O COFRE, A BOLA E O AVIÃO
A chegada da Copa do Mundo de 2014 traz uma boa polvorosa nas cidades onde acontecerão os jogos. O estado do Amazonas e Manaus está gastando o equivalente a trezentas vezes do orçamento anual da Amazonastur. É o que custa preparar a cidade para o turismo.
Nas reuniões, fórums, seminários que antecedem os investimentos, um assunto costuma vir à baila: O aeroporto Eduardo Gomes. Há um jogo de empurra que sempre acaba na Infraero, não apenas por omissão nas informações ao público, mas por sua maneira nem sempre respeitosa de tratar os usuários dos aeroportos. Ranços da recente ditadura ainda não totalmente removidos do modus operandi desta empresa com hierarquia militar.
A bem da verdade, devemos bater no próprio peito e fazer um mea culpa porque nem tudo são problemas causados por outros. Em um artigo anterior falamos da ociosidade do aeroporto em grande parte do dia e o movimento estressante das horas de pico. A Infraero, neste caso, joga a culpa em cima da ANAC e esta em cima das empresas aéreas que por sua vez culpam as rotas internacionais e o conforto dos passageiros. Se isto não pode ser resolvido então só resta investir na ampliação do aeroporto.
O Amazonas gostaria de ver seu aeroporto transformado em um centro distribuidor de rotas aéreas (hub), mas não reduz o ICMS sobre os combustíveis como uma forma de atrair as companhias aéreas. Nem a cidade resolve o problema do transporte coletivo tão necessário ao bom desempenho da principal via de acesso à Capital da Amazônia.
Se o estado investe apenas uma partícula infinitesimal em sua empresa de turismo é porque está preocupado com a principal fonte de renda que é o Distrito Industrial que cobre e encobre com seu volume toda a outra atividade amazonense. Mas jamais deveria esquecer que o Amazonas é conhecido por suas florestas e rios, não por sua indústria. Por mais que se faça em termos de incentivos à indústria, sempre estaremos atrasados em relação aos centros produtores de tecnologia. Por mais que os outros invistam, jamais terão a exuberância natural que a natureza nos dá de graça. Se, por algum motivo, as empresas se afastarem, não conseguirão levar a natureza com elas.
Insistir em comparações pode parecer pedantismo, mas volto a dizer que o Turismo na Costa Rica recebe anualmente dois milhões de estrangeiros. Embora isso represente em renda apenas dez por cento do faturamento do Pólo Industrial de Manaus, não é um modelo concentrador de renda e a população daquele país, que cabe trinta vezes no Estado do Amazonas, agradece de coração. Mais de 150.000 turistas são atraídos para aquele país para verem serpentes.
Independente de Copa do Mundo, a Amazônia é a bola da vez. É bom abrir os cofres para investir para que eles voltem a abarrotar com o retorno do investimento.
Luiz Lauschner – Escritor e Empresário
lauschneram@hotmail.com