Amanheci assim...
Às vezes bate dentro de mim uma angústia que chega devagar, vai tomando conta de mim e dos meus pensamentos. Embrulha de leve o estômago e vai subindo a garganta atropelando os espaços. Preciso de um tempo, umas férias. Preciso da solidão escolhida, preciso criar alguma coisa. Talvez escrever agora, porque é o pouco que ainda sei fazer. Quero e preciso afastar esse desconforto. Até quando? Talvez até sempre. Talvez essa angústia esteja associada à decepção de me sentir incapaz de acumular todo conhecimento que gostaria e de nem sentir o tempo passar enquanto mergulho nesse mundo covarde .Uma briga interna, inteiramente minha. Deixarei de brigar comigo mesma.. E sobra o inverso da satisfação de dizer: Minha vida é a minha cara. Penso se não tenho sido um robô manuseando pessoas, me deixando esse vazio imenso, trancada num labirinto onde ganância, vaidade e inveja ditam as regras do jogo. Eu escolhi me trancar na jaula com os leões em troca de menores cobranças e agora estou aqui, buscando a chave do cadeado que eu mesma fechei. Tenho a sensação de que quando essa porta abrir, só vou levar comigo meu gato cinza, minha caixa de fotos, o livro que ganhei do Augusto e alguns Cds com as melhores que marcaram minha estrada, uma foto e a certeza de ter me livrado de uma bela e falsa armadilha. Dinheiro, estabilidade pagam as contas, mas deixam uma cratera no coração da gente. Decidi então procurar um novo lugar para pendurar minha rede...