A Lei da Palmada - será que precisamos?
Está em discussão o projeto de lei que ficou conhecido como Lei da Palmada. Será que realmente chegamos ao ponto em que há a necessidade de uma Lei que nos ensine a educar nossos filhos?
É fato que existem pessoas na sociedade que cometem excessos, e passam da simples palmada educativa ao espancamento.
Não coloco-me a favor nem contra, mas essa discussão nos dá a possibilidade de refletir.
Discute-se a inconstitucionalidade da lei, no tocante à invasão da privacidade familiar, mas do ponto de vista da cidadania, será que nossa sociedade chegou a tal ponto de violência, que é necessário legislar sobre educação, carinho e respeito familiares.
Os adolescentes e as crianças de hoje são bombardeados com modelos de comportamento ditados pela mídia, onde se mostra o lado positivo de ser independente, questionador e transgressor de regras. A televisão, os filmes e outras mídias, mostram protagonistas de situações onde desobedecer aos pais não merece punição, mas sim aplausos. É engraçado ver o garotinho do filme destruir a casa, ou a menininha da novela fazendo comentários e respondendo aos adultos de forma agressiva e arrogante. É comum no noticiário brigas em escolas e pais que saem em defesa de seu filho, que espancou o colega por motivos absolutamente banais. É comum ainda, professores que temem seus alunos, que vêm de lares onde o respeito aos mais velhos não é praticado. A chamada rebeldia adolescente ultrapassou qualquer parâmetro, e os atos praticados em nome dessa rebeldia, que em outra geração era até saudável, para se tornar algo totalmente fora dos padrões aceitáveis. Os filhos contrariados, que antes batiam portas e trancavam-se no quarto aborrecidos, hoje em dia vingam-se de quem os contrariam praticando atos abomináveis, que vão parar nas páginas policiais. Nas gerações passadas, bastava um olhar do pai ou da mãe para que a criança soubesse que passou dos limites. Desrespeitar seus mestres nas escolas era falta grave, inaceitável. Interromper ma conversa de adultos era absolutamente proibido e os assuntos domésticos, eram resolvidos dentro do seio familiar. Hoje em dia o noticiário está repleto de filhos que matam os pais, pelos mais diversos motivos, e embora sejam punidos, servem de espelho para essa geração que está acostumada a não ter sua "privacidade" invadida.
Estamos vivendo uma inversão de valores, onde os pequenos ditadores ditam as regras, têm seus desejos atendidos prontamente, e tornam-se adolescentes rebeldes e adultos que não admitem ser contrariados. Isso reflete-se na sociedade de forma tão brusca, que talvez seja mesmo necessário uma lei para regular essas relações familiares, pois aqueles que cresceram fora dos limites, certamente serão adultos fora dos limites, e ao constituir família, suas atitudes não serão melhores. E o resultado já está sendo visto: bebês abandonados, por terem sido gerados sem amor - quando não são assassinados logo que nascem. Adolescentes agredindo-se fisicamente, utilizando drogas, e cometendo tantos outros absurdos, que tornaram-se comuns.
É óbvio que essa não é uma regra geral. Ainda existem muitas famílias onde o respeito mútuo é praticado, onde os valores de respeito e dignidade são cultivados e passados adiante. Nesses casos, a citada lei é totalmente dispensável, uma vez que, embora às vezes os pais utilizem-se desse recurso a fim de educar seus filhos, não são cometidos excessos, e embora utilizem-se - raramente - de castigos físicos, por outro lado dão carinho, respeito e principalmente EXEMPLO a seus filhos.
Mas devemos aproveitar a oportunidade de reflexão e talvez chegar a conclusão de que nossa sociedade esteja tão degradada, que sera realmente necessário que o Estado interfira nas relações familiares, nos obrigando, por força de lei a agir com respeito que uma família merece.