DISCRIMINAÇÃO CONTRA DEFICIENTES
Inclusão é a palavra de ordem no século XXI. Nas últimas décadas em todo o mundo tem crescido o movimento em favor dos direitos dos deficientes e pela inclusão destes em todas as esferas da sociedade. Mas apesar das conquistas significativas essa parcela da população ainda tem muito o que reivindicar.
No Brasil, muitos de seus direitos adquiridos em lei têm sido flagrantemente desrespeitados até mesmo por quem deveria promovê-los e assegurar que fossem cumpridos.
A inclusão total dos deficientes ainda é um sonho distante. Em áreas como educação e mercado de trabalho a inclusão ainda está engatinhando. O esporte é uma das áreas onde a inclusão está alcançando mais sucesso. Mas ainda assim, há casos gritantes de discriminação no esporte também. Um exemplo disso acontece no Atletismo. Apesar de atletas deficientes (para-atletas como chamam de forma discriminatória), percorrerem o mesmo percurso, pagarem o mesmo valor de inscrição, em muitas corridas eles recebem um valor muito inferior ao dos atletas ditos “normais”. Isso quando são premiados, pois em algumas, sequer recebem premiação nem sobem ao pódio. E embora tenham preferência em outros lugares, como em bancos e filas, nesses eventos são chamados por último, como se o valor de suas conquistas fosse menor.
Se isso não é preconceito, o que é então?
É mais do que isso. É crime previsto em lei.
Os casos de violência gratuita contra deficientes também são freqüentes. Recentemente a imprensa local notificou três casos absurdos e impunes. Uma garota com síndrome de down foi estuprada. Um rapaz com deficiência intelectual foi assassinado e outro agredido brutalmente, vindo a falecer dias depois.
Quem não é vítima dessa forma de violência lida com outra bem mais sutil, a violência psicológica e social.
Um exemplo patente é a forma como a mídia cobre os eventos para deficientes. Geralmente a cobertura é feita enfatizando a deficiência, não o esporte. Expressões como “Apesar de ser deficiente, fulano conquistou isso...”, como se fosse extraordinário, anormal. O que fazem é estigmatizar, colocando a etiqueta “deficiente” após o nome do atleta. Ironicamente, nunca vi a etiqueta “não deficiente” em todos os outros atletas. A forma distorcida e equivocada da cobertura da mídia se vê claramente durante as Para-olimpíadas, que são quase ignoradas completamente pela grande mídia, que exibe apenas a entrega de algumas medalhas, ao contrário das Olimpíadas que são integralmente veiculadas. Inclusão? Me avisem quando ela começar.