O batismo das crianças {SERMO LXXXVIII)

O BATISMO DAS CRIANÇAS

Batizem a todos,

em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo...

(Mt 28,19).

Antes de entrarmos no assunto proposto (o batismo das crianças) achei oportuno dar uma rápida pincelada sobre a teoria geral dos sete sacramentos. Eu trabalhei por mais dez anos na “Pastoral do Batismo” nas diversas comunidades onde residi, tenho vários livros sobre esse assunto, colaborando como animador, montando equipes, organizando apostilas, e estabelecendo técnicas didáticas, de audiovisuais e divulgação.

Ligados aos mais importantes eventos da vida humana, os sete sacramentos refletem o amor de Deus, presentes nessas etapas de tanta significação:

• NASCIMENTO/BATISMO

• CRESCIMENTO/CRISMA

• NUTRIÇÃO/EUCARISTIA

• INTEGRIDADE ESPIRITUAL/PENITÊNCIA

• OPÇÃO DE VIDA/MATRIMÔNIO E ORDEM

• CURA FÍSICA E PREPARAÇÃO PARA A MORTE/UNÇÃO DOS

ENFERMOS.

Instituídos na ordem da graça divina, os sacramentos se interpenetram com a história humana participando, como vimos acima, em seus eventos mais significativos. Desta forma, eles devem se integrar nas celebrações familiares. O sacramento como sinal é o significante. A graça, Cristo – a realidade indicada – é o significado. O importante não é o significante, mas o significado, isto é, a graça, Cristo.

Os sacramentos, poder-se-ia afirmar, sem querer ser triunfalista, são, entre outros significados, sinais do amor e da vitória de Deus, em Jesus Cristo. Como todos os crentes formam um só corpo – afirma Santo Tomás – o bem de uns comunica-se aos outros. É, pois, necessário que exista uma comunhão de bens espirituais na Igreja. Mas o membro mais importante é Cristo, já que ele é a cabeça... Assim, os bens de Cristo são comunicados a todos os membros, e esta comunicação se faz pelos sacramentos da Igreja. Como a Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu, multiplica e distribui, espiritualmente, formando assim um “fundo comum”.

Os sacramentos são ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo, e, finalmente, a prestar culto a Deus. Eles não só supõem a fé, mas com sua essência, suas palavras e os seus elementos rituais, alimentam-na, robustecem-na e exprimem-na; por isto são ditos sacramentos da fé. Conferem a graça, mas a sua própria celebração dispõe bem os fiéis para receberem como fruto a própria graça, para honrarem a Deus de modo devido, e para exercitarem a caridade (SC 61).

Por sua característica de instrumentos da graça, os sacramentos supõem, manifestam e aumentam a fé. Ocorrendo em todas as dimensões, praticamente cobrem todos os planos da vida do ser humano. Na dimensão vertical (mística) o sacramento nos leva a uma relação com Deus, através da fé. Na dimensão horizontal (comunitária), somos conduzidos à comunhão, pela caridade e solidariedade. A última dimensão é a pessoal (interior), alimentada pelas virtudes teologais, pelo senso crítico e pela oração. A vivência de todas essas dimensões, associadas e concêntricas, torna-se uma prática libertadora e santificadora.

Os sacramentos são sinais da presença viva e libertadora de Jesus. Os espíritas atrelam a salvação às boas obras e à reencarnação. Os protestantes afirmam que só a fé, só confessar o nome de Jesus, é suficiente para a obtenção da salvação. A fé católica une o ter fé ao praticar boas obras.

Para uma compreensão mais exata dos sinais é indispensável conhecer bem a diferença entre o significante (água, pão, óleo) e o significado (a graça, o amor de Deus). O crente não pode parar no sinal. Tem que ir adiante. Naamã, o comandante sírio quase perde a oportunidade de cura porque ficou preso ao sinal do rio (cf. 2Rs 5, 1-14), sem ver o poder curador de Deus. Em busca de cura para sua lepra, foi a Israel. O profeta Eliseu mandou-o se lavar sete vezes no rio Jordão. O sírio não gostou da receita, afirmando que em sua terra havia rios melhores para banho e se dispôs a ir embora. Convencido por seus servos, fez o que o profeta havia mandado e ficou curado. Ele não soube distinguir entre a força de Deus, capaz de curá-lo e as águas do rio, simples significante.

Os sacramentos - como forças que brotam do corpo de

Cristo, sempre vivo e vivificante e, como ações do Espírito

Santo, são as obras mestras de Deus, como sinais do amor

do Pai, na nova e eterna aliança (CIC 1116).

