Idealismo, serve para que afinal?

Hoje (dia da independência do Brasil) me peguei fazendo essa pergunta. Mas afinal para que serve o meu idealismo? E tive uma surpresa com a rapidez com que meu cérebro processou a resposta: nada. Naturalmente as idéias foram fluindo com o questionamento da pergunta. De nada vale uma idéia se não há quem possa aceitá-la ou simplesmente entendê-la.

Ser idealista em um mundo pequeno como o meu é alimentar-se e morrer de indigestão dos próprios sonhos. É como possuir uma visão perfeita em um mundo escuro, sem claridade Não há – com exceção – quem te valorize. As pessoas simplesmente ignoram o seu valor, seu caráter, suas qualidades.

Viver numa cidade como Condeúba é viver a todo o momento sob olhares suspeitos. É ter que provar pra si mesmo e principalmente para os outros que merece um pouquinho de atenção, de apoio – até mesmo porque ninguém conquista o mundo sem antes conquistar a sua casa. É ter que conviver com uma cultura ingrata e soberba de valorização do outro ao invés de si mesmo. É a velha opinião pessimista de que a luz de fora é a mais iluminada. O jardim do vizinho é sempre o mais verde.

Viver numa cidade pequena é ter que conviver com a ignorância e a prepotência de quem é mais forte. É aturar gentes hipócritas, corruptas, politiqueiras e demagogas. E até mesmo, aplaudi-las. É ser um cordeiro em meio a lobos maldosos e famintos. É ser uma árvore frutífera que teve a infelicidade de nascer sufocada entre galhos de espinhos.

Contudo, o amor que sinto por este lugar vai além do meu conceito por ele. E serei injusto se dissesse que o povo de modo geral não valoriza os seus artistas. Não, pelo contrário, aqui existe muita gente boa, culta e que deseja o melhor para os seus guerreiros conterrâneos. Não se pode julgar um povo pelo jeito de pensar de alguns. No meio de dez, existe sempre aquele que tem uma visão diferente e age diferente também!

No entanto é preciso colocar na cabeça desse povo que santo de casa faz milagre sim e que devemos valorizar o que é nosso, não o que vem de fora. Devemos sempre sonhar com o amanhã, com prosperidade, não contentar nunca com mesquinharias. “Se olhássemos sempre para o céu, acabaríamos adquirindo asas”, já dizia Gustave Flaubert. É preciso ter cuidado para não perder o hábito de sonhar, pois o sonho é o alimento da alma. O dia que deixarmos de sonhar, morreremos.

*Texto publicado no Blog "Cantinho do Leitor" (http://condeuba2.arteblog.com.br/) no dia 07 de Setembro de 2009. E no "Jornal A Tarde" de 21/09/2009.

Leandro Flores Bahia
Enviado por Leandro Flores Bahia em 14/10/2010
Reeditado em 16/10/2010
Código do texto: T2556010
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