O IMPORTANTE MINISTÉRIO MESSIÂNICO

PALAVRAS DE VIDA

Pr. Serafim Isidoro.

O MINISTÉRIO DO MESSIAS

(Texto I)

"E a ciência se multiplicará"... - Dn. 12.4.

Reproduzo aqui, literalmente, o que o meu livro "Considerações à Doutrina da Prosperidade" Edição 2.000 diz na página cinco: " O texto de Daniel capítulo doze previa um tempo, Tempo do Fim, Dispensação da Graça, quando haveria uma globalização, um comércio intensificado, um correr de uma para outra parte, e a ciência se multiplicaria. A ciência, conhecimento adquirido, tem crescido de maneira espantosa neste século, nesta década, nestes dias. Há um incremento de conhecimento em todas as áreas e em todo o mundo. Mas, no sistema doutrinário, exegético, não tem havido muitas mudanças desde Lutero, Calvino, Arminius, Agostinho e outros. A época das descobertas teológicas parece já ter passado".

Poucos entendem, em nossos dias, que a revelação de Deus sempre foi progressiva em todas as épocas da história bíblica. É do caráter de Deus se fazer conhecer de maneira paulatina através do curso do desenvolvimento do ser humano. Não é só a vereda do justo que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito; a revelação vinda de Deus também é manifestada desta maneira. A vinda do Messias, a vinda do Servo do Senhor, a vinda de Siló, a vinda do Profeta maior do que Moisés, não foi revelada senão de maneira gradual e gradativa.

Aprendemos em hermenêutica que as profecias só são claramente entendidas quando da proximidade dos seus cumprimentos. Há tempos, dizia-se que o comunismo Russo era o berço do Anticristo. Isto porque aquela nação estava no auge em competição com o poderio norte-americano e por ser a Rússia uma nação do norte. Hoje, entretanto, o quadro político mundial mudou e não mais se declara tal possibilidade. Apareceu neste cenário o líder Khomeini, depois Sadan Hussein, agora é Osama bin Laden, ou talvez, presidentes recém eleitos em nações poderosas. Nossos conhecimentos proféticos, escatológicos, evoluem conforme a mudança do quadro político mundial.

A multiplicação da ciência secular é maravilhosa. Meu pai, falecido em mil e novecentos e sessenta e dois, não poderia pensar que haveria ainda uma comunicação visual, mundial, a qualquer momento e de qualquer parte, como é a Internet, ou como foi ouvido o bater do coração da cadela Laica, que estava na lua, quando do envio da nave russa. Ou o vídeo perfeito da primeira pisada do homem na lua quando do envio da nave americana. Meus antigos mestres atinham-se a doutrinas bíblicas as mais simples, como sejam: Harmatiologia, Soterologia, Batismos e Segunda Vinda de Jesus. Indiscutivelmente a doutrina era firmada e afirmada como sendo a mesma para todas as épocas, e se alguém ousasse dizer em contrário, receberia a resposta paulina, neo-testamentária, de que "se alguém quer ser contencioso, nós não temos tal costume".

Naquela época, não havia, ainda, os Institutos Bíblicos, as Faculdades Bíblicas, as Universidades Cristãs. Para um povo simples, tudo é também simples. Já preguei em salas de estar, em praças, ao ar livre e até em templos que comportam dez mil pessoas assentadas. Mas só agora descobri um novo púlpito, com nome internacional e esquisito: WEB SITE. Que maravilha!... Eu falo (escrevo) e o mundo inteiro pode me entender. As minhas experiências, os meus ensinos, o meu aprendizado, as revelações de Deus, podem ser acessadas em qualquer país, a qualquer hora e... f r e e (de graça). Paulo escreveu que Deus lhe havia aberto uma porta larga e eficaz para a pregação do Evangelho. Pois a Internet é hoje esta porta e esse meio tremendo de comunicação para a difusão da mensagem de Deus.

Pois aí vai, então, a doutrina bíblico-teológica:

Temos observado que uma das raízes básicas para um bom entendimento bíblico é a divisão das Escrituras, ditas sagradas. Estamos acostumados aos enlatados, ao tradicional, ao corriqueiro. A divisão da Bíblia nos veio, como quase tudo a que a ela se refere, de uma época fundamental, significativa, histórica, que foi a época do Imperador Constantino. Aquela foi época da bifurcação, não só do Império Romano, mas também do cristianismo. De tal época, chega-nos a definição de que a Bíblia, o livro de Deus (ou o livro por Deus) seja dividido em duas partes: Novo Testamento; Velho Testamento.

