigidos e garantidos, não por agencias fracas e impotentes, que nada fazem, mas sim controladas e regidas por leis fortes e por planos diretores bem delimitados. A liberdade de uns deve e tem que findar quando a dos outros se inicie. 

Uma democracia, onde o poder seja eternamente dividido pelos mesmos, onde as riquezas econômicas sejam usurpadas e distribuídas entre os poucos que já são poderosos, onde o estado atue como segregador, e que acredita na falaciosa argumentação de que uma mendicante caridade seja a alternativa para equalizar os problemas dos mais necessitados, onde a saúde pública seja sofrida, não em decorrência dos profissionais da saúde, que em geral são muito bons, mas sim pelo total estado de abandono com que a saúde pública é tratada em algumas democracias, onde a educação pública, principalmente nos primeiro e segundo graus sofre do mesmo mal da saúde publica, é uma democracia que eu não aceito.
Uma democracia onde aquele que erradamente, e por isso deve ser punido, rouba ou furta um xampu em um mercado qualquer, é imediatamente preso, mas que em oposição aqueles que envolvidos em corrupção, troca de favores com a benesse do estado, tráfico de informações, subtraem da população vultosas somas, por dolo, por displicência ou por incompetência, jamais são presos, principalmente se forem políticos. Esta democracia eu repudio.
A democracia no geral ainda é a melhor forma de governo, pois nos permite ações populares que poderiam mudar este estado de coisas. Uma ditadura é sempre um grande risco. Mesmo que o ditador seja muito bem-intencionado, o grande volume de poder nas mãos de um único homem tende a desvirtuar suas ações. Mesmo que ele seja forte o bastante para dominar esta situação, ele será com certeza bombardeado por solicitações de amigos e familiares, ou mesmo por aqueles que se fazem de aliados por interesses escusos, ficando assim muito difícil, a longo prazo, ao sério ditador, se manter fiel a suas posições. E finalmente existe o risco final, este homem, como todos, fica doente, morre, e o seu substituto pode ser venal, fraco, ou facilmente corruptível.
Todos conhecemos histórias em monarquias europeias, que ao morrer um bom rei, assumiu outro que acabava com a situação anterior, seja por fraqueza, seja por displicência, seja por intencionalidade. O novo ditador pode não manter os princípios do anterior.


Mas democracia por si só não é garantia de qualidade. A democracia precisa de um estado legal forte, de uma clara representatividade de todas as variações políticas e ideológicas da população. Precisa de transparência e de acompanhamento por rédeas curtas de um judiciário firme, correto, justo e independente.
A democracia depende de cada um de nós. Depende do meu poder de ação, do seu poder de argumentação, do poder de fiscalização do nosso amigo, depende também da coragem para mudar de nosso inimigo, enfim ela depende da miscigenação ideológica de todos nós, mas sempre regidos por um estado de direito forte, firme e independente.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 14/10/2010
Código do texto: T2557096
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