EXPO-SÉNIOR : PARA MUDAR AS CORES AO TEMPO

Com mais idade e, por isso, com maior porção de tempo para acumular experiências e saberes, o Sénior é progressivamente encarado como um ser actuante e útil à sociedade. Essa constatação começa a ganhar importância, substituindo arreigadas convicções, segundo as quais o acto de envelhecer é sinónimo fatal de perda de frescura, capacidades e vigor. A problemática sénior implica por isso - e cada vez mais - a consideração de factores que vão do envelhecimento activo à aprendizagem ao longo da vida. As políticas sociais importam e a vontade individual também, já que ser «velho» não é uma arte, essa está, como afirmou Goethe, no facto de se saber envelhecer.

Graças à sociedade contemporânea (que vê cada vez mais a diminuição dos Júniores mas oferece melhorias nas condições sócio-económicas e nos cuidados de saúde) a esperança de vida tem vindo sempre a aumentar e os Seniores constituem uma crescente e importante faixa da população, com necessidades específicas, interesses determinados e anseios legítimos.

Longe vai o tempo em que os Idosos se rotulavam de «velhos», adormecendo em ruas sem futuro, com cigarros esquecidos ao canto da boca e cartas lentas e gastas sobre mesas magoadas, de jardim. Felizmente, há cada vez menos sorrisos desdentados, emoldurando rugas profundas e olhares de tristeza, em corpos de mulher sempre vestidos de negro, até ao fim dos dias.

Não se deve contudo negar, em abono da verdade, que a velhice, hoje, ainda pode constituir um estigma e que alguns «velhos» puderam, até agora, ser conotados com estorvo. Infelizmente, solidão e parcas reformas são realidades marcantes num País de interioridades e desigualdades sociais. No entanto, ser Menos Jovem é muito diferente de se ser «velho» pois, tal como o título de um livro editado pela Câmara Municipal do Funchal indica, «Já não há Trapos... e os Velhos não existem».

Ser-se Sénior é, com efeito e em termos de significado, ter-se começado primeiro, ou constituir-se graduado em determinada actividade, tornar-se veterano de uma empresa ou de um determinado ramo profissional, ter-se honras de desportista que já ganhou primeiros prémios, tornar-se alguém que é reconhecido como hierarquicamente superior...

No Funchal, a Autarquia tem encarado a problemática Sénior de forma criativa e diversificada e o apoio aos Menos Jovens tem constituído uma das políticas de maior sucesso do Município, precisamente pela forma descomplexada como tem abordado o envelhecimento. A actividade física, aliada a outras, de cariz intelectual e recreativo, constituem práticas comuns aos múltiplos centros comunitários, aos diversos ginásios, à Universidade Sénior.

Numa Região onde, felizmente, há vários momentos de reflexão através de encontros que contemplam crianças e jovens, desporto e saúde, cultura e ensino importa realçar esse único e grande momento de reflexão, na área do envelhecimento, que constitui a Expo-Sénior. É um evento especial, já que proporciona o encontro de especialistas e técnicos com a população da Cidade. Graças à Expo-Sénior tem sido possível aprofundar as implicações das mudanças demográficas no sistema social português, o envelhecimento aliado ao bem-estar, a valorização pessoal e social dos Séniores, os novos desafios da Geriatria e da Gerontologia e o papel das Universidades da Terceira Idade. Porque há uma Expo-Sénior têm acontecido encontros científicos ao alcance do cidadão comum, bem como a transmissão de saberes por parte de especialistas como António Bagão Félix, Adriano Moreira e Víctor Feytor Pinto, entre vários outros. Assim, tem sido possível aumentar conhecimentos, diluir preconceitos, contribuir para o atenuar da imprudência e precipitação nos juízos, bem como divulgar e aprofundar acções, apoios e paleativos. Tudo, porque é importante mudar as cores envelhecidas do Tempo!

ANTÓNIO CASTRO

In Revista SABER

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(António Manuel Antunes de Castro)
Enviado por (António Manuel Antunes de Castro) em 20/08/2010
Código do texto: T2448488
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