A começar pelos títulos, temos absorvido durante séculos, isto que nos impuseram. Cito textualmente minha apostila "Noções Básicas à Leitura do N. T. Grego", edição mil e novecentos e noventa e sete, página três: "Há séculos, desde a tradução feita por João Ferreira de Almeida, que se usam expressões mal colocadas quanto à realidade dos fatos, mesmo nas áreas teológica e crítico-textual, exegética, das Escrituras. É o caso das expressões: Novo Testamento; Velho Testamento. Quanto à expressão Novo Testamento, há certa aplicação plausível do termo, devida a morte de Jesus, o Cristo, que tendo morrido em lugar dos pecadores, legou com o Seu sacrifício, uma herança eterna aos que O aceitam como suficiente Salvador. Deixou-nos, pois, um novo testamento.

Quanto à expressão Velho Testamento, entretanto, fica sem sentido, uma vez que não houve testamento algum, de nenhuma personagem que ligasse de forma tão larga à humanidade, como foi o caso da obra redentora do Senhor Jesus. Na realidade, não houve velho testamento. Todo o problema deste assunto se origina de uma má tradução da palavra greco-koinê: DIATÊKÊ - substantivo, genitivo, feminino, singular, traduzido trinta vezes no N. T. como ALIANÇA, e duas vezes como TESTAMENTO, Hb. 9.16-17, onde cabe realmente a idéia de morte beneficiária. Minhas publicações de livros e apostilas trazem, então, as denominações: Velha Aliança (V. A.) e Nova Aliança (N. A.)".

Entretanto, a divisão dupla das Escrituras, na realidade, está também equivocada. Não são duas, mas sim TRÊS, as suas divisões: temos 1) Velha Aliança; 2) Ministério do Messias (que é definição teológica); 3) Nova Aliança. Lá nos idos de mil e novecentos e cinquenta e três (há cinquenta e cinco anos) já nossos mestres da Escola Bíblica de Lavras, M. G., nos ensinavam que dentro dos Evangelhos o ministério de Jesus era para os judeus. Ele veio para o que era Seu. A primeira parte do plano de Deus era que o povo Israel se salvasse. Israel é a esposa de Deus. O povo escolhido. Jesus dissera: "Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" - Mt. 15.24.

Os preceitos e ensinamentos do Mestre foram para os judeus: ir ao templo, dar esmolas, não jurar, vender o que tem e dar aos pobres, mostrar-se aos sacerdotes, o divórcio, o dízimo, as sinagogas - tudo no ambiente judaico. Ele não veio descumprir a Lei. Não veio demolir o judaísmo. Observou as datas festivas, comemorativas do Seu povo. Ele veio - repetimos - para o que era Seu. Deus não desamparou o Seu povo a quem ha tanto tempo elegera. E não desamparará: "Ainda que Israel seja como a areia que está à praia do mar, somente o remanescente será salvo" - Rm. 9.27. A remissão de Israel está no Messias. Eles O rejeitaram, e ainda O rejeitam, mas o dia virá - Sua segunda vinda (expressão teológica) e então dirão: "bendito é Aquele que vem em nome do Senhor". Naquele dia, todo o Israel será salvo.

Jesus é israelita, da tribo de Judá. Nasceu em Israel, de mãe autenticamente judia, israelita. Pregou para o Seu povo e quando a gentílica siro-fenícia lhe pede uma cura, Ele lança-lhe no rosto a finalidade da missão que Ele tinha: "as ovelhas perdidas da casa de Israel". Os Seus doze originais discípulos (apóstolos) eram todos judeus. Recomendou-lhes que não fossem pelos caminhos das gentes. Que não entrassem em casa de samaritanos (judeus mesclados aos gentios) e que pregassem sobre O REINO. O Messias é o Rei dos judeus. Deu-lhes específicos mandamentos que, depois, não seriam dados aos apóstolos da Igreja - (apostolado é outra doutrina que posteriormente teremos que explicar quando tratarmos do duplo apostolado de Paulo) - disse-lhes: "não leveis nem bolsas, nem alforges, nem sandálias" - Lc.10.4. Paulo, Barnabé e os demais apóstolos da Igreja, posteriormente, não viajaram ou agiram deste modo. E nós hoje (enviados) não procedemos ou nos vestimos assim.

