PROFESSOR - UM SER REVOLUCIONÁRIO OU NÃO?
Estudando um pouco as palavras do léxico, a palavra ‘revolucionário’ deveria ser presente em todo os seres, mas principalmente nos profissionais da Educação, por excelência naqueles que trabalham nas salas de aulas, os professores.
Segundo o Mini Dicionário Aurélio, a palavra revolucionário é um adjetivo, e significa: 1- Relativo a, ou próprio de, ou que é adepto de revolução. 2- Aquele que prega, lidera ou toma parte em revolução ou revoluções. Partindo destes significados, não seria o professor – por excelência – um revolucionário?
Por que não ser?
Usando-a no sentido mais amplo possível, uma revolução busca sempre melhorias a determinados grupos de pessoas – embora também deixa atrás de si o seu lado negativo – mas não deixa de preocupar ambos os lados: quem ganha e quem perde.
No caso do profissional da educação, em especial o professor, não é diferente. A preocupação ainda é maior: tem-se em mãos um ser que está em formação – e, se mal formado, carregar-se-á pela vida toda aquela formação. Há um antigo ditado popular que diz: ‘dobra-se enquanto é verde, enquanto é novo’ – molda-se a criança enquanto é nova, depois de certo amadurecimento é mais difícil. Nas mãos deste profissional passa a vida de todos os seres – ainda mais quando se quer erradicar o analfabetismo. Então, por que não valorizá-lo? Ou, por que não o deixar ser revolucionário?
As idéias do professor (exceto algumas idéias) deveriam ser e ter maior valor perante os dirigentes da Educação. Através dos Sistemas de Educação implantados nas Escolas, nota-se que grande parte destes que lá estão não estão vivenciando o dia-a-dia escolar (e por isso delegam poderes, mas não os comprovam na eficácia do dia-a-dia). Então, o que fazer?
O que fazer? É uma pergunta que perdura muitos séculos..., mas sabemos que muitos na intenção de melhorias implantam Sistemas e mais Sistemas na busca de saídas (alguns Sistemas sem continuidade); então, mas por que não deixar o professor ser revolucionário?
Ser revolucionário não é ir contra os argumentos lançados por algum Sistema de Educação – seja de um país ou de um estado –, mas ir contra o que não acha certo. Dentro dos parâmetros legais (como no Brasil – os Parâmetros Curriculares Nacionais) buscar alternativas que venham satisfazer o educando e a si mesmo. Ser revolucionário na educação é buscar dar de si o melhor para alcançar objetivos que satisfaçam as necessidades do momento.
Tem que ser lembrado que não há ‘cartilha’ para ser um bom professor, ou ainda, não há regras de como ser professor. Ser professor se concretiza na prática, na sala de aula. Um exemplo claro disto aconteceu comigo: saí da faculdade sem nada de experiência em sala de aula. Sofri nas primeiras aulas, mas aprendi, e estou aprendendo – pois o meu maior desejo era ser professor. E consigo ser PROFESSOR! E um professor revolucionário!
A exemplificar, o professor que deseja ser revolucionário deve começar com uma ‘sala de aula diferente’, com uma ‘aula diferente’ – até tornar o espírito realmente revolucionário – até conclamar o povo, os seus alunos, à guerra! A guerra contra o mau sistema (no caso de interpretá-lo assim), contra o mau profissional, contra as pressões superiores e seus argumentos nada convencionais, contra a “miséria educacional”. Pelo lado do aluno: faça valer a sua participação (sua ação natural de adolescente), critique, faça parte do grêmio, do Conselho de Escola (onde pode observar que poucas escolas funcionam como deveria – pois muitas só existem no papel, mas o diretor dá a palavra final), defenda a sua opinião.
Observando todos esses princípios, não devemos nunca cruzar os braços. Nunca cruze os braços: você é um revolucionário (o revolucionário só cruza os braços quando lhe vestem o paletó de madeira!). Sempre o revolucionário deve buscar novas saídas, caso contrário, será derrotado.
Lembre-se que o professor encontrará o resultado do seu trabalho daqui a alguns anos: quando você entrar num hospital, num consultório dentário, nas lojas do comércio ou em qualquer lugar e dar de frente com o ‘fulano’: este foi meu aluno – talvez ele nem se lembre mais, mas lá no fundo você sabe o que você fez de digno para aquela pessoa enquanto cumpria a sua função de educador.
Concluindo, muitas vezes temos alunos que chegam a dizer que somos ‘espinhos nos pés deles’, mas vê-se o resultado quando muitos alunos chegam com resultados extras – como excelentes notas no ENEM (no caso do Brasil), ou quando mostram que passaram em boas faculdades – e, logo acrescentam: “Valeu o senhor (a) pegar no meu pé!” E lá no fundo nós concluímos que estamos cumprindo o dever, somos bons profissionais – alguns são revolucionários sem saber.
Fechando este artigo, quando se trabalha com jovem, o que eles menos querem é ser professor, pois sabem bem lá no fundo que é um trabalho sofrido, mal remunerado, mas estou mui feliz porque na arte de ser professor já consegui – através do trabalho diferenciado que faço em sala de aula – conduzir alguns jovens a ser professor: uma já está formada e trabalhando (professora de Português) e em 2004 mais duas jovens passaram no Vestibular para o Curso de Letras – Português. Quando fiquei sabendo disto – e ainda mais incentivadas pelo meu trabalho, senti-me um ser revolucionário, um profissional revolucionário. É gratificante!