ESPIRITISMO E COMUNICAÇÃO.

 

 

Não é fácil acreditar na reencarnação na forma como geralmente se coloca. De fato, fica confuso crer que alguém morre e voltará no corpo de outra pessoa. Talvez falte em alguns doutrinadores do espiritismo, a capacidade pedagógica e didática para transmitir com menos pragmatismo esse tema. Nós humanos, temos como referencial o que vemos, sentimos e fazemos. Com a doutrina espírita há que se ter forma leve e consciente de dizer seus preceitos, especialmente sobre reencarnação. Temos a concepção de que, a rigor, ninguém volte no corpo de outrem. Há como que uma retirada do “chip” quando morremos e é colocado outro para dar seguimento em outra pessoa a partir de uma nova criança que nasce. Mesmo assim, utilizando uma metáfora extremamente atual como o chip, não é fácil essa concepção.  Outros aspectos desse entendimento poderiam ser conferidos em função de outros fatos que nos cercam: a) como nossas crianças têm tanta sagacidade e inteligência, dando-nos a impressão de que não teriam capacidade de dispor de tantas informações, não fossem em função de acúmulos do passado?  b) Qual seria o critério de alguém nascer em berço extremamente rico e outrem em berço miserável numa favela?

c) que Deus seria esse que teria preferência por uma e não por outra? d) Como podemos compreender certas pessoas que matam, roubam, praticam toda sorte de iniqüidades e gozam de saúde de ferro, em detrimento de outrem que faz o bem, desdobra-se em função do semelhante, mas padece com doença incurável?

Outros inúmeros exemplos poderiam ser dados. Basta que olhemos as diferenças que nos cercam e nos respondamos: não seria justo, exceto na compreensão espiritual, conviver com tanta injustiça, com tanta expiação e prova. Numa visão mais geral, convivemos sempre com a luta entre o bem e o mal. Entre eles, as igrejas e seitas têm levado vantagem, inclusive usando e abusando da boa fé, “vendendo” salvação e vida eterna. No afã de encontrar refúgio, pessoas se entregam nos “braços” de falsos profetas.

A doutrina da fé não se atrela a religiões. Elas são importantes, mas enquanto meio, não enquanto fim. Por isto que o espiritismo não quer saber qual a religião dos que lhe procuram. Afinal, “a casa do Pai tem várias moradas”. Isto é o que importa, posto que muitas igrejas zelam pelo rótulo, esquecendo, quase sempre, do conteúdo.

A compreensão da reencarnação, no nosso entendimento, só deveria ser esmiuçada num estágio avançado de intimidade com outros conceitos doutrinários contextualizadores. A comunicação deveria ser estrategicamente, proferida por pessoas de reconhecida capacidade verbal e conceitual. Imagino que leituras complementares são indispensáveis, pois não é fácil se fazer entender comunicando que, quando morremos reencarnamos em outras pessoas.

Como tudo tem seu tempo certo, na espiritualidade esta certeza é lei. Afinal, a fruta não nasce madura, nem os seres humanos nascem prontos e vestidos. Talvez seja salutar compreender que as energias positivas emanadas do “alto” estão sempre nos cercando. Nossa intuição pode ser entendida como uma forma leiga de buscarmos por em pratica nossa relação com o futuro. De certa forma, a gente gosta quando nossa intuição nos manda fazer algo bom e a gente faz e dá certo. Quando é o contrário, ficamos temerosos, como que colocando a culpa fora de nós. Às vezes esquecemos que nosso pensamento é fonte que emana magnetismo. Se cultivarmos os bons pensamentos, certamente entraremos em sintonia com o bem e o contrário se faz verdadeiro.

É natural que todas estas questões sejam controvertidas. Nós, humanos, temos uma tendência reducionista, não bastasse a ditadura das igrejas. Muitas vezes nos recusamos a compreensões mais audaciosas talvez por “preguiça” mental ou por proteção. Afinal, o pior cego é o que não quer enxergar, mas tudo tem seu tempo conforme já nos referimos. O que ninguém pode mais é ignorar que há comunicação entre os que já morreram. A própria igreja católica a isto já reconhece, mas não torna público. Se ela pratica exorcismo, não estaria aí uma confissão? Se ela faz encomendação do corpo, quando a pessoa morre, não estaria aí uma confissão? “Quando Saulo de Tarso ouviu “vozes”: Saulo, Saulo, por que me persegues”, não estaria aí uma confissão?