O Ministério do Messias é especifico a Israel. Os profetas só veladamente falaram sobre o ministério do MESSIAS às gentes, às demais nações que não Israel. Poucas são as citações explícitas, na Velha Aliança, sobre esse tema. A conversão de povos não israelitas mais se enquadra numa noção de proselitismo, de povos que se AGREGAM ao judaísmo, devendo por isso, ser-lhe submisso, agregado, apenas. Não se distingue nos escritos dos profetas um povo abençoado à parte dos judeus. Ainda em nossos dias, denominações há que professam ser a Igreja (na sua maioria gentios) unida a Israel para receber a salvação do Messias. Colocam, numa parábola moderna, a Igreja como sendo uma asa do avião, Jesus como sendo a outra asa, e o judaísmo como o bojo. Inverto essa analogia: Israel é uma asa, a Igreja é a outra asa (veja-se quão distante fica uma asa da outra) e Jesus é o bojo. Não é Ele que se une ao judaísmo. Sendo o bojo - nessa analogia - quem se une a Ele para a salvação, são as duas asas, isto é: Israel e a Igreja. Israel é Israel; Igreja é Igreja. São dois povos distintos no plano de Deus. Duas asas. Mas o salvador é Cristo. Jesus para Israel; Jesus para a Igreja.

Durante toda a Velha Aliança o mistério esteve oculto. É necessário um Paulo, é preciso um ministro totalmente diferente dos demais onze para receber de Deus a potente revelação que é: "Cristo em vós, a esperança da glória" - "Nele, Jesus, estão escondidos todos os mistérios da sabedoria de Deus" - "Que dos dois povos fez um". - Este é o Paulo que subjetivamente conhecemos. Este o tesouro da revelação divina a gentios, um povo que não era povo, separado, distante da Lei e dos profetas, perdido e sem Deus no mundo, mas que aprouve a Deus salva-lo pela loucura da pregação. Quão maravilhosa é a frase: "Cristo em vós, a esperança da glória" - "E porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito da glória de Deus". "Ele veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam; mas a todos que O receberam deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, a saber, os que crêem no Seu nome".

O mistério estava oculto. E não era por engano que tudo acontecia assim. Deus no Seu boulê, no Seu propósito, planejara tudo, de sorte que: "o cordeiro foi imolado desde a fundação do mundo". Ele veio para morrer, morte expiatória, substitutiva, redentora. Entendemos que Jesus mesmo, como HOMEM de Nazaré, na Sua natureza humana desvestida da natureza divina - Fp. 2.5-8 - (esta é outra doutrina que devemos explanar futuramente) - não tinha em mente a prioridade da salvação aos gentios. Daí o esforçar-se diária e continuamente pela pregação do Reino ao Seu povo - os judeus. Do lado humano, o assunto da redenção - compra por preço de sangue - necessitava ser tratado por seres espirituais: Moisés e Elias, que falavam da Sua morte, a qual haveria de se cumprir em Jerusalém.

De certa altura do Seu ministério, Ele passou a dizer aos discípulos acerca da Sua morte e ressurreição. Tal fato só se deu no final dos três anos e meio de atividades evangelísticas. Em Sua última semana de vida terrestre, a tônica dos Seus ensinos tomou outro rumo. Não mais as parábolas. Não mais a pregação do Reino. Agora a reta de uma despedida e de responsabilidades que os onze teriam que assumir. Ainda ouço na lembrança, meu primeiro mestre, Pr. João Joaquim de Oliveira, de saudosa memória, nos ensinando que no Evangelho de Lc. 19.41-44 acontecia a grande mudança na dispensação de Deus: Jesus chora sobre Jerusalém, dizendo ser aquele o seu DIA - dia de Jerusalém - en tê hêmera tautê - "em o dia teu "- a última chance - perdida - para um povo que sempre rejeitou os apelos de Deus. Nem ao Filho de Deus respeitaram.

