O SONHO (1) DE PEDRINHO: UM MUNDO SEM POLÍTICOS
Pedrinho acorda de manhã e diz:
- Mamãe, eu tive um sonho. A mãe respondeu:
- Filhinho, não tenho tempo agora para ouvir mais um dos seus muuuuitos sonhos.
-Mas mamãe, esse é diferente.
-Todos seus sonhos são ilusões, Pedrinho.
-Não, mamãe, esse é verdadeiro. Sonhei de um mundo sem políticos!
A mãe, apesar de apressada para chegar ao trabalho, pensou: pelo menos em sonho, nesses loucos sonhos do Pedrinho, eu quero descansar nesse mundo de ilusões: UM MUNDO SEM POLÍTICOS.
Vamos, meu filho, conte-me dessa maravilha de sonho.
Aí Pedrinho começa:
- Mãe, eu sonhei que um dia, numa terra distante que se chamava Brasil, o povo decidia que iria se livrar de uma vez por todas dos políticos. Nesse país tinha um homem meio louco que saia pregando em alta voz mundo afora, dizendo: DE POLÍTICA EU TENHO RAIVA, DE POLÍTICOS EU TENHO NOJO! DE POLÍTICA EU TENHO RAIVA, DE POLÍTICOS EU TENHO NOJO!
De tanto pregar seu sermão louco, um político, também meio louco, perguntou: qual sua idéia, então, para que o país possa funcionar? Como funcionarão as instituições sem os políticos? A política é essencial, faz parte do ser humano, sem ela o mundo não pode subsistir. O homem é um ser político por natureza, blá blá blá.
Então o homem louco discorreu sobre sua teoria dizendo:
Primeiramente, como é que funcionam instituições tradicionalmente estáveis no Brasil? Forças Armadas, Bancos oficiais, Empresas Estatais, etc., em nenhuma delas temos eleições nos moldes desses que vemos entre os políticos. Para ser funcionário do Banco Central, que tipo de política fazemos? E para ser um coronel do exército? Para tudo isso temos que malhar, estudar. Ao invés de eleições poderíamos ter concursos. Assim teríamos concurso pra vereador, prefeito, deputado estadual, federal, senador e presidente. Teríamos cursos em escolas para cada uma dessas categorias. Claro que teríamos pré-requisitos para estudar ou fazer esses cursos. Isso para que nenhum ignorante assumisse um cargo sem ter condições de exercê-lo.
- Por quanto tempo cada pessoa dessas assumiria o cargo? perguntou o político meio louco.
- Cada cargo poderia ser até mesmo vitalício, desde que aquele que o exerce a função o faça de forma correta obedecendo às normas. Contestou o louco. Disse mais: se todas as instituições do país, que existem há muitos anos, funcionam bem dessa forma, por que o país mesmo não funcionaria assim? Veja bem, acabaríamos com compra de votos, campanhas eleitorais, hora gratuito na TV (que maravilha), concorrência desleal, curral eleitoral, caciques políticos, favores em troca de favores, propinas, e tantas outras falcatruas típicas da política que vossa excelência tanto entende. Claro que muitos ladrões, como vossa excelência, ainda iriam ser pegos com suas manhas, mas o número seria bem menor, não acha? Outra coisa: certamente pouquíssimos (eita que pouquinhos) políticos iriam querer concorrer num concurso que estabeleceria um salário fixo igual a qualquer outro funcionário. Que teriam que malhar encima dos livros para poder passar nos exames. Eles iriam procurar outra forma de ganho fácil, certamente. Nesse sistema, só iria governar quem tem vocação, do contrário, por que iriam fazer essa profissão que seria uma das mais fiscalizadas pela população.
Então Pedrinho disse mais: nessa altura da explicação do louco, mamãe, o político meio louco se levantou e fez um discurso que eu nem lembro de que falava. Mas, no final do meu sonho, as pessoas todas começaram a divulgar a idéia do louco. E sabe o que aconteceu, mamãe? Todas as pessoas saíram atrás do louco gritando “DE POLÍTICA EU TENHO RAIVA, DE POLÍTICOS EU TENHO NOJO! DE POLÍTICA EU TENHO RAIVA, DE POLÍTICOS EU TENHO NOJO! Aí o mundo adotou aquele sistema e se acabou a política que o louco tanto tinha raiva e sumiram os políticos que o louco tanto tinha nojo, e aí... eu me acordei. Mãe, o mundo ficou tão lindo daquele jeito. Então a mãe perplexa e admirada como sonho, disse a Pedrinho: Um mundo sem políticos não é o mundo, mas o Paraíso. A partir daquele dia a mãe de Pedrinho não tirou mais da cabeça o refrão do louco: “DE POLÍTICA EU TENHO RAIVA, DE POLÍTICOS EU TENHO NOJO! DE POLÍTICA EU TENHO RAIVA, DE POLÍTICOS EU TENHO NOJO!