Faixas de Compreensão

Faixas de Compreensão

A grande invenção de Henry Ford não foi o carro e sim a maneira de montá-lo. A linha de montagem do Ford T gastava 13 horas para “fabricar” o veículo.

A compreensão de Henry vislumbrou essa possibilidade. Se pensássemos por palavras, estaríamos perdidos. Mas não, pensamos por imagens. Com certeza ele deve ter tido um insight da linha de produção. Detalhe, podia-se aprender a dirigir o Ford T em menos de um dia.

A faixa de compreensão do treinador e jóquei de Man O’War, cavalo de corrida da América no início do século 20 - perdeu uma única corrida em 21 anos de carreira - estratificava que ele era “um inferno de se dobrar, uma dor de cabeça de se lidar, uma catapulta de se montar”. Não raro compreendemos com os 5 sentidos, e catalogamos, organizamos, por fim fazemos um caminho na mente para adequar essas imagens através de palavras.

O Festival de Woodstock aconteceu em 15, 16 e 17 de agosto de 1969, respectivamente sexta, sábado e domingo e custava 6 dólares por dia. A percepção dos milhares de participantes, ainda que amparada pela atmosfera Peace&Love&Dope, permitiu que todos saíssem incólumes. Praticamente um conto de fadas, se comparado com atuais agremiações.

A Primeira Guerra Mundial compreendeu 8.200.000 mortes em 4 anos - 4 mortes por minuto, 240 por hora. Após esse episódio, ficou provado que ninguém entendeu nada.

A reforma ortográfica estabelece que Coréia e geléia perdem o acento. De onde virá o som? Da futura tradição oral?

A sub-metralhadora Thompson disparava 600 tiros por minuto, em 1921. Anulou muitas e muitas faixas de compreensão. Vale o mesmo para a polícia política venezuelana que, em 1964, chamava-se Digepol e cometia fuzilamentos e assassinatos.

Ronald Reagan, quando presidente, disse em discurso que o mundo deve se preparar para uma invasão alienígena. Supondo que o Grande Irmão tem acesso a arquivos que ninguém sequer cogita, é plausível aventar que Reagan compreendeu algo além da imaginação.

Média de leitura no Brasil - 0,9 livro por habitante, incluindo livro didático e para didático. Já em RS a média salta para 5,4 e MG para 4,6. Seria correto pressupor que alguns estados compreendem mais do que outros?

Hoje, no território nacional, há apenas 1.900 livrarias e a maioria concentra-se nas grandes cidades. Com 5.561 municípios em todo país, isto quer dizer que as livrarias estão presentes em apenas 25% deles. Detalhe, São Paulo, capital, (não estamos incluindo a Grande São Paulo) conta com 98.000 bares. Urge determinada faixa de compreensão para ler o que está por detrás desses números.

A faixa de compreensão do governo francês, durante a construção do Canal do Panamá, levou-os a um certo embaraço - morriam 500 operários por semana. A cifra em si e o conseqüente amontoado de cruzes induziu o estado, extremamente compreensivo, a comprar um navio de vinagre barato de Cuba e colocar os corpos nos barris. Depois, despachou-os para a Europa. O estado francês compreendeu que os anônimos falecidos no barro panamenho serviriam para cursos de anatomia/medicina.

Toda a iniciativa privada brasileira mantém apenas uma única orquestra fixa.