O evangelista João continua a narrativa dizendo - Jo. 12.20 - que uns gregos, gentios, pediram a Filipe para ver, para encontrar, Jesus. A resposta do Mestre agora é: "É chegada a HORA de ser glorificado o Filho do Homem"... - E os recebeu. É um novo tempo, uma nova dispensação. A Igreja que Ele havia dito que edificaria - tempo do verbo no futuro, - AGORA - receberia a Sua mensagem, o Seu favor, a Sua pessoa divina. Ressurreto, Ele não mais lhes diz: "vocês vão e preguem o Reino". Não mais às ovelhas perdidas de Israel, mas: "Ide, pregai o Evangelho, a boa nova, a todas as gentes - ethnes". - Não só aos judeus, mas aos árabes, aos etíopes, aos italianos, aos indianos, aos japoneses, aos franceses, e até aos confins da terra - Brasil, Américas, do outro lado do globo terrestre - entendemos.

Finalmente, temos a terceira divisão da Bíblia, que é a dispensação da Igreja.

Como vimos, essa nova dispensação começa, não no inicio do livro Atos, mas nos últimos capítulos dos evangelhos, com o fato da atenção do Senhor ter-se voltado aos os gentios. Só uma vez nos evangelhos Jesus se refere à Sua Igreja. O texto de Mt. 18.17 é uma má tradução da palavra EKKLESIA que, entendido o texto na acepção que estamos colocando, deveria ser traduzida: "CONGREGAÇÃO". (Leia este texto em tua Bíblia.) Observe-se que o Senhor não está a falar senão ao sistema legal vigente em Israel. A Igreja, pois, somente UMA vez é citada por Jesus em Mt. 16. 18. Aqui, o termo se refere a uma instituição e não a uma simples congregação. É um título. O povo de Jesus seria chamado: Igreja.

Jesus não veio pregar para a Igreja. Não veio para edificá-la nos Seus dias. Ela só nasceria no Pentecoste, cinquenta dias após Sua morte. O tempo verbal usado no texto de Mt. 16.18 é futuro: OIKODOMÊSÔ "edificarei" – verbo, indicativo, futuro, voz ativa. Os doze discípulos não eram a Igreja, naquela época. Eram os MATHETÊS - aprendizes; eram os enviados – APOSTOLOI - (apóstolos). Teologicamente entendemos que a Igreja nasceu no Pentecoste. Só com a vinda do Espírito do Senhor é que o corpo inerte, medroso, covarde, recebe vida, poder - dynamis - ação.

Então, a terceira divisão da Bíblia é a mais poderosa. Jesus transformou a Páscoa em Sua Ceia. Ressuscitou. Apareceu a Saulo de Tarso. Está à direita de Deus - como O viu Estevão. É o Senhor Todo Poderoso, como o viu João, no Apocalipse. Esta terceira divisão pode ser também chamada "A Dispensação do Espírito Santo". O Senhor dissera: "E obras maiores do que estas farão" - "Tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar". O mistério seria desvendado através de Paulo, o décimo segundo apóstolo. A revelação de Deus é sempre progressiva. O doutor da Igreja é Paulo. Jesus é o autor e consumador da fé - da Igreja - mas Paulo é o amigo do noivo que cuida da noiva. Paulo cumpre no seu corpo o resto das aflições de Cristo. A Paulo foi revelado, por Jesus, o mistério que esteve oculto em todos os séculos, que é: "Cristo em vós (gentios) a esperança da glória - Cl. 1.27.

Assim entendido, são três as divisões da Bíblia: 1ª. ) Velha Aliança - 2ª.) Ministério do Messias a Israel - 3ª.) Ministério da Igreja - ensinos e doutrinas apostólicas.

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(I) Publicado no Recanto das Letras) - http://prserafimisidoro.blogspot.com

PALAVRAS DE VIDA

Pr. Serafim Isidoro.

O DUPLO APOSTOLADO DE PAULO

(Texto III)

Apostolo, palavra greco-koinê da Nova Aliança, significa enviado. apostelô é o verbo enviar. Apostolo, usado como adjetivo qualificativo indica um cargo, uma missão que na teologia apostólica só seria usado quando o indivíduo tivesse o privilégio de ter visto o Senhor Jesus. No desenvolvimento do ministério terrestre do Senhor, doze homens, judeus, foram escolhidos, após exaustiva noite de oração, ao descer do monte, quando Jesus chamou-os pelos respectivos nomes e lhes deu este honroso, mas difícil título.

