AEROPORTO

AEROPORTO, SEMPRE O AEROPORTO

Quando a cidade de Manaus se prepara para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014 e quem sabe da Copa das Confederações em 2013, um assunto que sempre vem à baila é o das condições do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Gasta-se um bom tempo em falar o óbvio, que Manaus não tem estrada de acesso rodoviário com o resto do Brasil, que o desleixo com o Aeroporto, que é a grande “rodoviária” de Manaus é grande e que vem se arrastando ad infinitum, que os investimentos previstos são pífios etc.

Talvez devêssemos tratar o assunto com menos paixão e com mais racionalidade. Quem vai ao aeroporto para viajar ou receber um viajante no horário entre 13 e 15 horas se depara com dois aviões de uma mesma companhia chegando ao mesmo tempo da mesma cidade de origem. Depois aparecem grandes lacunas em que não há avião de passageiros. A Gol, a segunda maior operadora de vôos em Manaus ocupa a estrutura durante onze horas de um dia, enquanto as outras treze estão ociosas. Com a TAM a história se inverte, mas assim mesmo ainda há 10 horas vagas.

Os vôos de carga e os aviões menores que vêm do interior não ocupam a estrutura do terminal um, com exceção da pista. E esta não está tão movimentada assim, uma vez que os intervalos entre os pousos e decolagem têm imensas folgas, mesmo em horário de pico.

Acreditamos que o aeroporto necessita de investimentos, sim. O passageiro que chegar a Manaus e tiver de descer do avião e caminhar até o saguão não terá uma boa impressão ao sair do ambiente de ar condicionado e pegar uma sensação térmica de quase 50 graus Celsius no asfalto. Contudo, uma administração mais inteligente pode descongestionar o embarque e desembarque fazendo o aeroporto funcionar as 24 horas do dia com pousos e decolagens.

Outro entrave que já abordamos aqui é enorme burocracia para liberar cargas que vêm a Manaus e que se destinam ao Distrito Industrial. O tempo de permanência destas cargas é dez vezes mais longo que em países europeus ou asiáticos. Como conseqüência a estrutura de armazenagem precisa ser cada vez maior, enquanto os armazéns nas indústrias aguardam com espaço ocioso a matéria prima encalhada no aeroporto.

Vamos repetir o que todos já conhecem: O aeroporto é a única entrada de Manaus para quem vem do sul ou de outros países. Ele não tem recebido a atenção que sua necessidade estratégica exige. Quando os usuários reclamam da falta de investimento, deveriam, antes de mais nada, reclamar da falta de planejamento. Quando se ouve um alto funcionário da Infraero falar que não precisa dar satisfações aos agentes de viagens, já podemos concluir que o planejamento do aeroporto não vai levar em consideração a opinião do usuário.

Ainda há muito a ser planejado também por aqueles que não administram o aeroporto. Linhas de ônibus destinadas à turistas, com informações em duas línguas também é assunto de discussão e que poderia ser resolvida sem movimentar a grande burocracia da Embraer e também patina no jogo de empurra-empurra das autoridades responsáveis.

Enfim: temos de louvar muitas iniciativas que estão em andamento para bem recebermos os turistas e equipes da copa de 2014. Contudo, a primeira impressão do visitante é na chegada. É importante que ele seja bem recebido, num ambiente que disfarce o calor de Manaus e que, na saída ele se sinta convidado a sempre retornar.

Luiz Lauschner

Escritor e empresário

lauschneram@hotmail.com

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 14/09/2010
Reeditado em 16/09/2010
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