De pai para filho

Toda semana a questão é a mesma: escolher o tema para o jornal. Tarefa árdua, mas altamente prazerosa e facilitada quando há datas especiais como a deste fim de semana.

Ora, somente quem é pai e mãe sabe o que são os filhos, estas verdadeiras pérolas vivas que nos proporcionam alegrias incomparáveis ao lado de constantes preocupações. Afinal, a tarefa paterna e materna, acrescentamos, não é nada fácil. Ela significa o compromisso de cuidar, educar, encaminhar para a vida. É uma verdadeira missão, sem dúvida.

Como pai ou como filho; como futuro pai e até como avô, há muito o que dizer, pois trata-se de uma experiência rica de valores morais e aprendizados.

Como a maioria dos filhos, aprendi muito com meu pai. E, como todo pai, estou aprendendo muito com meus filhos. Felizmente, a vida oferece estas chances todas de convivência e aprendizado. Os que já são avôs dizem que fica melhor ainda, quando avôs.

Mas, o que mais precisamos aprender é o que os filhos não são nossa propriedade, nem nossas cópias. São individualidades que buscam em nós o exemplo para fazerem da própria vida uma caminhada de equilíbrio.

Enquanto estamos juntos, em família, usufruamos desta linda oportunidade de diálogo e convivência. É um dos grandes tesouros desta curta existência e que felizmente muito desfrutei ao lado de meu velho (na expressão carinhosa de gratidão) e querido pai. Dele, ao lado de minha mãe, recebi a formação moral, o entusiasmo pela vida, a alegria do trabalho, o dinamismo de viver, o exemplo de dedicação às boas causas humanas, a postura da confiança em Deus e o patrimônio magistral do conhecimento espírita.

Foi também com eles (é óbvio que minha mãe está incluída) que aprendi a entender e a valorizar a prece, a determinação, o esforço, a perseverança e tantos outros valores morais. Nada mais justo. É dever dos pais, que souberam cumprir, por amor.

Um fato, porém, marcou minha infância. Na época dourada das figurinhas que comprávamos na "papelaria do seu Nato" (na 27 de agosto, defronte o jardim, lembram-se?), voltei para casa com dois pacotinhos que o comerciante havia entregue por engano, pois o dinheiro que levei só comprava um dos pacotes. Cheguei feliz, pois ganhara um pacote extra na distração do comerciante. Pois meu pai levou-me a devolver o pacote extra, em respeito à honestidade. Nunca pude esquecer isso durante toda minha infância, mocidade e agora na madureza. É exemplo sempre presente.

Agora, como pai, esforço-me na transmissão desses ensinos aos três filhos. Cometemos, os pais, muitos erros na educação. Criticamos o comportamento, vivemos ansiosos e impacientes, usamos asperezas muitas vezes, gritamos, transmitimos nossas neuroses, manias e pior: transmitimos os maus exemplos dos vícios que não conseguimos ainda nos libertar, pelas próprias circunstâncias do dia-a-dia ou pela deficiência moral mesmo, que ainda carregamos.

Porém, amamos esses que são sempre nossos pequenos, apesar de muitas vezes maiores que nós... Suas alegrias são nossas maiores alegrias. Suas dificuldades, enfermidades e lutas refletem-se diretamente em nós mesmos.

Mas, leitores pais que nos lêem: amemos nossos filhos!

De mim mesmo, um pai humano como qualquer outro, tenho semeado desde a pequena infância no coração de cada um: Cíntia: nunca te esqueças de Jesus; Cássio: nunca te esqueças de Jesus; Alexandre: nunca te esqueças de Jesus! Para que guardem na memória e no coração Aquele que é "o caminho, a verdade, a vida"!

Há algo melhor para oferecer, neste mundo de escarcéu? Deixo a pergunta e resposta com o leitor.

Orson
Enviado por Orson em 22/09/2006
Código do texto: T246529