Já era do boulê (plano) de Deus, que um destes apóstolos tivesse a desventura de trair o Mestre com um beijo. Lá pelos idos mil anos antes de Cristo, o salmista profeta cantava o fato daquele que lança com o Senhor a mão no prato, mas que levanta contra Ele o seu calcanhar - expressão judaica para significar traição, acusação. Essa pleiade de homens, por Deus escolhidos, conviveriam três anos e meio com Jesus, acompanhando-O nas jornadas da proclamação do reino de Deus aos judeus, na cura dos mais diversos enfermos, na libertação dos oprimidos de espíritos malignos e até, na ressurreição de mortos.

Tais homens renunciaram a tudo, fazendo de suas vidas a prioridade de estar com o Senhor. Atrás ficaram os afazeres dos seus ofícios, de suas famílias, dos seus negócios. Na realidade, eles perderam as suas vidas próprias num período indefinido que acabou sendo do resto de suas vidas. O preço do apostolado foi muito alto. Mas alto também é o privilégio, pois o livro Apocalípse afirma a posição deles na vida futura - os doze apóstolos - como privilegiados, honrados perante o Cordeiro de Deus. Par e par com representantes das doze tribos de Israel, os doze apóstolos terão exacerbado destaque na glória que há de vir. Só eles. Ninguém mais gozará desta honra.

Estes apóstolos, como discípulos, receberam ordens e mandamentos especiais do Mestre, que exigiu que no desempenho de suas ações proclamatórias do reino de Deus, não levassem bolsas, nem alforge, nem duas túnicas, nem sandálias. Que vendessem e dessem aos pobres os seus bens, despojando-se de tudo o que é lícito para outras pessoas que não os enviados. Mais tarde Ele lhes explicaria que cheios do Espírito Santo que haveriam de receber, seriam feitos mártires do cristianismo. Morreriam assassinados como coroa da missão que receberam. De acordo com a tradição, nenhum deles morreu de morte natural. O apostolado começou com a renúncia própria e terminou com a morte por suplício. Estes são os apóstolos do Cordeiro.

Com a infeliz traição de Judas Iscariotes, o número dos apóstolos baixou para onze, o que procuraram resolver substituindo o lugar de Judas por lançamento de sortes sobre um discípulo chamado Matias, do qual nenhuma menção encontramos mais nos MSs. da Nova Aliança. Os méritos de tal escolha, não nos compete discutir, mas relatos posteriores nos levam à conclusão de que o lugar número doze dos apóstolos, na realidade, não foi preenchido naquela ocasião.

Passaram-se aproximadamente dois anos - plano de Deus - até a conversão de Saulo de Tarso. Então o décimo segundo apóstolo chegou. E chegou com poder e autoridade, esse Paulo. Declara ter visto o Senhor, ouvido a Sua voz, recebido as ordens Dele para o resto da vida deste que seria o porta-voz das revelações de Deus que estiveram escondidas durante séculos, aguardando o dia, o momento, a época da Igreja. Quão insondáveis são os caminhos de Deus!...

Paulo recomenda-se a si mesmo. Arroga para si o título Apóstolo. "Apostolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus". A autoridade de Paulo é tão grande, que não pôde ser contestada por nenhum dos demais apóstolos. Tiago Irmão do Senhor, discípulo e não apóstolo, fez parte da administração Pedro, Tiago e João. Parece ter tomado o lugar do seu homônimo a quem Herodes matara. Pois esse Tiago passa a apoiar Paulo. Pedro o reconhece. A Igreja o recebe. Paulo, apóstolo, autenticamente reconhecido. Mestre Paulo; (Doutor Paulo); Apóstolo Paulo. Ele faz parte do que poderíamos denominar Colégio Apostólico; Apóstolos Originais; Primeiros Apóstolos; Apóstolos de Jesus.

Mas na Igreja em Antioquia, aparecem mais apóstolos do que aqueles doze, dos quais Paulo agora fazia parte. Barnabé é um destacado judeu, companheiro de Paulo desde a conversão deste, e recebe a denominação Apóstolo. Enviado. O Espírito Santo separa a Paulo e a Barnabé para "a obra a que os tenho chamado". E foram enviados pela Igreja, com imposição de mãos dos Anciãos - Presbíteros - Velhos. Observe-se que O Espírito Santo chama; a Igreja envia. Torna-os Apóstolos - enviados.

