Quem é santo?
Um santo é um ex-ser-humano, agora defunto, sobre quem se afirma que o espírito mora no céu com Deus. Tais espíritos são identificados por terem pertencido a pessoas heroicamente virtuosas ou sagradas, quando estavam conectados aos corpos delas na terra. (A palavra 'santo' é derivada de 'sanctus', que significa sagrado em latim).
Alguns espíritos são reconhecidos oficialmente como santos pelas autoridades eclesiásticas cristãs, em um processo conhecido como canonização. Diferentes autoridades eclesiásticas usaram diferentes critérios, logo têm diferentes cânones (catálogos) de santos.
No início, manter um cânon de santos pode ter servido mais para propósitos de recrutamento e para criar uma mitologia para o cristianismo. A idéia moderna de santos parece claramente relacionada à prática de obter favores de subordinados próximos ao chefe. Santos são venerados, não idolatrados. Eles são admirados e procurados como intercessores, devido à sua posição especial na hierarquia. Os santos estão, digamos, no círculo influente e, devido ao seu status, uma palavra deles ao chefe poderia ser suficiente para se ter um desejo concedido.
O motivo pelo qual um santo iria interceder pelos vivos parece inexplicável para a mente lógica. Em primeiro lugar, eles não têm nada a ganhar por agir como intercessores de alguém. Eles já estão em glória, e ela não depende de que outros a conquistem, e não há nenhuma razão para que preferissem a glória de uma pessoa em detrimento de outra. Pode ser que seres terrenos concedam favores apenas a aqueles que os pedirem, mas seres sobrenaturais não teriam nenhuma razão para favorecer apenas a aqueles que os bajulam em troca de favores. Em segundo lugar, não há nenhuma razão para que Deus fosse mais acessível às orações de um santo do que às de uma pessoa virtuosa na terra. Por que usar um intermediário quando se pode ir direto à fonte? Em terceiro lugar, se Deus não ouvir a uma pessoa não-virtuosa e indigna que quiser um favor, por que iria ouvir a um pedido de um santo por esta pessoa? O indigno não deveria receber atenção nem do chefe nem de seus subalternos. Se não fosse por sua suposta utilidade aqui na terra, os santos seriam supérfluos para os homens.
O fato de a santidade ser primordialmente valorizada por seu valor intercessivo é claramente indicado pelo fato de que o método primário de se identificar quem será canonizado é a realização de milagres. Até mesmo para ser considerada a possibilidade da canonização, você deve não só ter levado uma vida exemplarmente sagrada, como tem que ter realizado um milagre que mostre que você está respondendo às preces daqueles que oram exclusivamente para a sua pessoa. Por exemplo, Katherine Drexel, uma herdeira da Filadélfia que se tornou freira, está tendo a canonização cogitada devido a várias curas atribuídas à sua intercessão. O espírito de Drexel está recebendo o crédito por ter sido prestativo na "cura" da cegueira temporária de uma garota. Edith Stein, que foi canonizada recentemente, supostamente intercedeu para salvar a vida de uma garota que tinha ingerido uma dose, obviamente não letal, de Tylenol.
Naturalmente, acrescentar novos nomes ao cânon de santos e popularizar suas intervenções supostamente milagrosas, não fariam mal ao recrutamento nem a mitologização da Igreja. O Papa João Paulo II acrescentou quase 300 nomes ao cânon de santos desde que assumiu a liderança da Igreja Católica Romana, em 1978. Alguns dos novos santos são figuras de culto controvertidas, como o "Padre Pio," um alegado estigmático.
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