Quem perder de vista a dimensão cristológica da comunicação sacramental, ignoraria a intenção fundamental da doutrina dos sacramentos. Definindo,

Sacramentos são sinais sensíveis e eficazes de salvação, instituídos por Jesus Cristo e confiados à Igreja, que significam e conferem graça.

SINAIS SENSÍVEIS

Deus assume certos sinais para comunicar-se e revelar-se aos homens, manifestando-lhes seu amor e seu propósito de salvá-los. São gestos, pelos quais o Cristo Ressuscitado se torna presente, na humanidade;

EFICAZES

A eficácia é um processo ligado ao atingimento de objetivos. O grande objetivo do Pai é a salvação de todos (cf. Jo 3,16). Assim, os sacramentos são sinais eficazes, ou seja, realizam aquilo que dizem;

INSTITUÍDOS POR CRISTO

Cristo deixou seus sinais para nós que vivemos entre suas duas vindas (a primeira que já houve, e a segunda que aguardamos ansiosamente): usufruindo os efeitos da primeira e esperando, como peregrinos, a segunda. Ele os instituiu para “estar sempre conosco” como prometeu, e em atenção ao projeto salvífico do Pai;

CONFIADOS À IGREJA

A Igreja, Jesus Cristo continuado na história é, por sua vez, o sacramento de Cristo para comunicar aos homens a vida nova. Portanto, pela Igreja e na Igreja, Cristo está presente no mundo;

SIGNIFICAM E CONFEREM GRAÇA

Cristo é o grande presente, a maior graça que o Pai mandou ao mundo. Nos sacramentos ele quis ficar com os seres humanos, como força, presença, realidade e afirmação do amor de Deus pelo homem. O sacramento é o âmbito normal para estabelecer e para viver a relação filial, pela comunicação com o Cristo Ressuscitado.

No Batismo estão implícitos os eixos fundamentais de nossa fé: a morte e a ressurreição de Cristo. Batizados, participamos de sua morte e ressurreição. Esses eixos rejeitam a reencarnação. O Batismo é um nascimento para a vida sobrenatural, para a Igreja, para o Reino dos céus. Sendo a Igreja uma comunidade (assembléia de convidados), o Batismo, comunitário que é, é um ato em que toda a Igreja batiza. Nesse nascimento místico, a Igreja dá a seus membros o direito de serem educados na fé, de usufruir dos seus bens espirituais, tornando os batizados seus membros, filhos do Pai e templos do Espírito Santo.

Junto com isso, entretanto, o fiel assume deveres para com Cristo e a Igreja. A criança quando nasce recebe um nome civil: Ana, Antonio, Helena, Sérgio, Maria... Todos nós gostamos de nosso nome. É preciso honrar o “bom nome da família”. No Batismo a criança recebe um nome familiar e particular: Cristão, filho de Deus! Por isto deve, igualmente, honrar esse nome, tudo fazendo para mantê-lo limpo. É o Batismo que dá esse título às pessoas, não o dinheiro, nem laços de sangue, mas o amor de Deus em acolher suas criaturas. No terreno dos conceitos e conseqüências pastorais sobre Batismo, vamos encontrar:

• primeiro gesto redentor de Cristo (quando a ele aderimos

pela fé);

• torna-nos participantes da Igreja-comunidade;

• dá-nos um lugar único na família de Deus, com igual

dignidade dos demais;

• lava-nos do pecado original.

Diz a tradição que, desde o dia de Pentecostes a Igreja celebra e administra o Batismo. O sacramento batismal sempre aparece ligado à fé: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua família (At 16, 31ss).

Através do sacramento do Batismo, o cristão torna-se, como Cristo, sacerdote, profeta e rei. É um equívoco pensar-se que só bispos e padres são chamados a ser profetas de Cristo. O que confere a dignidade aos cristãos, antes e acima de qualquer sacramento, é o Batismo.

O cristão sacerdote não é necessariamente aquele pertencente à hierarquia ou a alguma ordem sacra. Sua consagração origina-se de seu Batismo, e converte-se num sacerdócio comum, missionário, inerente a seu estado de vida. O cristão consagra sua vida e suas realidades temporais a Cristo. O sacerdócio ministerial e dos fiéis são complementares.

O ser profeta, igualmente originário do Batismo cria no cristão um direito e um dever de anunciar os projetos de Deus, denunciar os obstáculos à instauração desses projetos, e animar a comunidade através de seu testemunho. Nessa conformidade, o batismo torna os cristãos insertos no múnus profético de Cristo, legítimos sinais do Ressuscitado.