Tal acontecimento é do capítulo treze do livro Atos, lá pelo ano quarenta e cinco depois de Cristo, alguns dez anos após o Pentecoste. Parece iniciar-se uma fase diferente na história da Igreja, que ao que julgamos, era até então de predominância judaica. Com exceções da obra de Filipe em Samaria e da conversão do centurião Cornélio, uma Igreja que começara com três mil convertidos em um só dia, pertencia ao ministério de Pedro, o apóstolo da circuncisão. Ainda eram apesar e crentes em Jesus, cumpridores da Lei Mosaica. - At. 21.20.

O fato da Igreja apostolar, enviar, aqueles a quem o Espírito Santo chamara, eleva Paulo a uma dupla missão, a um duplo título, a um duplo apostolado. Ele é apóstolo de Jesus Cristo, por mandado de Deus, mas é também, apóstolo da Igreja de Antioquia. O entendimento de tal duplo apostolado só nos é possível quando exegeticamente estudamos o Livro de Deus.

O termo greco-koinê apóstolos tem, nos escritos da Nova Aliança, duas conotações: como adjetivo qualificativo indica o título, o ofício, a função, o cargo apóstolo, que é privilégio somente dos doze escolhidos de Jesus, número fechado no plano de Deus. Sai Judas, entra Paulo.

O mesmo termo traduzido apóstolo, usado como verbo - apostelô - significa enviar, comissionar, credenciar para uma missão fora da porta. Barnabé não é contado entre os doze apóstolos originais. Mas é apóstolo da Igreja (ou, pela Igreja). Quando Paulo se refere a ter enviado Tíquico a Éfeso, usa o termo apesteila (apostelô)-II Tm. 4.12.

No desenrolar do desenvolvimento da Igreja através dos séculos, muitos têm recebido uma chamada, um chamamento divino ao ministério cristão e têm sido enviados, até, a nações longínquas. Mas a seara é grande e os ceifeiros sempre têm sido poucos. A cada geração há um novo apelo de Deus dizendo: "A quem enviaremos? quem haverá de ir por Nós?". Ao acompanhar estas nossas considerações ao apostolado, talvez o meu leitor sinta nelas como que mais dos brados de Deus que já lhe foram dirigidos. Venha cerrar fileira nesta gloriosa missão de representar e anunciar um reino que não terá fim: o reino eterno de nosso Senhor Jesus, o Cristo.

Só Jesus.

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PALAVRAS DE VIDA

Pr. Serafim Isidoro.

EM CRISTO, A NATUREZA DIVINA / HUMANA

(Texto II)

Não se assuste. Não é erro de português. O artigo feminino está, de propósito, colocado no singular: A natureza - e não: As naturezas. Quando nos referimos à Trindade, as definições se tornam complexas, porque teologicamente definimo-La Tri unidade; unidade composta. Também quanto à natureza do Cristo, o Ungido, as definições forçosamente parecerão fora das regras gramaticais, devido à complexidade espiritual da referida definição. Explico:

Quando as confissões de fé, elaboradas pelos mais diversos teólogos do passado, nos são apresentadas, a definição Trindade é definida como sendo: Pai, Filho e Espírito Santo. Está implícito que a Pessoa do Filho seja o Logos, o Verbo, o Palavra - (no grego koinê "palavra" é gênero masculino). Entretanto, o Filho só existe após a encarnação. O Filho tem, aproximadamente, dois mil anos de existência. É o único que continua a fazer aniversário - contagem de anos de vida dentro do tempo, apesar de ter morrido. Ele ressuscitou e viverá eternamente. No eterno passado o Filho só existia subjetivamente. Era apenas um plano - boulê - de Deus. Não existia o Filho como encarnado. No eterno passado Ele era o Logos - o Verbo, o Palavra. "No principio era o Verbo". Jo. 1.1.

Logicamente quando nos referimos à Trindade, estamos falando de três Pessoas divinas que habitam e existem fora do Tempo, fora deste espaço, fora desta massa que conhecemos - onde vivemos - onde temos nossa realidade. A Trindade é eterna, e a eternidade não está contida no tempo. A eternidade poderia ser representada por um círculo perfeito sem começo e sem fim. - Esta não é a nossa realidade. Nós habitamos no tempo, que tem começo e fim.

