POLÍCIA MATA CRIANÇA.
"A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota" .
Jean-Paul Sartre
Nestes os últimos dias estamos vivendo a síndrome Bruno e Eliza Samudio, sua namorada. Estranho que seis pessoas ocuparam duas suítes de um Motel e trocavam de suíte constantemente, inclusive Bruno, que pagou a conta. Possivelmente mais um dado para investigação da Polícia, pois ali foram encontradas fraldas no local,sinal que a criança estava ali também, o que seria total inversão de valores.
Mas hoje não trato do Bruno e seus asseclas e sim de Wesley Gilbert Rodrigues de Andrade, de 11 anos, estudante do Centro Integrado de Educação Pública - CIEP Rubens Gomes, em Costa Barros. Primeiro vamos nos localizar. Costa Barros é considerada o segundo bairro mais pobre do Rio e está entre os mais violentos da cidade. Só para corroborar com isto posso esclarecer que, há pouco mais de um ano, errei o caminho e de carro cheguei próximo à entrada de Costa Barros e fui interceptado por um senhor que me perguntou?
Onde vai amigo?
-Respondi quero chegar à Av.Brasil.
Ele respondeu:
- volte, entre na segunda à esquerda, não vá em frente ou o senhor não volta mais e acaba morto.
Voltei, mas tive a oportunidade de ver rapazes andando armados à luz do dia e com armamento pesado, vendendo drogas na beira da calçada, sem que ninguém os importunassem.
Neste complexo de Costa Barros, vivem cerca de 26.000 pessoas em cerca de 7.200 domicílios. O bairro se caracteriza pela existência de grandes conjuntos habitacionais e de favelas como as do Chapadão e Lagartixa, além da famosa Fazenda Botafogo. No entanto, o que marca o bairro é a violência.
Este CIEP está localizado em local disputado por diversas facções criminosas, a polícia quando entra na Comunidade, quase sempre entra descaracterizada e usando sua Blazer branca, que o povo apelida jocosamente de “Carro da Linguiça”, pois normalmente ali levam o produto de seu trabalho.
Dia 15, quinta-feira, por volta de 9:30, Wesley e outros 30 estudantes, com idade entre 10 e 12 anos, assistiam uma aula de matemática na turma 1.502, quando o menino foi atingido no peito por um tiro durante confronto entre policiais e traficantes. Os policiais pertencem ao 9º BPM (Rocha Miranda) e traficantes da Pedreira e Quitanda.
Segundo testemunhas, policiais à paisana, (sem uniforme), da Polícia Militar teriam atravessado a passarela sobre a via férrea em frente ao CIEP, atirando para baixo de forma aleatória.
Wesley estava sentado próximo à janela localizada a menos de 200 metros do morro. Ao iniciarem a troca de tiros entre policiais e traficantes, a professora já acostumada a este tipo de acontecimento, ordenou que todos deitassem no chão. Exatamente neste momento o menino caiu já ferido entre as outras crianças, tendo na mão o lápis com que escrevia.
O menino foi levado em carro particular ao Hospital Carlos Chagas, mas já deu entrada morto. A confirmação da morte deixou em estado de choque crianças e professores, sendo que a diretora do Ciep teve um problema cardíaco, tendo que ser atendida na urgência do Hospital.
Moradores e pais de alunos acusam os policiais de chegarem à comunidade atirando. Diz uma moradora, que estava voltando depois de levar a filha para escola, viu um grupo de homens vestidos com camisas pretas. Todos armados com fuzis e atiravam, fazendo-a pensar que fosse invasão por um grupo rival, quando viu patrulhas do outro lado da rua e alguns carros estacionados (possivelmente carros descaracterizados, onde atuam os famosos P2, (Policiais do Serviço Reservado. Eles atiravam do alto da passarela, não se importando com quem atravessasse a rua ou com as crianças que estudavam logo em frente à passarela, onde ficam as janelas das salas voltadas para o morro.
O enterro foi realizado hoje, dia 17, às 11.00 horas no Cemitério de Irajá, (na foto).
Este CIEP é uma das 150 escolas, que se encontram em área de risco e que recebem reforço escolar face ao baixo índice de aprendizagem. A Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro anunciou, que na próxima segunda-feira uma equipe do Programa Interdisciplinar estará na Escola para acompanhar os alunos. Esta equipe é composta por Psicólogos e assistentes sociais.
Equipes da Divisão de Homicídios recolheram projéteis de calibre 7,62 que é usado no FAL (Fuzil Automático Leve), arma do Exército, que é utilizada pela PM. Os fuzis foram recolhidos para exame balístico.
O Comandante da PM em um ato protocolar exonerou o Comandante do 9° BPM (Rocha Miranda), que era a unidade responsável pela operação. Lembro que há menos de três meses, o mesmo comandante foi afastado do 6° BPM (Tijuca) depois de uma declaração irônica sobre as comunidades do Morro da Formiga.
De que adianta gastar 750 milhões no Maracanã; 50 bilhões no trem Bala que vai ligar o Rio a São Paulo; 6 bilhões para recuperar aeroporto dentre outros gastos para Copa do Mundo de 2014, sendo que dia 19 será assinada uma Medida Provisória tornando as obras da Copa como de urgência, ou seja, com licitação sumária? Será o paraíso das construtoras e políticos.
Se nossas comunidades são tratadas desta forma, como se marginais fossem todos que moram lá, se uma criança morre de forma estúpida,uma outra perde avista por tiro na semana anterior, se um cidadão é morto porque confundiram uma furadeira com uma arma dentre outros acidentes fatídicos, deixo no ar a pergunta o que será de nós amanhã?
Termino com uma frase de Gandhi:
“A não-violência nunca deve ser usada como um escudo para a covardia. Ela é uma arma para os bravos”.
