A Fome na “Copa” do Mundo - Realidade da Desigualdade Social
“Seria cômico se não fosse trágico.”, estamos em ritmo de copa do mundo e um dia alguém disse: “unidos numa corrente pra frente!” Pra frente? Sim, vamos torcer para que o nosso país seja campeão, que tragam a taça de ouro, que seja o hexa para o Brasil, mas e depois? Podemos perceber que todas as classes sociais se unem num mesmo objetivo: “Torcer pelo seu país!”. Com um olhar mais crítico, se pergunta: Quais são os benefícios que os países irão obter com os bilhões gastos para mandarem seus jogadores para a copa e onde serão aplicados? Quanto foi gasto pela África para sediar esses jogos? Logo um país onde o índice de mortalidade por desnutrição e fome é absurdo. É inacreditável que até mesmo eles que sofrem com a desigualdade social de forma gritante, se conformem com isso. E ainda dizem que a felicidade por estar vivendo esse momento futebolístico é muito gratificante que os fazem “esquecer” suas carências. Os benefícios trazidos pela felicidade são maiores que os que o dinheiro possa trazer. Curioso isso! De certa forma, há uma coerência. A felicidade é de cada um e ninguém tira, como também, a miséria. Como não se sabe onde serão aplicados os valores arrecadados nessa copa, pelo menos existiu a“felicidade”.
(Na África do Sul, população recepciona seleção brasileira. O autor do livro Soccernomics afirma que o benefício de sediar uma Copa é felicidade dos habitantes e não dinheiro. Simon Kuper)
Deixo claro que não sou contra ao futebol ou a qualquer esporte que se pratique, muito pelo contrário o esporte é algo imprescindível à saúde do corpo e da mente, mas tendo em vista tantas misérias por esse mundo, essa “corrente pra frente” soa fora do tom.
Foi estabelecido pela Conferência Mundial sobre Alimentação, as Nações Unidas, em 1974, que todo homem, mulher, criança, tem o direito inalienável de ser livre da fome e da desnutrição.... Portanto, a comunidade internacional deveria ter como maior objetivo a segurança alimentar, isto é, “o acesso, sempre, por parte de todos, a alimento suficiente para uma vida sadia e ativa”. “E isso quer dizer:
acesso ao alimento: é condição necessária, mas ainda não suficiente; sempre: e não só em certos momentos;
por parte de todos: não bastam que os dados estatísticos sejam satisfatórios”. É necessário que todos possam ter essa segurança de acesso aos alimentos;
alimento para uma vida sadia e ativa: é importante que o alimento seja suficiente tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo. “Os dados que possuímos dizem que estamos ainda muito longe dessa situação de segurança alimentar para todos os habitantes do planeta.”
Hoje, enquanto uns gritam gol, outros gritam por um pedaço de pão e por uma vida digna. E pensar que um dia, as comunidades viveram unidas como nos diz São Lucas em Atos dos Apóstolos 2, 44-47: “Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. Diariamente, todos juntos frenquentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação”.
Vivemos uma realidade muito diferente, e em sua essência está o egoísmo, onde o rico quer ter mais e o pobre acaba por sofrer as conseqüências. Como é doloroso ver um ser humano como nós, retirar restos de comida da lata de lixo pra se alimentar. Como é triste saber que enquanto lotam estádios para assistir os jogos da copa, um número considerável de pessoas morre de fome! Lutam por sediar um evento mundial, mas acabam por esquecer que a fome mata e é uma trágica realidade.
Então, porque não formar uma “corrente pra frente” para acabar com a desigualdade social que leva a miséria humana? E isso não será utopia!
(Em 2020, uma a cada quatro criança será SUBNUTRIDA)