Sessão nostalgia...

Hoje arrumando a casa ,colocando as coisas no lugar...jogando fora o que considerava inútil,essas coisas encontrei alguns CDs da minha caçula,apesar de muito jovem ela aprecia relíquias e esqueci dos dias em que a gente diz: “No meu tempo”… cruzes!… Pois, então, no tempo em que eu namorava de mãos dadas no sofá da sala (às quartas-feiras, aos sábados e domingos), sob o olhar atento da mãe atrás da cortina transparente, quando a gente terminava o namoro costumava devolver tudo o que se havia recebido (menos os beijos e os amassos raros, claro).

Acho isso uma ignorância deste tamanho!!! Por que devolver todos os presentes que, se presume, foram dados com carinho? Mas não, por mais que se gostasse dos presentes ganhos do então ex-namorado, a gente botava tudo numa caixinha e devolvia. Se não restasse um fio de raiva, até se fechava a caixa com um laço bem bonito. Os long-plays (não havia CD) a gente devolvia embrulhadinhos; os anéis e aliança, se houvesse e não tivesse sido jogada fora no meio de uma briga, eram devolvidos na embalagem original. Ficavam os dedos, ainda bem!

Incluídos no pacote, as pétalas de rosas esmaecidas e guardadas dentro de algum livro, o vidro vazio de perfume, o papelzinho de bala saboreada na sessão da tarde do cinema em meio a um beijo apressado, todos os bilhetes, cartas, fotografias impressas (não havia e-mail nem foto digital naqueles tempos). A tampinha de refrigerante, o saquinho da pipoca, os cartões natalinos, tudo era devolvido. Afinal, antes da ruptura do namoro eram lindas recordações, depois viravam entulho. E se a gente não devolvesse, a mãe cobrava fazer isso, por questão de honra! “Acabou, está acabado. Nada de recordações, devolve tudo!”.

No entanto, algumas lembranças não se apagam, por mais que devolvamos todos os presentes. Na memória e no coração se guardam as recordações de tudo o que vivemos no plano dos sentimentos. Então, é bobagem a devolução dos presentes, por mais que isso represente desapego material. Se não houver saudade, tampouco amor, a gente joga tudo no lixo, evita o desgaste da devolução e, aliás, não precisa devolver o que foi recebido. Se ao menos restar carinho, se guardarão presentes e lembranças.

Por que falo disso no meio de uma terça-feira deste setembro nublado? Porque hoje ouvi várias músicas do meu tempo,credo... A história terminou, e o CD faz parte da trilha sonora de um trecho da minha vida, do qual sinto saudade. Como diria Roberto Carlos, na canção “Detalhes”: “Não adianta nem tentar/ Me esquecer/ Durante muito tempo/ Em sua vida/ Eu vou viver…Detalhes tão pequenos/ De nós dois/ São coisas muito grandes/ Pra esquecer/ E a toda hora vão estar presentes/ Você vai ver…”

… e suspeito que isso seja para sempre.

Cora Baesso
Enviado por Cora Baesso em 14/09/2010
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T2497179
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