Covil de Ladrões e Salteadores
PALAVRAS DE VIDA
Pr. Serafim Isidoro.
COVIL DE LADRÕES E SALTEADORES
“A minha casa será chamada casa de oração...” – Mt. 21.13.
Estupefatos, de olhos arregalados por certo, os aprendizes de Jesus viram o Mestre transformar Suas ações e gestos em uma fúria nunca presenciada por eles. Estavam no pátio do templo, local considerado sagrado, porém onde os cambistas trocavam a moeda vigente aos estrangeiros afim de que comprassem animais estipulados pela lei para o sacrifício religioso. Até então tal fato parecia corriqueiro, usual, sem problemas.
Chega ao local Jesus e os Seus aprendizes. De repente Ele se exaspera. Sua voz é elevada como uma trombeta. Seus nervos se contraem e Ele furiosamente, munido de pedaços de corda usa-os como chicote contra os animais, vira a mesa dos cambistas, provoca um tumulto que a todos assusta. Indignou-se, exasperou-se porque a casa de Deus, Seu Pai, se tornara casa de negócios. Mamon – o deus dinheiro – invadira a religião. A reverência pelas coisas sagradas tornara-se ocasião de comércio e de lucro para algumas pessoas.
A história sempre se repete: nos dias de Constantino, imperador romano do Oriente, a religião foi invadida por benesses do Estado, indulgencias compradas e o cristianismo tornou-se, por treze séculos, um mesclado de interesses pessoais de alguns. Estabeleceu-se o clero e os monarcas eram sagrados pela igreja através de seus prelados. Os verdadeiros milagres desapareceram, dando lugar a farsas e representações. Os dons espirituais – nove – não mais foram operados. A Igreja de Jesus tomou outro nome.
Para espanto de alguns de nós fiéis mais antigos, de repente Deus e Mamon são misturados em igrejas dos mais diferentes títulos, em práticas escusas e na ostentação da liderança pelo vil metal. Já não temos as sandálias do pescador ou a humildade do Mestre da Galiléia. Dinheiro fácil na religião. Massas incautas iludidas na esperança da barganha com Deus. Investem-se dez por cento da renda, ou um pouco mais como sacrifício para que Deus devolva em muito mais. Parece um negócio lucrativo. A religião torna-se, como nos dias do Mestre, covil de ladrões e salteadores.
Uma espécie de torpor religioso invadiu o ambiente, instilado na televisão e na mídia por estrelas que se intitulam vindas de Deus a fim de trazer ao povo a desejada prosperidade que, no dizer deles, virá da divindade para resolver de maneira milagrosa tudo o que se desejar, mediante ao que chamam de fé. Invoca-se a Velha Aliança, fantasiam-se estórias e o povo vibra.
Mas o cristianismo do Cristo, manso e humilde, santo e puro, de amor e de misericórdia, não mais é anunciado. O foco agora é o individuo, egoísta, ególatra e egocêntrico. Quando seu ego é massageado sua carteira se abre e ele doa, não importando se para comprar aviões, helicópteros ou carrões importados. Líderes maiores são escoltados por homens armados, temendo represália de outros bandidos que também querem riqueza fácil. E tudo em nome de Deus. O Deus de Israel. Mas Este tem um Filho, que salva pecadores, ama os pobres, anda de sandálias, foi sepultado em sepultura emprestada e que disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.
Só Jesus.
O Pr. Th. D. Honoris Teologia, D. D. Serafim Isidoro, oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br
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