Então, se a Trindade é eterna, Sua definição tri unitária deveria ser: Pai, Logos, Espírito Santo. O Logos é o Espírito que habitou Jesus. Ele é Deus. Jesus é o homem, nascido de mulher como todos os demais, a fim de ser participante da natureza humana: o "Filho do Homem", "Emanuel - Deus conosco". Jesus foi feito corpo: "corpo me formaste" - Hb. 10.5 / Sl. 40.6 (Septuaginta). "Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei" - Hb 1.5.

Hoje, pertence ao tempo. Ele foi formado dentro do tempo, muito embora o plano fosse feito no circulo da eternidade.

Por alguns, essa doutrina é definida como sendo "O Mistério da Santíssima Trindade". Realmente, em parte conhecemos e em parte profetizamos, como diria Paulo, o apóstolo. Quando buscamos entender tal doutrina, ela se nos apresenta por demais profunda. É o mesmo poderoso apóstolo quem escreveu: "Nele - em Jesus - estão escondidos todos os mistérios da sabedoria divina" - Cl. 2.9.

A união de um Espírito divino a um corpo humano trouxe para a terra, para o âmbito dos homens, o segundo Adão. Legítimo representante da raça humana que travaria a batalha dos séculos, que recuperaria através de pagamento do preço de resgate, conforme exemplificado nos livros de Moisés acerca do remidor. Traria salvação ao que estava perdido em razão da queda de Adão. Com Sua vida, morte e ressurreição Ele geraria uma nova espécie de filhos de Deus. Os filhos por adoção. É Ele o primogênito dos mortos. O primeiro de uma nova geração que adentrará a eternidade. Uma geração Nele e com Ele que será habitante de nova terra, que penetrará o circulo espiritual da eternidade, tornando-se também eterna através da Sua redenção.

Como explicar-se um ser divino unido a um corpo humano? Jesus não tinha dois espíritos. Só tinha o divino. Mas o corpo é humano, terrestre. Sua alma (teoria tricotômica) atuaria como ligação desse corpo e desse Espírito, definindo-o como "O Homem de Nazaré". Suas ações foram impecáveis, no sentido lato da palavra. Ele é Santo. Única exceção da raça humana. Os demais homens, todos pecaram e necessitam da glória de Deus. Mas Ele é o Santo.

O título que nos serve de tema refere-se a uma dupla natureza, que nem sempre é entendida com clareza pela teologia moderna. A corrente definição teológica de que Ele seja cem por cento Deus e cem por cento homem tem mesclado Sua atuação na realização de milagres e maravilhas. Mas o poder curador, não era a manifestação do Seu espírito divino. Ele, o Logos, voluntariamente desvestiu-se da natureza e das prerrogativas divinas. O Espírito Santo, a Quem Ele define como "o Espírito de meu Pai" atuou no ministério de Jesus de maneira especial, pois Ele foi ungido com óleo de alegria mais do que os Seus companheiros. Houve ocasião em que Ele admirou-se: "Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé" - disse. Necessitou indagar: "Quem me tocou?" - "Quantos pães tendes?" - "E crescia Jesus e se fortalecia em sabedoria e graça perante Deus e perante os homens" - Lc. 2.52. - Desenvolvimento gradativo.

Estas não eram manifestações da natureza divina, onisciente. Se constantemente esta natureza humana era atuante, fica patente que, realmente, ali estava "O Homem de Nazaré; o Filho do Homem" - uma de Suas frases favoritas ao se referir quanto a Si mesmo. Ele chorou. Nunca lemos, em toda a Escritura, que Deus (o Espírito Eterno) chorasse. O choro é atribuição da alma humana. É a expressão de sentimento, de dor, reconhecimento de incapacidade. Chorar só é humano. Sua natureza se mostrou autenticamente humana. - Emanuel.

Mas, de outro lado, Jesus demonstra atitudes também autenticamente divinas, sobrenaturais, quando perdoa pecados. Quando diz que o Pai a ninguém julga, mas entregou ao Filho todo o julgamento. Quando promete: "Eu o ressuscitarei no último dia". Não são os Seus atos que demonstram a Sua natureza divina; são as Suas palavras. São as Suas ordens. É a Sua autoridade verbal.

Diante do exposto, dispensaríamos o uso da percentagem para definir as duas naturezas de Jesus. Cem por cento mais cem por cento fariam duzentos por cento, o que no caso, não nos seria cabível admitir. Definimos que são duas naturezas. É o suficiente; é o bastante. A Ele seja toda honra e toda a glória pelos séculos dos séculos. Amém. - Sim.

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