Por último, a missão real que o Batismo confere, transforma o cristão em rei, mas não rei com corte, coroa e mordomias. No cristianismo ser rei equivale a ser servidor, a estar disponível ao serviço em favor do Reino e da comunidade. É a dimensão pastoral do ser-cristão.

Na substituição das trevas do pecado para a luz da graça de Deus, ocorre no batizado a mudança de vida semelhante a um renascer, quando passamos da morte para a vida, do pecado para a graça, caímos com Adão e nos levantamos com Cristo (cf. Rm 5, 21-12).

Em sua dimensão eclesial, o Batismo aparece como um sustentáculo da fé, através do qual virá a salvação. Por este motivo, os movimentos puristas dão ênfase ao Batismo de adultos, onde o sacramento ocorre como função e conseqüência da fé daquele que o recebe.

Para os cristãos, o Batismo é o início de uma história de fé. Por fé, nada mais adequado que a definição do autor da Carta aos Hebreus: “É um modo de já possuir aquilo que se espera; é um meio de se conhecer as realidades que não se vêem” (11,1). No Batismo das crianças, por exemplo, essas são batizadas in fide Ecclesiae (na fé da Igreja), de modo antecipatório. Nesse caso, a comunicação de Deus opera como graça preveniente, onde a confissão de fé é feita, representativamente, por pais e padrinhos.

O Batismo incorpora o fiel a Cristo e o torna membro da Igreja. Por isso ele participa – como vimos – a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, “[...] e a exerce em sua condição específica no coração do mundo e no coração da Igreja. Ele está comprometido com a construção do Reino, em sua dimensão temporal” (LG 4).

Embora se fale de muitos efeitos do Batismo, na verdade, teologicamente, só há um, e os outros são conseqüências dele. O efeito do Batismo é a justificação (cf. At 2,38), que é a geração para a vida divina e infusão, na pessoa, da graça santificante e das virtudes teologais e morais. A justificação incorpora o homem a Cristo. Por ele despoja-se do homem velho (morte, pecado) e reveste-se do homem novo (vida, graça, ressurreição), semelhante a Cristo (cf. Ef 4, 22ss; Cl 3,10). A liturgia batismal é riquíssima em significados. Seus principais gestos são,

• a água: símbolo da vida, da limpeza;

• a vela: simboliza o Cristo (A Luz do Mundo), a fé, e a missão

(Vocêssão a luz do mundo!) ;

• a veste branca: representa a graça, o revestir-se da roupa

do homem novo, dos méritos e do poder de Cristo;

• a unção com o óleo: a cura e a fortaleza ( ungiam,

massageavam atletas e lutadores antes de entrarem nos

estádios);

Não basta ao homem nascer do homem (vida biológica). É preciso também nascer de Deus (vida espiritual). É pena que no Brasil, hoje em dia, o Batismo, às vezes deixa de ser um ato de fé para tornar-se algo incluso na simbólica social, para não dizer pagã. Para muitos, o batismo – ao invés de um dom a ser cultivado por toda a vida – é uma festa de apenas um dia. Os descaminhos existentes na sociedade humana é fruto do desleixo das famílias com a vivência batismal.

Também chamado de banho de regeneração e de renovação no Espírito Santo, o Batismo significa e realiza esse “nascimento”, sem o qual não há nem vida nem Reino. Sua característica libertadora (liberta do pecado) vem tipificada na libertação do Egito, na passagem do mar.

“Ó Deus, que fizeste passar a pé enxuto pelo Mar Vermelho

aos filhos de Abraão, para que o povo libertado da escravidão

do faraó fosse imagem da família dos batizados”

(do Missal Romano).

O Batismo é um sacramento que, como os demais, exige o pressuposto da fé (cf. Mc 16,16). A fé se vive na Igreja-comunidade, na assembléia dos que crêem. A fé, como as demais virtudes teologais infusas no Batismo, precisa ser constantemente ajudada, alimentada, cuidada. A fé é como uma flor, uma planta frágil que precisa de constantes cuidados. A fé batismal não é uma fé adulta, perfeita, madura, mas um começo. Ela precisa desenvolver-se. No Batismo das crianças é perguntado aos pais e padrinhos: “O que vocês pedem à Igreja de Cristo?” A resposta deve ser “A fé!”. A fé é um dom transmitido pelo batismo.