"A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota" .
Jean-Paul Sartre
Nestes os últimos dias estamos vivendo a síndrome Bruno e Eliza Samudio, sua namorada. Estranho que seis pessoas ocuparam duas suítes de um Motel e trocavam de suíte constantemente, inclusive Bruno, que pagou a conta. Possivelmente mais um dado para investigação da Polícia, pois ali foram encontradas fraldas no local,sinal que a criança estava ali também, o que seria total inversão de valores.
Mas hoje não trato do Bruno e seus asseclas e sim de Wesley Gilbert Rodrigues de Andrade, de 11 anos, estudante do Centro Integrado de Educação Pública - CIEP Rubens Gomes, em Costa Barros. Primeiro vamos nos localizar. Costa Barros é considerada o segundo bairro mais pobre do Rio e está entre os mais violentos da cidade. Só para corroborar com isto posso esclarecer que, há pouco mais de um ano, errei o caminho e de carro cheguei próximo à entrada de Costa Barros e fui interceptado por um senhor que me perguntou?
Onde vai amigo?
-Respondi quero chegar à Av.Brasil.
Ele respondeu:
- volte, entre na segunda à esquerda, não vá em frente ou o senhor não volta mais e acaba morto.
Voltei, mas tive a oportunidade de ver rapazes andando armados à luz do dia e com armamento pesado, vendendo drogas na beira da calçada, sem que ninguém os importunassem.
Neste complexo de Costa Barros, vivem cerca de 26.000 pessoas em cerca de 7.200 domicílios. O bairro se caracteriza pela existência de grandes conjuntos habitacionais e de favelas como as do Chapadão e Lagartixa, além da famosa Fazenda Botafogo. No entanto, o que marca o bairro é a violência.
Este CIEP está localizado em local disputado por diversas facções criminosas, a polícia quando entra na Comunidade, quase sempre entra descaracterizada e usando sua Blazer branca, que o povo apelida jocosamente de “Carro da Linguiça”, pois normalmente ali levam o produto de seu trabalho.
Dia 15, quinta-feira, por volta de 9:30, Wesley e outros 30 estudantes, com idade entre 10 e 12 anos, assistiam uma aula de matemática na turma 1.502, quando o menino foi atingido no peito por um tiro durante confronto entre policiais e traficantes. Os policiais pertencem ao 9º BPM (Rocha Miranda) e traficantes da Pedreira e Quitanda.
Segundo testemunhas, policiais à paisana, (sem uniforme), da Polícia Militar teriam atravessado a passarela sobre a via férrea em frente ao CIEP, atirando para baixo de forma aleatória.
Wesley estava sentado próximo à janela localizada a menos de 200 metros do morro. Ao iniciarem a troca de tiros entre policiais e traficantes, a professora já acostumada a este tipo de acontecimento, ordenou que todos deitassem no chão. Exatamente neste momento o menino caiu já ferido entre as outras crianças, tendo na mão o lápis com que escrevia.
O menino foi levado em carro particular ao Hospital Carlos Chagas, mas já deu entrada morto. A confirmação da morte deixou em estado de choque crianças e professores, sendo que a diretora do Ciep teve um problema cardíaco, tendo que ser atendida na urgência do Hospital.
Moradores e pais de alunos acusam os policiais de chegarem à comunidade atirando. Diz uma moradora, que estava voltando depois de levar a filha para escola, viu um grupo de homens vestidos com camisas pretas. Todos armados com fuzis e atiravam, fazendo-a pensar que fosse invasão por um grupo rival, quando viu patrulhas do outro lado da rua e alguns carros estacionados (possivelmente carros descaracterizados, onde atuam os famosos P2, (Policiais do Serviço Reservado. Eles atiravam do alto da passarela, não se importando com quem atravessasse a rua ou com as crianças que estudavam logo em frente à passarela, onde ficam as janelas das salas voltadas para o morro.
O enterro foi realizado hoje, dia 17, às 11.00 horas no Cemitério de Irajá, (na foto).
Este CIEP é uma das 150 escolas, que se encontram em área de risco e que recebem reforço escolar face ao baixo índice de aprendizagem. A Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro anunciou, que na próxima segunda-feira uma equipe do Programa Interdisciplinar estará na Escola para acompanhar os alunos. Esta equipe é composta por Psicólogos e assistentes sociais.
Equipes da Divisão de Homicídios recolheram projéteis de calibre 7,62 que é usado no FAL (Fuzil Automático Leve), arma do Exército, que é utilizada pela PM. Os fuzis foram recolhidos para exame balístico.
O Comandante da PM em um ato protocolar exonerou o Comandante do 9° BPM (Rocha Miranda), que era a unidade responsável pela operação. Lembro que há menos de três meses, o mesmo comandante foi afastado do 6° BPM (Tijuca) depois de uma declaração irônica sobre as comunidades do Morro da Formiga.
De que adianta gastar 750 milhões no Maracanã; 50 bilhões no trem Bala que vai ligar o Rio a São Paulo; 6 bilhões para recuperar aeroporto dentre outros gastos para Copa do Mundo de 2014, sendo que dia 19 será assinada uma Medida Provisória tornando as obras da Copa como de urgência, ou seja, com licitação sumária? Será o paraíso das construtoras e políticos.
Se nossas comunidades são tratadas desta forma, como se marginais fossem todos que moram lá, se uma criança morre de forma estúpida,uma outra perde avista por tiro na semana anterior, se um cidadão é morto porque confundiram uma furadeira com uma arma dentre outros acidentes fatídicos, deixo no ar a pergunta o que será de nós amanhã?
Termino com uma frase de Gandhi:
“A não-violência nunca deve ser usada como um escudo para a covardia. Ela é uma arma para os bravos”.