Impaciência
IMPACIÊNCIA
Conta uma antiga fábula grega que um dia um homem resolver pedir a Deus duas coisas simples: uma flor e uma borboleta. Ele tinha flores em seu jardim e as borboletas vinham constantemente beijá-las, mas ele queria algo melhor, alguma coisa que só o senso divino de beleza pudesse produzir.
Deus, no entanto, lhe deu um cactos e uma lagarta presa nele. Que decepção! O homem ficou muito contrariado, e ficou se perguntando por que Deus não o havia atendido, já que fizera o pedido de uma coisa tão simples. Depois ele mesmo passou a se consolar. De certo haveria muitas pessoas a atender, com pedidos mais sérios e coisas mais importantes, e resolveu parar de questionar. Colocou o cactos num galpão, no fundo do quintal, e nem deu bola para a lagarta.
Na vida nós somos bem assim. Se ganhamos alguma coisa, um presente ou mesmo um dom qualquer, se não é coisa do nosso agrado, jogamos fora, colocamos no “galpão dos fundos”, esquecemos, desprezamos. Funcionalistas, só aprovamos aquilo que veio ao encontro de nossos desejos.
Depois de algum tempo, o homem entrou no galpão e se lembrou do cactos feio e espinhento que havia ganhado, e da repugnante lagarta que viera presa nele. Para sua surpresa, da planta sem graça havia nascido a flor mais linda que ele já tinha visto em sua vida. Da horrível lagarta, feia e gosmenta nasceu uma borboleta lindíssima, com asas aveludadas, com a textura que artista nenhum poderia criar. Ele se surpreendeu e chorou arrependido de sua impaciência e do juízo antecipado que havia emitido.
É comum nos dias de hoje as pessoas quererem antecipar as coisas, “queimando etapas”, apressadas e impacientes, esperando que Deus resolva seus problemas e atenda seus pedidos (por mais inadequados que sejam) com a rapidez que eles imaginam importante. Deus não atua assim...
Ele sempre faz as coisas do seu jeito, e atende a todos da melhor maneira, ainda que, aos nossos olhos, pareça que não é este o caminho. Quando a gente pede alguma coisa a Deus e recebe outra, a solução é confiar, esperar e ter paciência. No seu tempo ele vai fazer o melhor. Se não recebemos é porque não sabemos pedir. O jeito é orar e ter confiança que no tempo adequado ele vai nos dar muito mais do que pedimos, da forma completa e adequada. Até a doença deve ser suportada com paciência, pois dela pode vir coisas boas... Deus sempre nos dá coisas que precisamos, além das nossas expectativas.
Se ainda não ganhamos, é porque o tempo ainda não está completo. Ele vai dar, nem sempre o que pedimos, mas o que necessitamos. Quase ao final, o autor se refere a kairós, uma palavra grega que exprime um tempo oportuno, quando Deus faz o que tem que ser feito.
Deus nunca falha em nos atender. Siga adiante. É preciso ter paciência, sem duvidar e sem reclamar. A fábula termina dizendo que o espinho de hoje será a flor amanhã.