Todos os sacramentos possuem os seguintes sinais sacramentais: matéria, forma, ministro, efeitos e gesto. No Batismo, especificamente:

• matéria : a água e o óleo; não se usa mais o sal;

• forma : “Eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito

Santo

• ministro: o padre(ordinário); diáconos ou leigos

(extraordinários);

• efeitos: a graça (a justificação), a comunhão trinitária e

comunitária;

• gestos: o sinal da cruz e a imposição das mãos.

Vamos agora entrar no assunto do Batismo das crianças propriamente dito. Nos diversos “cursos de batismo” que animei por esse Brasil afora, escutei muitas questões, algumas pertinentes e outras revelando que o interlocutor queria escapar pela tangente.

O batismo das crianças é um dos mais importantes atos do cristianismo, desde os primeiros séculos da Igreja. Batizar é como matricular, assinar ficha, inscrever-se. É pelo batismo que agregamos à vida biológica aquela porção tão rica que se chama “vida espiritual”. O batismo é responsável por um “nascer de novo”.

Os que desconhecem a riqueza dessa etapa, em geral questionam: Por que batizar crianças? Por que não esperar que ela escolha, ao atingir a idade da razão, se quer ser batizada? Batizá-la em criancinha, não seria uma violação de seus direitos? Estas são as perguntas que volta-e-meia se escuta por aí. E é de perguntar: mas não dão comida? Por que não esperam para ver se ela quer comer? Não dão vacinas? A vacina dói! Por que não a consultam antes? Por que põem roupas? Será que é aquela roupa que ela quer? E o nome? Foi escolhido pela criança? E aquela camiseta do Grêmio, do Flamengo, do Palmeiras ou do Cruzeiro que lhe vestiram, com poucos dias de vida? Será que aquele vai ser seu clube?

Não serão, sob a mesma ótica, todos esses atos praticados pelos pais, uma violação dos direitos da criança? Não, dirá a mãe, mas roupa, alimento, vacina, nome, isso é necessário! Certo! Assim como estas coisas materiais são importantes, o Batismo, por gerar vida no Espírito, também é necessário!

A criança tem direito à vida, biológica e espiritual. Negar-lhe o Batismo é mesmo que abortá-la. É um aborto espiritual. É preciso que os pais vejam a criança em um contexto familiar e comunitário. No início de sua vida ela depende de uma série de atos, aos quais tem direito, mas ainda não pode praticá-los sozinha. Eles são úteis, necessários e importantes. Ela tem direito à vida, ampla e abundante, e a tudo que é necessário para a normalidade dessa vida. Conferindo o Batismo às crianças, não se viola a liberdade destas, assim como não se contraria a liberdade se os pais aceitam, em seu nome, uma herança que um parente generoso quis deixar-lhe.

O Batismo, como sacramento da iniciação insere a criança na Igreja e na vida dos demais sacramentos. Trata-se de uma atitude preventiva contra o pecado, a que todos estão sujeitos. Para quê dar vacina a uma criança sã? É para deixá-la imunizada contra aquele mal. A pessoa só vai poder receber os demais sacramentos (Crisma, Penitência, Eucaristia, Matrimônio, Unção dos enfermos) se houver recebido o batismo. Quando um doente baixa o hospital, a primeira coisa que os médicos fazem é colocá-lo no soro, para “pegar” a veia e deixá-lo apto a receber por ali os demais medicamentos.

Assim sucede com relação ao Batismo. A negativa ou retração, na verdade, não se trata de ponto de vista ou convicção dos pais, mas, em geral, preguiça, medo de assumir um compromisso ou até desconhecimento do real valor do Batismo. Referindo-se às crianças há uma passagem emblemática. É aquela em que as crianças queriam ver Jesus, tocá-lo e ouvir sua voz, e foram afastados pelo excesso de zelo dos apóstolos. Jesus, porém, disse:

“Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir a mim, porque

o Reino do Céu pertence a elas.” (Mt 19,14).

Esse deixar as crianças virem a mim, não se refere somente àquele momento na Palestina, mas à responsabilidade de todos em não impedir que elas se aproximem de Jesus, especialmente na vida da fé e da graça, que ocorre a partir do Batismo. Há outras questões levantadas por familiares, que chegam a ser risíveis:

• Por que a Igreja obriga os pais a batizarem as crianças?

Em primeiro lugar, a Igreja não obriga ninguém a batizar seus filhos. Trata-se de uma opção, e como tal voluntária. As pessoas, em geral, têm um respeito que chega às raias do temor a respeito do batismo, mas que, por preguiça ou mera contestação enseja essas questões. Embora a Igreja não force ninguém, no fundo as famílias, seja por tradição ou resquícios de fé, se sentem “obrigadas” a batizar. A Igreja não vai à casa de ninguém para buscar os batizandos; é a família que voluntariamente vem à Igreja pedir o batismo.

• O que acontece com a criança que não for batizada?

Com a criança não acontece nada, pelo menos nos primeiros anos da infância. E depois? Se ela, por não viver na família aquela vivência moral que só o sacramento outorga, quem vai se responsabilizar? É compromisso moral dos pais cristãos batizar seus filhos. Se houver perdas ou descaminhos espirituais, a responsabilidade é deles.

Na Igreja Católica existem quatro tipos de Batismo:

1. comum ou convencional

É o mais conhecido, o tradicional; o Batismo litúrgico,

através da água e de rito próprio;

2. de desejo

É feito quando o catecúmeno (aquele que vai se batizar) ou

a comunidade (família) expressa o desejo de fazer o

Batismo. No caso do falecimento da pessoa, ela foi batizada

in voto, e está ordenada á Igreja, pelo desejo de salvação

da comunidade (LG 16);

3. de sangue

Acontecia mais nos primórdios da Igreja: alguém (adulto)

sofria martírio por causa de sua fé, antes do Batismo; sua

morte (seu sangue) funcionavam como rito batismal;

4. de emergência

Em caso de perigo de vida, antes do Batismo – qualquer

pessoa batizada – pode batizar; basta derramar um pouco

de água na cabeça da criança, e dizer: “Eu te batizo, em

nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, traçando o sinal

da cruz na testa da criança. Se a criança morrer, já está

batizada. Se sobreviver, deverá receber, oportunamente, o

Batismo comum.

É interessante lembrar que a criança deve ser batizada na paróquia/comunidade onde a família vive. Não é recomendável batizar nessa ou naquela igreja apenas porque o templo é mais bonito, ou porque o padre fala melhor, ou outros motivos, em geral fúteis.

A festa do Batismo é um ato religioso. Não se deve transformar o batizado dos filhos numa festa pagã. A preparação é indispensável. Antes do nascimento os pais preparam tudo: escolhem o nome, preparam o quarto, o enxoval, escolhem os padrinhos. Não querem estar desprevenidos quando a criança chegar... Nessa perspectiva, por que não preparam o Batismo também com antecedência? Pais e padrinhos podem participar de “encontros preparatórios” mesmo antes da criança nascer.

Por último, algumas coisas sobre os padrinhos. Estes são aqueles que, junto com os pais, testemunham a fé cristã junto à criança. Dão um aval de fé. Devem ser pessoas responsáveis (nem muito jovens nem muito idosos), conscientes, de vida regular (sem maus antecedentes, amasiados, ateus ou de práticas sexuais duvidosas). Devem ser católicos, praticantes, pertencentes, preferencialmente a uma comunidade. Evitar interesses, conveniências...

É interessante notar que batizamos nossos filhos e afilhados, para que eles recebam o manancial de graças que o Senhor derramada sobre as pessoas, através do Sacramento. Pelo Batismo nossos filhos tornam-se “cristãos”, irmãos de Cristo, membros de sua Igreja e participantes de seu sacerdócio. No momento da “Infusão da Água”, o Espírito Santo desce sobre o batizando, perdoando os seus pecados cometidos até aquele dia (caso do Batismo de Adultos), neutraliza o efeito nefasto do Primeiro Pecado (cometido pelos nossos primeiros Pais) também chamado de Pecado Original, coloca no coração do batizando a semente da Fé que ele deverá ter em Jesus e na Santíssima Trindade (que nos inventou e criou), concedendo as três Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade (Amor), além do Caráter Sacramental de “Filho de Deus”.

Por todas essas razões, devemos ter pressa em Batizar os nossos filhos, para que eles recebam estas preciosas graças que o Senhor nos concede através do Sacramento.

Alguns subsídios bíblicos sobre o sacramento do Batismo

AT: Gn 6-9; Ex 14; Sl 51,9.12s; Ez 36, 24-28;

NT: Mt 3,13-17; 28,19; Mc 1, 4-8; 16,16; At 16, 30s;

1Cor 10,1s; 6,17; 1Pd 3,20s.

Galvão é Biblista e Doutor em Teologia Moral. autor, entre outras obras, de “Eu te batizo” (Ed.IGL, 1981) e “Sacramentos: Sinais do amor de Deus” (Ed. Vozes, 2ª. edição). Trabalhou por muitos anos na Pastoral do Batismo, na Paraíba e no Rio Grande do Sul.